Turismo de negócios: com Centro de Convenções, Salvador espera recuperar posição

Hoje, capital baiana ocupa 6º lugar no ranking do turismo de eventos no Brasil; meta é voltar à 3ª posição

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Secom PMS

Em uma cidade conhecida internacionalmente como destino turístico, principalmente por suas belezas naturais, um outro tipo de turista está sendo esperado. Com a inauguração do novo Centro de Convenções de Salvador, no próximo domingo (26), a expectativa é que o turismo de negócios cresça e aqueça a economia da cidade. 

Viagens a negócio são o terceiro principal motivo da visita de turistas estrangeiros ao Brasil e a razão principal das viagens de 60% dos passageiros em voos domésticos e internacionais, segundo a União Brasileira dos Promotores Feiras (Ubrafe). Conforme o Ministério do Turismo, o turista de negócios gasta três vezes mais do que o de lazer.

Por isso, com a consolidação do novo equipamento, Salvador espera voltar a ser opção para o turismo de negócios. Em 2018, a capital baiana foi a 6ª colocada do país em eventos internacionais. Considerando somente as capitais, é a 4ª, junto com Florianópolis, em ranking montado pela Associação Internacional de Congressos e Convenções (Icca).

Os trabalhos estão sendo realizados para que a capital baiana volte a ocupar, nacionalmente, a 3ª posição, que ocupou em anos anteriores. 

Para o prefeito ACM Neto, o momento é bastante oportuno para que a mudança ocorra.“A cidade está preparada. Eu acho que o Centro de Convenções vem, neste momento, para coroar todo um trabalho de organização, planejamento e preparação que a cidade veio fazendo ao longo dos últimos anos”, diz. A expectativa é que o equipamento influencie na movimentação de R$ 500 milhões ao ano. A três dias da abertura para o grande público, mais de 50 eventos já estão previstos para o local podendo gerar, segundo estimativa da GL eventos, empresa que administra o Centro, 100 novos empregos diretos, além de, pelo menos, 2 mil temporários. 

“Não temos dúvidas de que os resultados na economia da cidade serão os melhores possíveis. Todos estão otimistas, desde os donos de hotéis, bares e restaurantes até o taxista, o comerciante informal”, afirma o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco.

Recuperação Para quem trabalha com turismo, a chegada do novo equipamento serve para recompor um prejuízo que Salvador sofreu desde que o antigo Centro de Convenções da Bahia fechou as portas, em 2015. O trade turístico estima o prejuízo em R$ 2 bilhões. Só na hotelaria, a perda foi de R$1,6 bilhão, de acordo com a Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FBHA). 

O fechamento do equipamento administrado pelo estado fez, segundo os profissionais da área, com que Salvador fosse perdendo força e a preferência como destino do turismo de eventos.“O turismo de negócios não é uma ação imediata, e sim a médio e longo prazo. Temos trabalhado bastante para que, em 2021, já tenhamos bons números nesse aspecto”, diz Roberto Duran, presidente da Salvador Destination.Quem também espera pela recuperação é a presidente do Conselho Baiano de Turismo, Ângela Carvalho. Ela conta que o setor sofreu com perda de postos de trabalho no período em que Salvador foi perdendo o prestígio no turismo de negócios. “Tivemos agências fechando, perda de postos de trabalho e esperamos resgatar isso. Vai ser um equipamento bom para toda cadeia do turismo”, acredita Carvalho que é, também, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem  (Abav-Ba).

Nos hotéis, que perderam 25 empreendimentos nos últimos anos, a expectativa é que, agora, a taxa de ocupação cresça em torno de 10% nos dois primeiros anos de funcionamento do novo Centro - e de 21% a 22% nos dois anos seguintes. O setor espera que, ainda em 2020, a taxa média de ocupação dos passe de 62% no ano para 68% e, em 2024, atinja 80%.

“É um equipamento fundamental que traz uma possibilidade de incremento de turismo de negócios em Salvador, que acaba influenciando também na estadia na cidade”, diz Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (Abih-BA).

Agenda Os hotéis são, inclusive, responsáveis por um dos primeiros eventos a fazer uso do novo espaço. O Conotel é um encontro nacional do setor que virá para Salvador no mês de maio.“A agenda do evento é feita com dois anos de antecedência então disputamos com outras cidades sediar o evento ainda em 2018. Mas já tínhamos a promessa e o sinal de que este ano o centro estaria pronto e ele foi fundamental para que o evento viesse para cá”, explica Luciano. Além do encontro de hotéis, outro grande evento que passa a acontecer no Centro é o Superbahia, encontro do setor do supermercado. “Este é um Centro com toda a estrutura para receber um evento do tamanho que é a Superbahia. Desde que o antigo centro fechou estamos precisando improvisar para realizar o evento. Com o novo Centro vamos poder inclusive dobrar a feira de tamanho”, explica Mauro Rocha, superintendente da Associação Bahiana de Supermercados, responsável pelo evento.

Nos últimos cinco anos, a Superbahia, que reúne fornecedores e comerciantes dos setores de supermercado, vinha acontecendo na Arena Fonte Nova. “A arena nos recebeu muito bem, mas é, primeiramente um campo de futebol, então tínhamos limitações por conta do tamanho da feira, as datas tinham que se adequar aos jogos”.

Na edição deste ano, que acontece de 14 a 16 de julho a expectativa é que o evento receba um público total de 15 mil pessoas. A Bienal do Livro também vai acontecer no equipamento.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier