Vinte famílias ficam desalojadas após incêndio e serão levadas para hotéis

Ortobom garantiu que vai assumir responsabilidade por danos causados às casas

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 19 de março de 2019 às 20:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes/CORREIO

O incêndio que queimou 60% da fábrica de colchões Ortobom, na manhã desta terça-feira (19), no bairro de Valéria, em Salvador, afetou a vida de 20 famílias, que foram obrigadas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) a deixar suas casas. Cinco residências desocupadas foram atingidas pelas chamas, que chegaram a atingir 30 metros.

Segundo o aposentado Enoque Souza, 80, que precisou deixar sua casa, durante o dia representantes da Ortobom estiveram no local prestando apoio, oferecendo lanches, almoço e realizando uma triagem para saber quem precisaria de em um hotel.

O aposentado lembra ainda do desespero que sentiu ao perceber o incêndio.“Era cinco e pouca da manhã e pediram para a gente sair. Foi uma correria, parecia um vulcão em erupção, explosão toda hora", contou.Diante da situação, a solidariedade tomou conta das ruas Eurico Temporal e Marcelino Garrido, onde ficam as casas que precisaram ser desocupadas. Logo cedo, por volta das 6h, quando os moradores começaram a procurar abrigo, as portas do Centro de Evangelização da Sagrada Família (Cesf) da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Valéria e Palestina foram abertas para receber os desalojados.  20 famílias deixaram suas casas (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) “Muitas pessoas precisaram sair de suas casas às pressas, sem tempo nem para pegar os pertences pessoais. Nós temos o espaço, então abrimos para acolher, dar sombra, oferecer água”, disse o Padre Jairo Batista responsável pela paróquia, que disse ter recebido mais de 200 pessoas após o incêndio.

Algumas pessoas, como Enoque, passaram o dia no local, enquanto outras procuraram abrigo na casa de amigos e parentes.

Outro desalojado, o seminarista Rafael Freitas, 27, conta que está angustiado, sem saber o dano que o fogo causou em sua residência. “Saí de casa com a roupa do corpo e nada mais. Até agora não sei como está, quanto queimou. Me disseram que a casa foi parcialmente atingida”, disse.

Apesar de já ter sido procurado pela empresa para garantir que as medidas necessárias seriam tomadas, o sentimento dele é de tristeza.“Eles me procuraram, disseram que iam resolver. Mas é muito triste ver uma casa que foi construída com luta e esforça ser destruída”, completou.  Família desalojadas buscam ajuda (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Famílias receberão apoio Quem teve de sair de casa conta com o apoio da Codesal, que informou, através de nota, que as famílias estão sendo acompanhadas e o processo de atendimento social será assumido pela fábrica. 

Já a Ortobom também emitiu um comunicado e garantiu que as necessidades de cada família estão sendo identificadas e atendidas. Segundo a empresa, ainda não é possível quantificar as ações, e que tudo que é necessário está sendo feito. A fabricante de colchões informou, ainda, que o abastecimento dos seus produtos na região de Salvador não será prejudicado.   

Além do apoio formal, os moradores também contaram com a solidariedade da comunidade, que se mobilizou para ajudar os atingidos pelo incêndio. Pelas ruas no entorno da fábrica não era difícil encontrar moradores e pequenos comerciantes oferecendo água e café aos desalojados e às equipes que trabalhavam combatendo o fogo.

Gerente de um mercado da região, Jordan Nobre, 29, levou doações ao Cesf. “Somos aqui do bairro, não tem como não ajudar. Trouxemos uma cesta básica e algumas garrafas de água mineral”, contou. 

Consultada sobre a legalidade da instalação de uma fábrica do porte da Ortobom em uma região com tantas casas, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Sedur) disse que a indústria não apresentava qualquer irregularidade e que tem autorização para funcionar na área.

“O Termo de Viabilidade e Localização (TVL) foi concedido com base na legislação vigente do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador (LOUOS). As atividades da fábrica, em Valéria, foram permitidas por se tratar de Zona Industrial”, informou por meio de nota.

Segundo a Sedur, a zona onde está localizada a fábrica permite, além de indústrias usos residenciais, comerciais e de prestação de serviços. 

Leia na íntegra a nota enviada pela Ortobom ao CORREIO: "A Ortobom informa, através de sua assessoria de imprensa, que aconteceu um incêndio hoje pela manhã em sua fábrica de Salvador e não houve vítimas. O Corpo de Bombeiros ainda está no local. A produção da região será atendida pelas demais fábricas licenciadas pela Ortobom. São 12 unidades no total.  As famílias que moram no entorno, que venham a ser afetadas direta ou indiretamente, terão todo o apoio da empresa. É cedo para falarmos das necessidades de cada família, mas destacamos que algumas já foram direcionadas para hotéis da região até que seja autorizado pela Defesa Civil o retorno para suas casas".* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela