TV a cabo estreia série sobre diversidade da música brasileira

Brasil de Todos os Ritmos é exibida em dez episódios no Music Box Brasil

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  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 13:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: fotos divulgação

Com 8,5 milhões de quilômetros quadrados - o que o faz quinto maior país do mundo em extesão territorial - e 210 milhões de habitantes, o Brasil é marcado por uma encantadora diversidade cultural. E isso, claro, se reflete na música que se produz  aqui. Há quem aposte que vivemos na nação que tem o maior caldeirão musical do mundo, capaz de produzir ritmos tão diferentes entre si como o funk proibidão e a bossa nova.

A série Brasil de Todos os Ritmos, que estreia amanhã no Music Box Brazil, registra essa pluralidade cultural brasileira, que se reflete na nossa música. O músico baiano Luiz Brasil,  que já acompanhou Cássia Eller, Zizi Possi, e Caetano Veloso, entre outros, é o encarregado da apresentação da série, em dez episódios, sendo cada um dedicado a um ritmo regional. A exibição é às sextas-feiras, 22h. A plataforma Box Brazil Play, que repete a programação do canal a cabo ao vivo, também vai transmitir.

O episódio de estreia é dedicado ao baião, que marca a região Nordeste e ficou muito popular graças, principalmente, a Luiz Gonzaga (1912-1989). Luiz Brasil vai conversar com Carlos Malta e Pife Muderno (Carlos Malta, Bernardo Aguiar, Durval da Zabumba). O programa tem também a participação de Mestre Luiz Paixão (rabequeiro de Condado), Banda de Pife de São Sebastião, Dão do Pife (diretor da banda mestre e artesão de Pífanos), e outros. Uma música original, composta para a série, será apresentada: No Sertão de Luiz.

A Bahia, pelas suas peculiaridades musicais, ganha destaque em três capítulos, dedicados a samba reggae, chula e ijexá. Luiz ressalta que, como a Bahia é uma "terra de excelência" da percussão, ele montou uma gravação com Gabi Guedes, Giba Conceição e Du (Eduardo Josino). "Montei esse encontro para que eles pudessem permear os episódios relativos aos três ritmos. Só que lá, na hora, eles quiseram também tocar um pouco do maracatu. Esse material me ajudou bastante", revela o apresentador. 

O episódio do samba reggae tem a participação de Lazzo, que, à primeira vista, estranhou ter sido chamado para esse episódio, já que ele é mais do reggae. , "Mas daí descobrimos na entrevista a relação dele com esse ritmo, e foi uma delícia a entrevista. Toquei com ele, ele cantou e tocou meu violão também, foi uma pequena festa em casa", diz Luiz , que gravou o encontro na própria casa, no Rio de Janeiro.  Margareth Menezes, que está no mesmo episódio, foi entrevistada em Salvador, na casa dela. "Repassamos juntos a história do ritmo para o qual ela teve o primeiro fotograma gravado", diz Luiz, referindo-se ao fenômeno que Faraó, que ganhou uma versão especial para o programa, com a voz da Maga e o violão de Luiz.

Na ronda pelo país, o músico teve algumas surpresas, como a riqueza musical de Pernambuco, que o deixou "super impressionado". Na Bahia, também houve algo que o surpreendeu: "Nos 10 anos corridos que colaborei com o trabalho do Caetano Veloso, ouvi uma vez ele falar que o povo que batia as palmas mas no ritmo era o baiano. E era verdade, ainda mais aquelas palmas do samba de roda e do samba duro, que só na Bahia é desse jeito...". O Recôncavo Baiano é cenário do episódio dedicado à chula. Gilberto Gil participa cantando Expresso 2222, O Canto da Ema e Ilê Ayê.

Depois das andanças por diversos estados brasileiros, Luiz confirmou a originalidade musical brasileira. Quando questionado se há ritmos genuinamente brasileiros, "exclusivos" daqui, Luiz tem dúvidas: "Essa é uma pergunta bem difícil de ser respondida, a começar pela idéia que o Nordeste teve muita influencia da música árabe numa época bem remota. E hoje em dia com a globalização, estamos perdendo originalidade em muitas direções em todo o mundo. Mas certamente eu posso dizer que o Samba Reggae já foi eleito um ritmo basicamente baiano. Xaxado, xote, samba de coco, cavalo marinho, samba-de-roda, chula, marcha rancho, frevo e vários outros, eu apostaria na idéia de que são ritmos genuinamente nossos"