Visitas domiciliares da Operação Dengue são suspensas por conta da pandemia

Prefeitura pede que população ajude a combater a proliferação do Aedes aegypti

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  • Gil Santos

Publicado em 18 de março de 2021 às 11:52

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO

Se você mora em uma casa de bairro popular é certeza que você tem um papel dos agentes de endemias colado atrás da porta. O documento que orienta os profissionais sobre a regularidade das vistorias já faz parte da tradição soteropolitana, uma tradição que será quebrada esse ano. A prefeitura divulgou os detalhes da Operação Dengue 2021, e uma das novidades é que esse ano não haverá visitas domiciliares.

Por conta da pandemia e do risco de transmissão do novo coronavírus, a pulverização ocorrerá da porta para fora, ou seja, apenas nas ruas. O prefeito Bruno Reis contou, nesta quinta-feira (18), que mais do que nunca a participação da população será fundamental para combater a disseminação do Aedes aegypti.

“Existe o costume dos agentes entrarem nas casas das pessoas para fazer a inspeção, o combate ao mosquito, e retirar os focos onde pode ocorrer proliferação. Mas, agora, com a pandemia, para não colocar em risco a família nem o agente, a população precisa fazer a sua parte e retirar das casas os recipientes que acumulam água para evitar o ambiente propício ao mosquito”, afirmou.

A preocupação das autoridades é de que o crescimento no número de casos de arboviroses transmitidas pelo mosquito - dengue, zika e chikungunya – sobrecarregue ainda mais as Unidade de Ponto Atendimento (UPAs) que já estão lotadas com casos de covid-19. O número de pacientes aguardando por um leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, voltou a subir. Eram 79 casos, na quarta, e 85, hoje.

A operação começou nesta quinta-feira. À tarde, agentes de combate às endemias estiveram no Rio Vermelho e na Ribeira fazendo o combate ao mosquito em ruas e embarcações. O acúmulo de água parada é o ambiente propício para a proliferação do Aedes aegypti. Entre janeiro e março deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde notificou 99 casos de dengue, 58 de chikugunya e 18 de zika. (Confira o calendário de inspeção abaixo).

Mudanças Mas as novidades não ficaram somente no papel atrás da porta. O famoso carro de pulverização, mais conhecido como fumacê, ganhou uma nova versão. Para facilitar o trabalho em locais de difícil acesso a prefeitura comprou motos e as adaptou para a tarefa. Elas receberam o nome de motofogs. São 12 veículos desse modelo, 20 caminhonetes, e 200 agentes fazendo esse serviço.

O cerco ao mosquito envolve até os filhotes. As larvas que ficam nos bueiros acreditando que estão protegidas terão um novo desafio. Um larvicida em forma de pastilha será despejado nesses locais. O material dissolve na água e mata o inimigo.

O uso do papel será aposentado. Agora, os trabalhadores vão usar tablets para registrar as ações realizadas nas ruas, e a prefeitura comprou 30 mil testes rápidos para detectar casos de pacientes com dengue. Eles ficarão disponíveis nas UPAs. O prefeito explicou que esses esforços são para evitar o pior cenário. Esse será o segundo ano da operação.

“Sempre começamos em março porque é o mês de transição entre o verão e o período da chuva, e o momento onde há acumulo e um clima mais favorável para a proliferação do mosquito. Nós sabemos que a pauta prioritária da cidade é o enfrentamento à pandemia, mas esse tema está diretamente associado porque o objetivo é tirar a pressão sobre o sistema de saúde e diminuir a demanda sobre as UPAs”, afirmou.

A Operação Dengue 2021 será realizada nos 12 distritos sanitários da cidade e nos 170 bairros de Salvador. Cerca de mil agentes de combate às endemias vão realizar o trabalho, serão usados 20 veículos tipo Doblô para logística e supervisão, e o investimento será de R$ 2,5 milhões.

Cenário No ano passado, o índice de infestação na cidade era de 2,9%, ou seja, de cada 100 domicílios em Salvador quase três tinham foco do mosquito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda manter esse número abaixo de 1%. A prefeitura explicou que teve problemas com a aquisição de larvicidas, e que ficou nove meses sem o insumo.

Esse ano, o índice está em 2,3%. A meta do Município é ficar abaixo de 2%, para se aproximar mais do número recomendado pela OMS. Por isso, é necessário o apoio da população.

As ações desse ano estabelecem também a instalação de armadilhas para o mosquito, nova capacitação para os profissionais de saúde, contrato de prestação de serviço com chaveiros para acessar imóveis abandonados e que estão servindo de criadouro, intervenção em imóveis de acumuladores, e ações articuladas entre as diversas pastas da prefeitura.

Na Operação 2020 foram realizadas 93 ações, 681 mil imóveis foram tratados com inseticida, 12,3 mil criadouros do mosquito foram inspecionados, 1,5 mil toneladas de resíduos foram recolhidos, 2,8 mil pulverizações de inseticida foram realizadas, e 2 mil litros de calda de inseticida foram usados nas ações.

Cronograma:18 e 19 de março: Inspeções em cemitérios, templos religiosos, borracharias, pontos de reciclagem e imóveis acumuladores;25 e 26 de março: Inspeções em praças públicas, bocas de lobo e instituições de saúde como UPAS, hospitais e clínicas;31 de março e 01 de abril: Inspeções em instituições de ensino municipais (Parceria com a Secretaria Municipal da Educação);08 e 09 de abril: Inspeções em hotéis, pontos turísticos e ação em imóveis de acumuladores em parceria com a LIMPURB e Secretaria Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre);15 e 16 de abril: Inspeções em mercados municipais, feiras livres, parques e estações de transbordo;22 e 23 de abril: Inspeções em órgãos públicos e em instituições de ensino (Parceria com a Secretaria Municipal da Educação);