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Vinicius Nascimento
Publicado em 19 de junho de 2021 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Com a pandemia do coronavírus ainda vigente e forte na Bahia, a orientação da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) é se manter atento e buscar uma autopreservação durante os festejos juninos. A Secretaria publicou que a variante P1, originada em Manaus, foi responsável por 78,1% das infecções analisadas na Bahia durante o mês de maio. Dos 32 casos analisados pelo Lacen, 25 eram da P1.>
Além disso, a variante manauara também foi a que mais matou. Dos 10 casos de óbito analisados, 8 estavam infectados com a variante de Manaus. Os outros dois casos de morte analisados foram de pacientes que tinham a variante britânica.>
O último boletim informativo que o Laboratório Central da Bahia (Lacen-BA) emitiu aponta que foi identificada a co-circulação de 22 linhagens diferentes do SARS-CoV-2 no estado desde fevereiro de 2020. De acordo com o Lacen, ainda não foram identificados casos da variante indiana na Bahia.>
Variante de maior destaque no estado desde janeiro de 2021, a de Manaus é reconhecida por ter maior agressividade tanto no seu potencial de transmissão quanto nas consequências, aumentando as chances de internação. >
Secretário de Saúde no Estado, Fábio Vilas-Boas aponta que a Bahia registra uma variedade de cepas e atualmente há oito em circulação.>
"Entretanto, nos meses de fevereiro a maio deste ano, a variante P1 se tornou predominante, sendo a responsável pela aceleração do número de internações e elevação do número de óbitos em todo o Brasil, inclusive, na Bahia", afirmou.>
A Bahia ainda é um dos poucos estados que têm conseguido fazer sequenciamentos genéticos do coronavírus no país. A maioria das amostras tem sido sequenciada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen), que já realizou o sequenciamento de 257 amostras provenientes de pacientes de 98 municípios dos nove Núcleos Regionais de Saúde da Bahia desde setembro de 2020 até 21 de maio de 2021.>
A mutação faz parte do processo de replicação de qualquer vírus. Sempre que um vírus se replica - ou seja, gera novas cópias -, ele pode sofrer alguma mudança, como explica a pesquisadora Carina Carvalho, professora da área de Imunologia na Faculdade de Farmácia da Ufba. >
“Quando o vírus está circulando amplamente na população e causando muitas infecções, a probabilidade de mutações aumenta. Na verdade, na maioria das vezes as mutações não impactam na habilidade do vírus de causar doenças ou quadros mais graves”, diz. >
Tudo vai depender do local no genoma onde acontece a mutação e quais são as consequências dela. Como as mudanças podem provocar alterações nos antígenos do vírus, é possível chegar a uma maior transmissibilidade ou infectividade. Sem medidas de restrição, isso leva ao aumento de casos e pressiona o sistema de saúde. >
“Há preocupação também quanto a resposta imune contra as novas cepas ou variantes, se a resposta imune contra uma variante é efetiva contra outro tipo de variante no hospedeiro”, completa Carina.>
Os vírus têm ciclos de mutação. Nem sempre, quando ele passa de uma pessoa a outra, vai necessariamente sofrer mutações. Ainda não se sabe qual é o tempo de duração do ciclo de migração do coronavírus. >
Vacinar é o caminho De acordo com Fábio Vilas-Boas, menos de 40% dos baianos tomaram a primeira dose, o que significa que o uso de máscara, a higiene frequente das mãos e o distanciamento social ainda são as atitudes mais eficientes para evitar a contaminação pela Covid-19. >
“A tradição junina em nosso estado é forte, mas para salvar vidas se faz necessário alguns sacrifícios e evitar aglomerações é o principal deles”, afirma.>
Além de manter as medidas de distanciamento social, a vacinação é o melhor caminho para diminuir as preocupações com o coronavírus, de acordo com o biólogo Ricardo Khouri, pesquisador da Fiocruz e da Rede Covida.>
Principais variantes B.1.1.28: A primeira variante do coronavírus que entrou no Brasil, em fevereiro de 2020, vinda da Europa>
B.1.1.33: Foi mais uma variante detectada no Brasil no início da pandemia>
B.1.1.7: Variante encontrada no Reino Unido, tem até 70% a mais de contágio das primeiras linhagens no início da pandemia. Ela já está presente em 60 países>
B.1.1.248: Encontrada no Japão e no Brasil, incluindo a Bahia. A mutação desta variante tem um poder maior de contágio, mas ainda não se sabe sobre sua agressividade nos sintomas>
501.V2: Também conhecida como B.1.351, foi detectada na África do Sul e responsável pelo do surto do coronavírus no país>
P.1: Pode ser a primeira variante ganuinamente brasileira. Encontrada pela primeira vez em Manaus, é responsável pela segunda onda na capital. Estudos ainda estão em desenvolvimento para descobrir o grau de gravidade>
Glossário Coronavírus: É uma família de vírus que causa infecções respiratórias. O termo "corona" é pela forma semelhante destes parentes, em forma de coroa>
Sars-CoV-2: É um tipo de coronavírus que causa a covid-19. O termo "Sars" é uma sigla em inglês que significa "síndrome respiratória aguda severa">
Covid-19: É a própria doença causada pela Sars-CoV-2. Covid é uma abreviação para Coronavirus Disease, doença coronavírus, em tradução livre. O 19 significa o ano em que a doença foi identificada.>
Variantes, cepas ou linhagens: É um grupo de descendentes de um vírus, com modificações genéticas. Estes genomas com mutações semelhantes sofrem constantes mudanças, algumas insignificantes, mas outras podem ser agressivas e de fácil contágio. Temos o exemplo do H1N1, que é uma cepa da gripe. Contudo, não confunda Zika e dengue. Uma não é variante da outra. São dois vírus transmitidos pelo mesmo mosquito >
Mutação: É o processo que leva o vírus a mudar sua variante. É uma mudança permanente no material genético (DNA ou RNA) de um vírus. No caso do coronavírus, o RNA>
Proteína Spike: O meio que o coronavírus usa para entrar nas nossas células>