Você prefere ser perfeito ou feliz?!

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  • Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Confesso que sempre me cobrei em minha profissão. Buscava dar o melhor de mim - outro nome para a perfeição - no setting terapêutico. O problema é que esse mundo idealizado da perfeição sempre revela o ônus.

Uma pergunta surge: existe de fato perfeição? De certa forma existe, mas a experiência na vida me aponta uma resposta nada convencional: ela irá existir quando reconhecermos as imperfeições que nos são tão naturais...Sabe, quando buscamos ser perfeitos, apenas seguimos na direção de um oásis, bem no meio de nossas fragilidades, produzindo veneno que nos mata aos poucos. 

Esses tempos pandêmicos vi-me diante desse evento. Quando se instalou o "fechar tudo" entrei em desespero, pois logo imaginei a redução dos meus rendimentos financeiros no consultório. Deprimi diante do desespero e do medo. Foram arrefecendo quando percebi que a "nova onda" dos atendimentos virtuais davam conta...e como davam! Sem perceber, comecei a trabalhar em excesso - doze horas por dia, não havia limites! E o pior: não escutava o alerta da minha esposa de que precisava reduzir o ritmo.

Mente e corpo começaram a dar sinais de que as coisas não andavam nada bem! Engordei alguns quilos e ganhei dores lancinantes nas costas e quadril, resultado de tanto tempo sentado. Psiquicamente, o impacto veio com a ansiedade, angústia, irritabilidade. Procurei ajuda terapêutica e o quadro estabilizou. Mas não parou por aí. Colapsei de vez: lapsos de memória passaram a ser frequentes no cotidiano. Fora o fato de marcar dois clientes em um mesmo horário, esquecia de chamá-los, mesmo tendo uma agenda bastante companheira. 

As falhas em mim começaram a brilhar que nem luz neon em outdoors. Estava em colapso devido à exaustão. Já passou por isso? Há uma patologia para tais sintomas: Síndrome de Burnout! Bastante comum nas questões laborais, mas sinta-se à vontade para estender o diagnóstico para as demandas do lar. O problema do falhar - como sintoma - é que o lapso potencializa maus pensamentos acerca de si mesmo, empurrando-nos para um fosso de angústia e, consequentemente, doenças na alma, como depressão, transtorno de ansiedade e tantas outras...

A exaustão é, na verdade, um fenômeno comum de se observar, especialmente nos finais de ano. Sobretudo nesses últimos meses e atinge todas as áreas em que estivermos presentes como seres funcionais. Decidi mudar um pouco a forma de relacionar-me com o trabalho: comecei a folgar cinco dias por mês, dei pausas entre sessões, busquei novos prazeres, como a escrita. Reconheci minha linda e frágil humanidade, passando a ter uma vida, não perfeita, mas muito mais leve e feliz... 

E você? Está se martirizando com as próprias falhas? Ou tentando aprender com elas como transformá-las em sementes de transformação para novos conhecimentos, descobertas? A caminhada pode ser mais leve, acredite! Mesmo cansado e cheio de limitações, a gente tem a incrível capacidade de escrever uma nova história. Com finais felizes, inclusive! 

*Iarodi D. Bezerra é Psicoterapeuta. Atua no atendimento infanto-juvenil e de adultos. Facilitador de grupos de psicoterapia.