'Uma debandada', diz Guedes ao confirmar saída de dois secretários do ministério

Salim Matar e Paulo Uebel citaram questões ligadas a privatizações e reforma administrativa

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  • Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 00:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evaristo Sá/AFP

O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou na noite desta terça-feira (11) que o secretário especial de Desestatização, Salim Matar, e o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão do ministério. 

Segundo Guedes, o motivo da demissão seria a insatisfação de Mattar com o ritmo das privatizações de estatais. “O que ele me disse é que é difícil privatizar”, comentou. No caso de Uebel, o ministro contou que o secretário deixou o cargo pela falta de andamento da reforma administrativa. 

“Hoje houve uma debandada”, afirmou. “O que ele [Mattar] me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa haver a privatização, que é muito difícil, muito emperrado, que tem que ter apoio mais definido, mas decisivo. O secretário Uebel, a mesma coisa. A reforma administrativa está parada, então ele reclama também que a reforma administrativa parou”, disse Guedes. 

O ministro da Economia também disse que gostaria de privatizar quatro grandes empresas e citou a Eletrobras, PPSA [estatal de partilha do Pré-Sal], Correios e a Docas de Santos. “Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Para privatizar todas, você tem que privatizar duas ou três, nós não conseguimos nem duas ou três. Isso é preocupante”, disse. 

As declarações do ministro foram feitas durante entrevista coletiva após uma reunião com presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Guedes reafirmou que não apoia uma eventual tentativa de furar o teto de gastos do governo. 

“Não haverá nenhum apoio do Ministério da Economia a fura-tetos. Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com ministro fura-teto”, disse.