Vale a pena comprar imóvel pela linha da Caixa?

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  • Armando Avena

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O governo federal anunciou esta semana o lançamento pela Caixa Econômica Federal de uma nova linha de crédito indexada ao IPCA, ou seja, ao índice de inflação oficial e imediatamente dezenas de e-mail encheram minha caixa postal indagando: vale a pena financiar um imóvel através dessa nova modalidade? Para responder a essa pergunta é preciso verificar que essa  linha de crédito que será disponibilizada pelos bancos terá taxas variando de 2,95% a 4,95% ao ano mais a inflação.

Isso representa uma redução na taxa de juros de até 28% em relação as atuais linhas de crédito indexadas à TR, a taxa de referência. Assim, com o atual nível de inflação, a aquisição da casa própria com crédito indexado ao IPCA se tornará muito mais atrativo, com uma redução de 35% ou mais no valor da prestação em relação  ao financiamento por outras modalidades. 

O novo sistema dará acesso ao uso do FGTS, desde que o valor do imóvel seja de até R$ 1,5 milhão e o  financiamento poderá ser feito em até 30 anos. Vale lembrar que o cliente não poderá comprometer mais de 20% da sua renda com a prestação, diferente das demais linhas, nas quais  é possível comprometer até 30%. Dito isso, é possível afirmar que a nova linha de financiamento é muito recomendável no curto  prazo e imprevisível no longo prazo. 

Um financiamento com taxas vinculadas à inflação traz  insegurança no longo prazo, pois  num financiamento de 30 anos não é possível ter certeza  quanto a conjuntura econômica, especialmente num país de alta instabilidade política e econômica.  Ou seja, o comprador reduz o tamanho da mensalidade, mas aceita se submeter aos altos e baixos da inflação oficial.

Neste momento em que a inflação está inteiramente sob controle  e sem perspectivas de elevação, o financiamento via IPCA é bom, mas vale lembrar que a modalidade coloca o risco de aumento da inflação na mão do cliente. Ou seja, vale a pena fazer o financiamento pela nova sistemática, mas é altamente  recomendável que os consumidores avaliem cuidadosamente as outras linhas de créditos disponíveis, pois em alguns casos elas podem ser mais vantajosas e, no caso de optar pela taxa corrigida pela inflação, é preciso verificar a possibilidade de negociar um seguro ou algum tipo de proteção, como por exemplo aplicar a diferença entre as duas prestações em alguma aplicação que seja reajustada com o IPCA.

 Já para o mercado imobiliário na Bahia, que neste momento dá sinais de recuperação, a linha de crédito indexada ao IPCA deverá estimular ainda mais o setor.  Segundo Cláudio Cunha, Presidente da Ademi-Ba,  a medida abre mais uma linha de crédito e atrai uma nova demanda. “Eu acho que a medida é muito positiva para o segmento da construção civil. Por dois motivos. O primeiro é que vai existir mais crédito a disposição do consumidor. 

O segundo é que vai trazer mais pessoas com poder de compra imobiliário. Além disso, os antigos sistemas de crédito vão continuar então nós não vamos perder nada em relação ao sistema antigo. Eu só vejo coisas boas nessa proposta da Caixa”, afirmou o presidente da Ademi.

 O mercado imobiliário baiano está em fase de transição e num momento ideal para a retomada, pois o estoque de imóveis, ou seja, o nível de unidades não vendidas, caiu de forma significativa. Segundo Cunha, o setor fechou o primeiro semestre de 2019 com alta de 8% em relação a 2018, e lembra que  alguns imóveis que estavam parados a muito tempo hoje foram vendidos.  Estima-se que 10 novos empreendimentos foram lançados em Salvador no primeiro semestre de 2019. E há um tendência de aquecimento no mercado de apartamento de 2 e 3 quartos. Em resumo:  a longo prazo as incertezas são maiores, mas no curto prazo a nova linha de financiamento de imóveis é bom para construtores e consumidores.A BAHIA E O BOLSA FAMÍLIA A Bahia tem 1,8 milhão de famílias recebendo o benefício do Bolsa Família, sendo o estado do Brasil com o maior número de beneficiários. Isso significa que cerca de 5 milhões de pessoas na Bahia se beneficia de alguma forma com o programa. No primeiro semestre de 2019, o Estado recebeu cerca de R$ 2 bilhões em recursos do programa, o maior volume de recursos do país. Salvador tem cerca de 175 mil famílias, o que significa que 500 mil pessoasrecebendo o benefício, de uma forma ou de outra. No primeiro semestre do ano mais de R$ 150 milhões forram carreados para a economia soteropolitana pelo Bolsa Família. Os dados atualizados estão na página do programa.O ETERNO RETORNO Tenho um amigo adepto da filosofia de Friedrich Nietzsche e da sua ideia de eterno retorno. Nietzsche dizia que a vida e a História são feitas de ciclos repetitivos e o homem está preso a um número limitado de fatos, que se repetiram no passado e que se repetirão no presente e no futuro. E, segundo meu amigo nietzschiano,   esse eterno retorno pode ser visto claramente na história do Brasil. Segundo ele, a ditadura de Getúlio Vargas no anos 30, teve seu duplo na ditadura de 1964. O populismo esquerdista de Getúlio e o mar de lama da corrupção verificado nos anos 50 ,e que teve como desfecho o suicídio do ex-presidente, teve seu duplo no governo Lula e resultou no impeachment de Dilma. E o governo Bolsonaro? Segundo ele ainda não há resposta, mas pelo andar da carruagem tanto pode ser igual ao governo Café Filho, que teve como ministro o economista Eugênio Gudin e foi marcado pela implantação de medidas liberais que modernizaram o Brasil,  ou pode dar no destrambelhado governo Collor de Mello, um governo bonapartista, cheio de propostas liberais mas que deu no deu. É um pouco apressado nas suas conclusões o nosso filósofo-historiador, mas livre pensar, é só pensar, como diria Millôr Fernandez.PACTO PELA AMAZÔNIA Foi contundente a proposta do Prefeito ACM Neto em prol de um pacto nacional para salvar a Amazônia, feita em seu discurso na abertura oficial da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima, em Salvador. ACM Neto, que é presidente nacional do DEM,  pensa no futuro e o futuro passa pela preservação do “pulmão do mundo”, como disse o prefeito ao propor que um pacto seja firmado entre todas as autoridades da sociedade civil. Neto completou afirmando  que o país deve conduzir a questão das queimadas “na base do diálogo” e que o centro da discussão deve ser a preservação da Amazônia. Bom senso é sempre útil ao país.O PAPEL DE CADA UM Um leitor me envia um e-mail elogiando meus artigos, mas ressaltando que muitas vezes eu digo o que ele nem sempre quer ouvir. Respondo agradecendo penhoradamente, pois esse é o papel do jornalista, mas ressaltando que a opinião do articulista é apenas mais uma opinião.  José Saramago dizia algo semelhante em relação a sua profissão: “Se o escritor tem algum papel, é o de incomodar”. É isso aí, afinal, se o leitor desse atenção apenas a quem concordasse com ele, só conversaria consigo mesmo.