Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Do Estúdio
Publicado em 28 de julho de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
A evolução tecnológica segue a passos largos e intensifica, amplia e acelera processos em várias áreas, principalmente no comportamento dos indivíduos em sociedade. Há 20 ou 30 anos, se você me perguntasse qual a imagem de homem que o marketing queria passar, eu teria uma lista pronta de características tal qual uma receita de bolo: magro, branco, bonito e jovem. Havia um rigor de padrão.>
Mas tenho percebido que, assim como a maior oferta de ingredientes tem ampliado o cardápio das docerias, a imagem do homem nas campanhas está cada vez mais múltipla. Tentando se afastar de estereótipos, vem trazendo um reflexo da nossa sociedade, que, na minha opinião, amadureceu e começou a perceber as várias nuances não só do masculino, mas de todos enquanto indivíduos.>
Cada geração promove novas quebras paradigmas. O que começou a ser plantado lá atrás, nos anos 70 e 80 pela geração X, foi intensificado pelos millenials, que deram os primeiros passos concretos contra a desigualdade profissional e salarial entre homens e mulheres e valorizaram o empreendedorismo. Acredito que o aperfeiçoamento destas ideias e outras mudanças mais profundas ficarão a cargo da geração Z.>
Creio que o reflexo desse movimento contínuo pode ser visto no marketing, que hoje traz mais formas e cores. A percepção de que era preciso espelhar a sociedade no lugar de criar rótulos foi fundamental, na minha opinião.>
Claro que falta muito a ser melhorado, mas aquela visão antiga, retrógrada, da imagem do homem ideal ser necessariamente ligada à sexualidade – o comedor, o foda – vem sendo substituída por valores como caráter, ética e participação social. Acredito que sentimentos e princípios hoje são mais importantes e relevantes.>
O homem bem-sucedido não é mais o cara de terno, sem tempo para uma vida pessoal, focado em alta performance e muito lucro. O grande empresário hoje não é só aquele faz mais dinheiro, mas é quem tem responsabilidade social, um propósito coletivo, como Bill Gates, por exemplo. São figuras com entendimento de que a responsabilidade tem que ser do tamanho do privilégio. Creio que a validação vem do que fazemos para construir uma sociedade mais justa e igualitária.>
Tenho a crença de que quando abrimos nossos olhos deixando de lado os antigos padrões, podemos ampliar o espaço para que o diverso ganhe protagonismo. São vários os exemplos de homens que vivem nas favelas e periferias de todo o Brasil transformando a realidade de seu entorno. Essa mobilidade social, econômica e profissional acaba refletindo no propósito, na missão das marcas, que passam a comunicar, através do marketing, seu papel social porque sabem que isso gera um impacto positivo.>
Esse protagonismo múltiplo tem influência direta também nas redes sociais. Hoje, um influenciador digital não precisa mais ser só a pessoa bonita, chique e elegante. A relevância também está no papel social dela. Em sua missão.>
Então, se você me perguntar hoje o que é ser homem, eu não vou ter mais aquela receita antiga, porque ser homem se tornou algo indefinido, ou melhor, extenso em sua definição. Quando a gente pensa nisso tem que mergulhar em uma série de pensamos e crenças. Claro que ainda existe o estereótipo do indivíduo forte e dominante, mas a pressão maior atualmente é para que ele seja um questionador patriarcal, que evolua socialmente, amadureça emocionalmente e se livre das obrigações machistas que servem a um modelo tradicional de masculinidade que também oprime. >
Acredito que o novo homem está em constante construção desencadeada por um processo de evolução e transformação que é muito maior do que o papel que ele teve na história até pouco tempo atrás. Ele está se desfazendo dos preceitos, formatos e modelos que existiam para se tornar múltiplo, com sexualidade livre, em processo de construção, autoanálise e – o melhor – sempre em desenvolvimento.>
Um ser em movimento líquido perante a vida.>
Joca Guanaes, 52 anos, comanda a Joca Beta Consultoria e se diz “o marketing em pessoa”, afinal trabalha na área há 37 anos e, por ser baiano, acredita que já chegou nesse mundo preparado, porque baiano não nasce, estreia.Este artigo integra o projeto Recapitulando, uma realização do jornal Correio com o patrocínio do CR Refrigeração, Jotagê Engenharia e apoio da AJL Locadora. >
O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.>