Vamos subir, Riachão e Juazeiro!

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  • Paulo Leandro

Publicado em 21 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Disse-me, certa aula, ali em Pedagogia, o querido professor Saja: “Paulo, mercado não tem valores (morais), só tem mecânica. Produziu, divulgou, vendeu, lucrou, então tá tudo certo”.

Pois foi o inimigo dos phdeuses quem me fez perceber que o mercado nem sempre se entende com o desporto e o jornalismo. Até hoje, ninguém me derrubou este conhecimento, que como todo conhecimento, precisa ser refutável e provisório, senão vira dogma.

O fundamentalismo de consumo nos faz crer que a audiência vale mais que a veracidade e o melhor convívio: damos toda bola do mundo aos chamados grandes clubes, tratando os menorzinhos ou médios como inúteis.

Pois saibam que hoje temos dois jogos de clubes baianos pela Série D. E eles mereceriam mais atenção do que oferecemos, paradoxalmente. Desperdiçamos potencial de mercado, pois Riachão e Juazeiro são praças fortes de demanda reprimida.

O Esporte Clube Jacuipense, o Leão Grená, recebe o Floresta do Ceará no Valfredão, às 15 horas, lá em Riachão. No jogo em Fortaleza, saímos na frente, sofremos a virada e buscamos o empate em 2x2. O jogo de hoje vale vaga na Série C.

Certa vez, no passado, vi o Jacuipense ser campeão da segundona local, ao vencer o São Francisco, por 1x0, lá dentro do Junqueira Ayres. Fui como assessor de imprensa da Federação Bahiana de Futebol, com a equipe de Virgílio Elísio, que tinha Jorge Samartin e Heráclito Moura.

O Floresta é o Lobo do Ceará, fundado em 1954, e traz no nome a lembrança dos recursos naturais hoje gravemente ameaçados em um Brasil campeão de desmatamento, doido para entregar a Amazônia todinha aos estupradores.

Também disputa vaga na C e, quem sabe, pode encontrar o Vitória por lá, em 2020, a briosa Juazeirense, o Cancão de Fogo, que vi jogar no Adauto Moraes quando dei um curso de futebol para estudantes da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

A Juazeirense surgiu como dissidência do Juazeiro de meu amigo Carlos Humberto, daí não simpatizar tanto com este clube, por questões afetivas, embora admire as cores verde, amarelo e vermelho da mãe Etiópia.

São as mesmas cores do adversário, o Brusque: um jogão para quem ama o reggae, como o amigão Messias, maior pesquisador deste som pacifista e dono de um bar ornamentado com capas de discos e bandeiras, na rua da Baderna, em Lençóis.

O Cancão, ave mal-criada que gosta de bicar as outras, foi ideia do deputado xará de cantor da jovem guarda. Viaja até Brusque, lááááááá em Santa Catarina, não sei quantos mil quilômetros além. Fez só 1x0 em Juazeiro, vai precisar segurar o "regue".

Que beleza, uhuh, que beleza – toca Tim Maia -, se subirmos os dois clubes baianos, do Semiárido e do Vale do São Francisco, duas regiões que representam nações culturalmente independentes em relação a Salvador e o Recôncavo.

Beleza maior será conseguirmos aproximar as necessidades de maximizar lucros dos barões da televisão e dos patrocinadores às demandas de mercados que estão por aí, reprimidos, com potencial de geração de emprego e renda desperdiçados.

Riachão e Juazeiro são pouco aproveitados, pois além do mercado ter apenas mecânica, apresenta os vícios da rapinagem e do canibalismo, arrancando o marfim dos elefantes crescidinhos e ignorando aqueles que poderiam engordar para gerar mais lucro.

Paulo Leandro é jornalista e professor Dr. em Cultura e Sociedade.