Uma a cada três áreas de risco de Salvador tem geomanta ou contenção de encosta

Segundo a prefeitura, são 211 geomantas e 129 contenções de encosta na cidade, mas ainda 710 áreas de risco sem proteção

  • Foto do(a) author(a) Daniel Aloísio
  • Daniel Aloísio

Publicado em 8 de outubro de 2021 às 13:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Concha/Secom

Quando chovia, a doméstica Katia dos Santos, 55 anos, tinha que sair de casa por medo de morrer. Ela mora na Rua Diva Pimentel, no bairro Fazenda Grande do Retiro, uma das 1.040 áreas de risco de Salvador, de acordo com uma projeção de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi nessa rua que a prefeitura entregou uma nova geomanta nesta sexta-feira (8). Agora, uma a cada três áreas de risco da cidade estão protegidas. 

É que essa é a geomanta de número 211 inaugurada pela gestão municipal e a 10ª na região da Fazenda Grande do Retiro. Somadas com as 129 contenções de encosta que também existem na cidade, são 330 áreas de proteção, o que representa 32% dos locais de risco de Salvador. Ainda existem 710 áreas sem proteção.  "Isso significa que Salvador está imune a chuva? Não, pois com fenômenos do tipo não se brinca. Mas é um fato que a cidade está muito mais preparada para enfrentar isso. Todos reconhecem que a cidade avançou e esse ano não tivemos uma única vítima da chuva”, comemora Reis.  Essa geomanta tem 1,4 mil metros quadrados de área e é formada por um composto de PVC e geotêxtil com cobertura de argamassa jateada, que impede a água de permear o solo e provocar deslizamentos. Seu prazo de validade é de cinco anos, mas pode ser ampliado em até 15, caso seja realizado uma manutenção regular. “É uma obra importante, pois nos dá tempo para que consigamos recursos para investir na contenção de encosta, que é mais cara”, explica o diretor geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo.  

Com a geomanta, a doméstica Katia dos Santos, que você conheceu no início do texto e mora no local há 50 anos, não vai mais precisar sair de casa na chuva. “Fora que aqui enchia de lama ou poeira. Sempre que chovia, a terra chegava a deslizar. Eu tinha muito medo e agora fico feliz em contemplar essa beleza. Tem gente que vem até tirar foto, pois deixou mais bonita nossa rua. Depois eu vou tirar minha selfie também”, relata.  

No total, são 300 famílias beneficiadas com o equipamento que custou R$ 216 mil aos cofres municipais. A solenidade de entrega fez parte do encerramento da Semana Nacional de Prevenção aos Desastres e teve a participação do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves. “Salvador tem avançado em ações preventivas e se tornado destaque e exemplo na política de redução de desastres no país”, afirmou Alves. 

Para Sosthenes Macedo, a semana se encerra com comemoração, pois a cidade não registrou nenhuma morte no período chuvoso de 2021.“Todos os nossos servidores e colaboradores estão comemorando isso. É a celebração da vida! E é interessante, pois mesmo com o fim do período de chuvas, nós continuamos atuando para garantir a segurança quando chegar março de 2022”, conta.  Já o prefeito lembrou que os efeitos da chuva na cidade podem ser potencializados por causa das mudanças climáticas e, por isso, a necessidade de prevenir a ocorrência de desastres. “A cidade segue investindo em propostas sustentáveis, com ônibus elétricos, integrando o C40, participando de fóruns internacionais, e buscando reduzir a emissão dos gases que provocam o efeito estufa. Tudo isso para evitar maiores gastos no combate às chuvas e diminuir o risco de perda de vidas", declarou Bruno Reis. 

Edna França, secretária de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), entende bem dessa questão ambiental relacionada com a entrega da geomanta. "Essa ação visa proporcionar a adaptação da comunidade às mudanças do clima e, principalmente, trazer resiliência e qualidade de vida para as pessoas", disse.