Vacina contra a gripe está esgotada em todos os postos públicos de Salvador

Não haverá reposição das doses na rede de saúde pública

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  • Fernanda Varela

Publicado em 6 de junho de 2019 às 17:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde

As 50 mil doses da vacina distribuídas pelos 128 postos de Salvador acabaram na tarde dessa quarta-feira (5). A imunização foi aberta para o público-geral na última segunda-feira (3). A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que informou que não haverá reposição da substância na rede pública.

Antes da distribuição para o público-geral, o Ministério da Saúde realizou a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, que teve duração de 10 de abril a 31 de maio. Na ocasião, o público-alvo era composto por idosos (a partir de 60 anos), crianças (de 6 meses a menores de 5 anos), gestantes, puérperas (mulheres que ganharam bebê nos últimos 45 dias), trabalhadores de saúde do serviço público e privado, portadores de doenças crônicas, professores e militares.

Na capital baiana, foram realizados dois dois Dias D da campanha, com postos instalados em supermercados, shoppings, creches e igrejas. Segundo a SMS, em Salvador foram cerca de 720 mil contemplados com a imunização, contando com as doses distribuídas até esta quarta. O número corresponde a 88% das cerca de 570 mil pessoas que a campanha pretendia alcançar - a meta era alcançar 90% destas pessoas. Já na Bahia, o total de doses aplicadas é de 2.993.041.

A dose protege contra os vírus H1N1, H3N2 e uma cepa de Influenza B e precisa de um intervalo de duas a três semanas para ativar o efeito. 

Mortes por influenza No último boletim divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, no dia 31 de maio, a Bahia havia registrado 11 mortes pelo vírus Influenza, causador da gripe. Todas elas ocorreram em Salvador. Ao todo, foram seis vítimas de H1N1, três de H3N2, uma de Influenza B e outra de Influenza A não subtipável.

O primeiro óbito foi de uma criança de 10 anos, no dia 29 de março. Já no dia 27 de abril, houve o óbito de um menino de 3 anos, morador da região de Itapagipe. Ele não havia sido vacinado na campanha de imunização deste ano, e morreu após ficar sete dias internado num hospital da rede privada da capital baiana. 

O mês de maio foi o com maior índice, com as mortes de um bebê de cinco meses, um homem de 55 anos e um idoso de 69, todos por H1N1. No mesmo  mês, morreram três idosas, com idades de 73, 81 e 97 anos, em decorrência do tipo H3N2, e uma criança de 2 anos, por Infleunza B. Ainda no mês passado, um paciente de 62 anos morreu por Influenza A não subtipável.

Gripe ou resfriado? É muito comum, principalmente em tempos chuvosos, ouvir que alguém está gripado. Basta começar a espirrar, sentir a famosa moleza no corpo ou se sentir indisposto, que o autodiagnóstico surge. 

O problema é que, na maioria das vezes, as pessoas confundem gripe e resfriado, considerando tudo uma coisa só. Fato é que as doenças não são nem um pouco parecidas. Enquanto o resfriado é passageiro, a gripe é muito mais perigosa e pode levar à morte, já que é causada pelo vírus Influenza.

O infectologista Antônio Bandeira alerta para as diferenças entre as doenças."É muito comum as pessoas confundirem tudo. O que geralmente acontece são pessoas resfriadas, mas os sintomas são bem diferentes da gripe. Colocam tudo num bolo só e acabam não tratando adequadamente, o que pode ser perigoso", explica.De acordo com o médico, no caso do resfriado comum, geralmente o doente não apresenta febre, não fica com seu estado geral comprometido e manifesta sintomas como dor de garganta e nariz escorrendo. Já os gripados, aqueles que estão infectados com Influenza, há febre, muita dor de cabeça, dor de garganta e tosse persistente, sem registro de coriza nasal.

Segundo Bandeira, se o paciente perceber que está com os sintomas da gripe, o ideal é procurar um infectologista de imediato. "Quando é descoberto no começo, a chance de recuperação é altíssima. Tem que ter cuidado para não chegar à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)", alerta.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Influenza da Bahia, divulgado em 22 de maio, pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a SRAG já deixou 25 mortos na Bahia só em 2019. Foram quatro mortos por H1N1, três por H3N2, um por Parainfluenza, 14 amostras negativas para Influenza (ou seja, causadas por outros vírus) e três estão em análise. A SRAG, segundo Bandeira, é uma consequência das infecções virais e é o que pode levar o paciente à morte. "A síndrome é como se fosse a manifestação da gravidade do paciente. Geralmente é causada pela Influenza, mas também pode ser causada pelo Vírus Sincicial Respiratório".

O paciente diagnosticado pela Influenza deve tomar imediatamente uma medicação que age diretamente no vírus. Trata-se do composto químico Oseltamivir, fornecido exclusivamente em hospitais e postos de saúde mediante apresentação de receita médica, sem venda em farmácias.

Morte em crianças e idosos é mais comum Segundo o infectologista, a gripe atinge mais frequentemente crianças com menos de dois anos, adultos acima dos 60 e portadores de alguma doença crônica, principalmente as respiratórias. No entanto, o índice de mortes é maior entre o público infantil. Em 2019, das quatro mortes por H1N1, três foram em crianças: um bebê de cinco meses, uma criança de três e outra de 10. A outra morte foi em um homem de 55 anos."Já o Vírus Sincicial Respiratório tem sua mortalidade quase sempre em crianças com medos de cinco anos. É muito raro causar o óbito em adultos. Temos também a Parainfluenza, que geralmente não mata, e o Metapneumovírus, que é relativamente novo e, por isso, tem pouca vigilância, as estatísticas ainda são conflitantes", completa Bandeira.De acordo com o boletim, dos 467 pacientes atingidos pela SRAG, foram 24 casos de H1N1, 18 por H3N2, um por Influenza A não subtipado e outros cinco por Influenza B.  Foram identificados ainda os seguintes vírus respiratórios: Vírus Sincicial Respiratório (22), Parainfluenza1 (02), Parainfluenza3 (04), Adenovírus (03) e Metapneumovírus (24).  Há ainda 236 casos em investigação. 

Por que gripe mata? Segundo o especialista, o que causa a morte não é o fato do paciente estar infectado com o vírus, mas as consequências que ele pode trazer. "Qualquer um dos vírus Influenza pode gerar insuficiência respiratória no paciente e é isso que leva à morte na maioria dos casos. É muito mais frequente nesse público infantil, de idade mais avançada ou em pacientes com doenças crônicas, principalmente as respiratórias".

A solução para não correr esse risco é simples. Basta se vacinar anualmentecontra a gripe. Fazendo isso, o paciente se livra totalmente da possibilidade de ser infectado por qualquer vírus Influenza, embora não fique imune ao Vírus Sincicial Respiratório e outras doenças.

 "É importante se vacinar todo ano, porque além da composição da vacina mudar, é o período de imunização que ela garante ao paciente", diz Bandeira.

Conheça os tipos de vírusH1N1: subtipo de Influenzavirus A e a principal causa da gripe. A letra H refere-se à proteína hemaglutinina e a letra N à proteína neuraminidase. Este subtipo já originou várias estirpes, como a da gripe espanhola, já extinta, e a atual, que surgiu em 2009.

H3N2: outro subtipo de Influenza A, é a segunda estirpe de vírus mais comum no Brasil. Seu nome também deriva das proteínas que o compõem. Historicamente, uma de suas estirpes causou a Gripe de Hong Kong.

Influenza B: é outro gênero da família dos ortomixovírus, à qual pertence o Influenza. Diferente da multiplicidade dos subtipos de A, possui uma única espécie, mas que pode se diferenciar em cepas. A vacina trivalente, disponível na saúde pública, contempla, além dos H1N1 e H3N2, uma cepa. A vacina tetravalente, oferecida no serviço particular, contempla duas cepas de Influenza B.

Parainfluenza: A parainfluenza se divide em quatro sorotipos: hPVI1, hPVI2 , hPVI3 e hPVI4. Pode ser responsável por causar doenças como resfriado comum, pneumonia, bronquiolite e laringotraqueobronquite. A maioria das pessoas se recupera espontaneamente, mas pode ser fatal em crianças abaixo dos seis anos.

Vírus Sincicial Respiratório: O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças com menos de dois anos, e um de muitos vírus que podem causar bronquiolite (infecção dos brônquios, nos pequenos tubos respiratórios dos pulmões).

Medidas importantes que ajudam na prevenção: Lavagem das mãos várias vezes ao dia, principalmente antes de consumir algum alimento; Evitar tocar a face com as mãos e proteger a tosse e o espirro com lenço descartável; Utilizar lenço descartável para higiene nasal; Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tos-sir; Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; Manter os ambientes bem ventilados; Evitar contato próximo a pessoas que apre-sentem sinais ou sintomas de influenza; Evitar sair de casa em período de transmis-são da doença; Evitar aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados); Adotar hábitos saudáveis, como alimenta-ção. balanceada e ingestão de líquidos. (Fonte: Ministério da Saúde).