Turista com manchas após banho de mar alega piora e tenta deixar hospital em Ilhéus

Informação é da Secretaria de Saúde local, que investiga causa de 'queimaduras'

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  • Fernanda Varela

Publicado em 6 de novembro de 2019 às 19:22

- Atualizado há um ano

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Foto: Acervo pessoal O turista mineiro Anderson Gabriel Palmela, 38 anos, que apresentou manchas nas costas após ter contato com petróleo cru em uma praia de Ilhéus, no Sul da Bahia, tentou deixar o Hospital do Cacau, onde está internado desde segunda-feira (4), mesmo sem ter recebido alta médica.

A informação é do secretário de Saúde do município, Geraldo Magela. Segundo ele, o paciente estava confuso e bastante agitado. "Ele evadiu do hospital, o encontrei na porta. Estava muito agitado, falando nada com nada. Vamos avaliar o que aconteceu e o que provocou esse comportamento", disse, sem saber se trata-se de uma situação de humor ou patológica.

Minutos antes, o CORREIO conversou com o próprio Anderson Gabriel por telefone. Ele falava frases conexas e alegou ter sofrido uma piora em seu estado de saúde.

"Meu quadro está piorando, eu estou inchando e vomitando. Não paro de vomitar, estou com pressão alta, meu organismo começou a reagir de outra forma. Eu tenho certeza que é por causa do óleo, do derivado do petróleo. Diferente do que falaram, meus exames não estão normais. Tem um que dá sempre alterado e, por isso, tenho que repetir várias vezes", disse.

Nesta quarta, Magela disse que os médicos trabalham com a hipótese de intoxicação por petróleo, mas que essa chance é muito pequena, cerca de 5%. O paciente, no entanto, garante que uma dermatologista que o examinou disse que a queimadura de primeiro grau que sofreu tem, sim, relação com a substância.

"Os próprios médicos falaram isso. Uma dermatologista me falou que meu quadro tem ligação com o derivado de petróleo, não tem hipótese de ser água-viva", completou, sem informar o nome da profissional.

Ao ser contestado sobre a versão do paciente, o secretário esclareceu. "Ele realmente teve episódios de vômito, logo quando voltou a se alimentar, o que é considerado normal. Em relação à declaração da dermatologista, conversei com os médicos e eles informaram que não disseram isso. Não dizem que tem relação, nem que não tem, porque ainda não é possível atestar".

Magela disse ainda que a secretaria fez um levantamento dos tipos de queimadura por petróleo que existem e nenhuma é compatível com a do mineiro.

O CORREIO aguarda um retorno de Magela para saber se o paciente deixará o hospital ou aceitará seguir internado. A reportagem também entrou em contato com a unidade hospitalar, que não soube informar se o paciente realmente tentou deixar o local sem alta médica.

Relembre o caso O empresário Anderson Gabriel foi internado na segunda-feira (4), quando apresentou sangue nas fezes. O mineiro deu entrada no Pronto Atendimento da Zona Sul de Ilhéus na tarde do último sábado (2), com queimaduras no corpo após tomar banho de mar na Praia dos Milionários, também localizada no litoral sul. Segundo Gleidson, o paciente relatou que sentiu o incômodo ainda no mar, “que estava limpo”.

Depois de ir para casa e tomar banho, o rapaz percebeu que os sintomas pioraram. “Meu corpo começou a coçar e queimar muito no mar. Quando cheguei em casa, no banho, a água ficou escura no chão e oleosa, mas na praia eu não vi óleo. À noite, quando voltei com o secretário de saúde para mostrar onde estava tomando banho, vimos fragmento de óleo na areia”, relatou Anderson, ao CORREIO.

O empresário mineiro, que está visitando o tio em Ilhéus, deu entrada no Pronto Atendimento por volta do meio-dia de sábado (2), com o corpo marcado por manchas e bolhas. Já na segunda-feira (4), o paciente apresentou quadro de náusea e disse que começaram a aparecer sangue em suas fezes.

Apesar das investigações, o coordenador da Vigilância de Saúde afirmou que não há como relacionar o caso com a presença de óleo nas praias do Nordeste. “A partir da notificação do caso dele, que foi isolado, a Vigilância investiga e alimenta o sistema. Além disso, liga para o Centro de Toxicologia para informar sobre o caso e faz o monitoramento do paciente pelo menos uma vez por dia”, explica Santana.

Desde a chegada do óleo em Ilhéus, na sexta-feira (25), outros dois casos foram registrados, sendo um de uma voluntária que se queixou de reações inalatórias, náusea, dor de cabeça e dor de estômago, e outro de um surfista, mas ambos foram atendidos e passam bem.

“Até agora a gente não sabe ao certo quais são os sintomas. O Estado da Bahia não trabalha com petróleo, então a gente não tem equipe especializada nessa área. Seria o caso de alguém da Petrobras informar a gente como conduzir a situação. Por enquanto, estamos seguindo as orientações da Sesab e do Ministério da Saúde”, afirma Santana. A Marinha e o Corpo de Bombeiros também estão dando apoio, junto com a prefeitura municipal de Ilhéus.