Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Yasmin Garrido
Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Palco do Festival Virada Salvador 2019 já está sendo montado: Arena Daniela Mercury tem 55 mil m² de área (Foto: Marina Silva/CORREIO) Roda-gigante, tirolesa, fogos de artifício, muita música e... mais turistas. Essa é a expectativa tanto da organização quanto do trade turístico para o Festival Virada Salvador 2019. Pelo segundo ano consecutivo, a festa de Réveillon da capital baiana acontece na Boca do Rio e os hotéis da região devem ter ocupação de 100% durante a festa - de 28 de dezembro a 1º de janeiro. No restante da cidade, a ocupação deve bater 91%.>
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Salvador deve receber mais de 460 mil turistas entre 28 de dezembro e 1º de janeiro para o Festival da Virada. O número é 7,2% maior do que o do mesmo período do ano passado, quando 430 mil visitantes aportaram em Salvador. O Festival já tem 21 atrações confirmadas e espera público de 2 milhões de pessoas.>
Ainda segundo a pasta, toda essa movimentação representa uma injeção de quase R$ 500 milhões na economia da cidade, já que cada turista deve gastar R$ 980 nos cinco dias de festa. Os gastos são com alimentação (35%), deslocamento (29%), compras (18%), hospedagem (14%), guias e excursões (2%) e espetáculos (2%).>
Quem mais festeja é quem atua próximo à Boca do Rio. A hoteleira Lígia Uchôa, do Salvador Mar Hotel, que fica vizinho ao local da festa, contou ao CORREIO que a lotação da casa é a máxima. “A gente mantém apenas duas vagas em sites de hospedagem, mas já estamos lotados”, disse.>
Mas não quer dizer que fora dali os locais ficarão vazios. De acordo com a Secult, além dos polos de Barra-Ondina, Rio Vermelho, Pituba e Costa de Itapuã, impactados com o Festival, o polo do Centro Histórico também atrai os turistas que associam a festa aos novos atrativos culturais e históricos da região.>
E, para quem acha que ainda tem chances de conseguir um hotel próximo do Réveillon da Virada, as notícias não são as melhores - para os turistas, mas não para os empresários. Lígia afirmou que, desde o check-out da última festa, ainda em janeiro, os hóspedes garantiram vaga para esperar 2019 bem acomodados e bem localizados.>
“O fato de o Réveillon ter vindo para a Boca do Rio foi de extrema importância para o comércio local, porque a gente garante não só a casa cheia no período da festa, mas, também, a fidelização dos clientes para outras épocas do ano”, declarou.>
Para o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco, o endereço está consolidado. “É um espaço que está consolidado e será ainda mais valorizado com o Centro de Convenções e o Parque dos Ventos”, disse. O patrocinadores oficiais do Festival são a Bohemia e a Avatim. A hoteleira Lígia Uchôa diz que quartos já estão cheios para o Réveillon (Foto: Marina Silva/CORREIO) Acréscimo O trade turístico acredita que a ocupação dos hotéis vai ter um acréscimo de 11% em relação ao mesmo período de 2017, quando foi registrada uma taxa de 82% na cidade. Já para o dia da virada, o número de leitos ocupados deve chegar a 98% - estimativa maior que a da prefeitura.>
“Temos uma expectativa muito positiva para a festa deste ano, graças a fatores como divulgação antecipada e o número de reservas já asseguradas nos hotéis da cidade. São cinco dias de festa e a garantia é de excelente ocupação, com 80% dos leitos da região entre Itapuã e Pituba já reservados”, disse José Manoel Garrido, coordenador da Câmara Empresarial do Turismo da Fecomércio-BA.>
O presidente da Salvador Destination, Roberto Duran, comentou a importância de Salvador criar uma tradição de Réveillon, com a atração de cada vez mais turistas para o destino. “Com a mudança e o tamanho do evento, a expectativa para este ano é positiva para toda a cadeia hoteleira, que deve receber ocupação máxima”, disse.>
Ainda segundo o presidente da entidade, “o objetivo do trade é criar um calendário intenso de eventos, principalmente com o porte do Festival Virada, o que representa a importância da divulgação do destino Salvador”. Ocupação deve chegar a 100% em hoteis próximos à Boca do Rio (Foto: Marina Silva/CORREIO) Tarifas O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Silvio Pessoa, comentou que os hotéis desistiram de reajustar o valor das hospedagens. “Nos últimos quatro anos, a prefeitura tem ido a São Paulo fazer a divulgação e isso tem sido promissor. Os preços das diárias não foram congelados, mas também não foram reajustados, tudo para atrair novamente os turistas”, disse.>
No entanto, nesta época do ano, os hotéis trabalham com pacotes. Lígia Uchôa, do Salvador Mar Hotel, disse que fica difícil ‘ajudar’ o turista que quer se hospedar apenas um dia, por exemplo. “É difícil, porque a gente acaba perdendo a chance de vender o pacote fechado”, declarou.>
As agências de viagens também estão empolgadas. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Ângela Carvalho, espera que a festa deste ano e o Verão tragam 10% a mais de visitantes em comparação com o ano anterior.>
“A maioria dos turistas vem da região Sul e Sudeste do Brasil e de países como Argentina e Portugal. Salvador está no centro do turismo, não apenas pela festa, mas também por causa das melhorias na cidade. Ela está mais arrumada, mais divulgada e tem cada vez mais atrações. Esse conjunto de fatores é responsável pelo bom resultado”, afirmou.>
As agências de viagens também evitaram reajustar o valor dos pacotes. Segundo Ângela, essa é uma estratégia para atrair mais público, fidelizar clientes e superar a crise. “Os preços continuam os mesmos do ano passado, porque precisamos atrair mais pessoal antes de qualquer coisa”, disse.>
Restaurantes terão reforço para a festa A mudança de local do Réveillon de Salvador agradou - e muito - aos donos de bares e restaurantes da região. Com hotéis lotados e a cidade repleta de turistas, é claro que as vendas aumentam bastante. E tem estabelecimento que funciona até as 6h, para não perder aquele público que sai da festa de manhã. Carla Monique conta que restaurante chega a contratar cinco funcionários temporários para o período (Foto: Marina Silva/CORREIO) É o caso do San Filé, que funciona do outro lado da avenida onde a festa acontece. Funcionária há 4 anos, Carla Monique dos Santos, 25 anos, contou que a rotina é intensa, mas ela ainda acha tempo para curtir.“O movimento aqui aumenta muito, a ponto de precisarmos contratar mais cinco funcionários temporários nesse período. O restaurante chega a ter uma receita de 8 a 10 vezes maior do que os dias normais. E ainda dá para ouvir a música do Festival, já que ficamos a poucos metros do local”, diz Carla Monique.Já o proprietário do restaurante Céu e Mar, Celso Bonadias, 49, que tem o negócio da família há 25 anos, está preocupado com a organização do evento, sobretudo com o estacinamento. Ele diz que, este ano, apesar de não contratar ninguém para ajudar nos negócios, a previsão é que os lucros tripliquem em relação a outros períodos do ano. “A gente funciona até meia-noite, porque também não queremos entrar pela madrugada e ainda dá tempo de aproveitar tanto a festa quanto o descanso. Mas, esperamos um aumento significativo da receita”, afirmou.>
Outro que até abriu o sorrisão quando falou em aproveitar os cinco dias de shows gratuitos foi Cejandir Vieira, 37, gerente do restaurante A Venda. Há 18 anos no local, ele disse que a expectativa é de mais movimento. “A gente contrata mais duas pessoas, porque precisamos de ajuda para lidar com o aumento dos clientes. E é claro que a arrecadação também cresce, apesar de o restaurante funcionar só até 18h”, disse. Cejandir trabalha há 18 anos em restaurante na orla e também vai aproveitar para curtir (Foto: Marina Siva/CORREIO E não é só o setor hoteleiro que lucra com os turistas. O presidente da Associação Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes da Cidade de Salvador (Assidivam), Rosemário Lopes, ressaltou que a categoria espera ampliar a receita no período.“Esperamos vendas tão relevantes quanto no ano anterior, quando a média de arrecadação dos ambulantes girou em torno de R$ 500 a R$ 1.500 por dia, entre os vendedores de bebidas, lanches, balas e souvenires”, disse Lopes.Segundo a prefeitura, vão ser mais de 70 horas de música, que vão curtir shows gratuitos de mais de 20 atrações já confirmadas: Anitta, Wesley Safadão, Bell Marques, Claudita Leitte, Luan Santana, Xand Avião, Lincoln & Duas Medidas, Simone e Simária, Ferrugem, Ivete Sangalo, Léo Santana, Daniela Mercury, La Fúria, Jorge e Mateus, Milton Nascimento, Harmonia do Samba, MC Kevinho, Psirico, Matheus e Kauan, Devinho Novaes e Alok.>
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier >