Viagem protegida: motoristas de aplicativos mudam de hábitos durante pandemia

Especialistas dão dicas de saúde e para incrementar o negócio em tempos de quarentena

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 30 de março de 2020 às 05:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Pessoal

Desde que as medidas de contenção da covid-19 foram anunciadas, os trabalhadores que precisam estar na rua em contato com o público, ganharam um fator a mais de estresse. No caso dos motoristas de aplicativo, a preocupação reside no fato de que o cliente pode se tornar o principal risco de transmissão do vírus. Para ajudar a pensar em medidas que garantam a segurança desses profissionais sem comprometer a fonte de renda, o CORREIO  reuniu algumas dicas valiosas.

O motorista Pedro Henrique Gonçalves, por exemplo, passou a levar no carro álcool em gel e líquido para garantir a limpeza das maçanetas e das mãos. Como os passageiros também ficaram mais escassos, a alternativa foi estar mais disponível e apelar para a realização de tarefas como a compra de medicamentos e produtos de mercado para aqueles clientes que não podem se expor ou têm limitação de movimento.  “Como é visível o receio das pessoas, também busco fornecer informações sobre a prevenção, aconselho deixar os vidros abertos e invisto numa boa música e na presença de revistas e até livros para tentar distrair um pouco dessa tensão toda”, completa.Para ele, o importante é deixar o cliente à vontade e buscar dar algum conforto emocional no tempo da viagem.

O sócio da startup Vai.Car JP Galvão defende o investimento nos serviços de entrega para que o profissional possa incrementar sua renda. Para além da crise, ele defende que essa possa ser uma excelente oportunidade de incrementar os negócios. “Nós acreditamos que esta pandemia vai ampliar a necessidade de transporte individualizado diante do transporte coletivo. As pessoas que trabalham em serviços essenciais de saúde, abastecimento e entre outros, que usavam transporte público vão precisar de transporte individual, além de experimentarmos uma explosão de demanda nos serviços de entrega”, avalia.

O médico Caiaque Petronilo reconhece que esse público termina ficando mais vulnerável em virtude do fato de atender à pessoas diversas. Por isso mesmo, a sugestão é que o motorista mantenha no carro um recipiente de álcool em gel para si e outro para o passageiro, evitando que ele toque nessas pessoas. “Além disso, vale investir em álcool líquido a 70%  para limpar as maçanetas, bancos, encostos e uma solução de água e água sanitária para limpar os tapetes”, ensina. O médico diz ainda que as máscaras, embora não sejam indicadas para esses profissionais, podem funcionar como uma barreira mecânica eficiente. “O único problema é que as máscaras desapareceram do mercado e ficaram muito caras, dificultando que esse profissional faça um uso constante delas”, pontua.  O médico Caiaque Petronilo lembra que, embora as máscaras tenham ficado inviáveis, elas podem representar uma barreira mecânica de proteção, mas a higiene ainda é a melhor alternativa (Arquivo pessoal) Como o coronavírus pode ficar até três horas em suspensão no ar, a recomendação do médico vai de encontro à prática de Pedro, então o ideal é viajar de janelas abertas. “A contaminação pode ocorrer nos ambientes ventilados e nos ambientes com a presença do ar condicionado, mas as massas de ar terminam se encarregando de levar o vírus para longe do ambiente”, orienta.

Ao chegar em casa, o médico diz que o motorista deve tirar o calçado do lado de fora e colocar a roupa num saco para depois lavar as peças. “Em seguida, a orientação é banho, fazendo toda a higienização do corpo. Depois disso, ele pode estar tranquilo para ficar com a família sem o risco de contaminar ninguém”, finaliza. 

Dicas de segurança1- Disponibilize álcool em gel nos carros: Devido a grande rotatividade de passageiro, o álcool em gel nos carros tanto para uso pessoal, quanto para os usuários do transporte. Não tenha vergonha de sugerir ao passageiro que utilize o álcool;

2- Lave as mãos: É importante lavar as mãos com água e sabão durante diferentes períodos do dia, o que diminui as chances do vírus prosperar após o contato com uma superfície contaminada ou com um paciente infectado;

3- Use luvas para dirigir:  Além do álcool e da higienização constante da mão, usar luvas é uma ótima dica, já que a mão estão sempre nos volantes, maçanetas câmbio, entre outros. Muitas vezes a correria do dia a dia pode fazer com que esqueça uma vez de usar o álcool, portanto a luva vai proteger de uma possível distração;

4-Cuidados ao tossir e espirrar: Sempre cubra a boca e nariz  com o braço ao tossir e espirrar. Nunca com as mãos, que são um dos principais vetores ao contágio. Lenços descartáveis podem ser oferecidos a quem está no banco de trás, desde que sejam devidamente descartados posteriormente;

5- Deixem as janelas do carro abertas: Ambientes fechados são mais propícios para a circulação de agentes infecciosos como os vírus. É recomendável, portanto, manter a ventilação com os vidros abertos ou mesmo com o ar-condicionado (o modo de recirculação, ativado no botão com uma setinha giratória, não é recomendado neste caso). Vale ressaltar que é importante manter a manutenção do ar-condicionado: os filtros acumulam sujeira e, se não forem devidamente higienizados periodicamente, são locais favoráveis para o desenvolvimento de vírus, fungos  e bactérias;

6- Evite contato físico: Durante a corrida, evite manter contato próximo com o passageiro aos inícios e términos das viagens;

7- Higienize partes dos veículos: Ao finalizar seu dia de corridas, faça a higienização dentro do veículo,  como o volante, câmbio, maçanetas e bancos; 

8- Uso de máscara no carro: Especialistas em saúde pública afirmam que adquirir uma máscara só é recomendável a quem está infectado com o vírus ou que se mantém um contato próximo com o paciente, mas se estiver resfriado ou com tosse, utilize a máscara para evitar propagação e confusão de sintomas. Todo cuidado é importante neste momento.