Você sabe o que é um bom lugar para trabalhar?

Especialista diz que empresas precisarão ser mais flexíveis em horário e local

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  • Do Estúdio

Publicado em 31 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Correio / Divulgação

A flexibilidade de horário, de local de trabalho e de tarefas mudará profundamente as organizações. Esta é a previsão feita por José Tolovi Jr., presidente do Conselho do Great Place to Work (GPTW) Brasil, que ressalta que esta transformação já está em curso. Em entrevista ao CORREIO, o consultor com experiência em gestão de pessoas, transformação de ambientes organizacionais, pesquisas quantitativas e qualitativas e avaliação de práticas de gestão de pessoas, destacou a importância de uma relação de confiança entre os colaboradores e a empresa: “Tudo mudou: as empresas, a economia a sociedade. Mas os bons ambientes de trabalho continuam sendo ambientes onde há um clima de confiança”.

Membro também dos Conselhos GPTW do México, Canadá, Espanha e França, José Tolovi Jr. fundou o primeiro escritório do Instituto fora dos EUA - no Brasil – além de ter participado ativamente de sua internacionalização. O GPTW é empresa global de consultoria e treinamento que realiza a pesquisa das melhores empresas para trabalhar em 59 países, em todos os continentes, envolvendo 10 mil companhias e 12 milhões de colaboradores. Em terras brasileiras, está presente há 26 anos. José Tolovi Jr. é presidente do Conselho do GPTW Brasil e membro dos Conselhos no México, Canadá, Espanha e França (Foto: divulgação) Redes Sociais Ao ser questionado sobre o uso das redes sociais no ambiente de trabalho, Tolovi foi enfático: “Proibir nunca é uma boa solução”. O presidente do Conselho GPTW Brasil recomenda uma conversa aberta com os colaboradores e buscar uma solução que não prejudique a empresa e nem os funcionários. Leia abaixo a entrevista na integra. Confira:

CORREIO - O que é ser um bom lugar para trabalhar hoje? Isso mudou nos últimos anos?

TOLOVI - De uma maneira bem resumida e direta um bom lugar para trabalhar é onde se encontra um ambiente de confiança. Confiança é a palavra-chave. Os colaboradores confiam na gestão, em seus chefes e estes confiam em seus subordinados. Curiosamente isso não mudou nos últimos quase 30 anos, desde que o primeiro livro de Robert Levering foi publicado. Digo curiosamente, porque tudo mudou: as empresas, a economia a sociedade. Mas os bons ambientes de trabalho continuam sendo ambientes onde há um clima de confiança.

CORREIO - Como despertar o melhor do colaborador?

TOLOVI - Volto no tema anterior, o ambiente de confiança permite que o colaborador possa ousar, ter ideias, discordar do chefe. Isso tende a despertar o melhor de cada um.

CORREIO - Qual a importância de uma empresa ter o certificado GPTW?

TOLOVI - O Certificado GPTW é uma comprovação de que aquela empresa certificada tem um ambiente de confiança (na verdade avaliamos um pouco mais que isso, mas a base é a confiança) e isso tem como consequência uma empresa mais produtiva, mais responsável e mais inovadora. Isso pode ser um bom critério na hora de se escolher um fornecedor, por exemplo. Se eu tiver que escolher entre duas empresas, eu escolheria aquela que é certificada pelo GPTW. É o equivalente da certificação ISO para a qualidade.

CORREIO - O Instituto percebe que as pessoas escolhem o lugar para se candidatar a uma vaga de emprego a partir do Ranking GPTW?

TOLOVI - Eu diria que os melhores candidatos sempre terão mais possibilidades de escolha do lugar onde irá trabalhar. E as pessoas olham os rankings GPTW. Isso não quer dizer que qualquer empresa de um ranking nosso serve para qualquer pessoa. Há vários outros critérios como o setor, se é uma empresa grande ou pequena, se é uma empresa nacional ou multinacional, por exemplo. Mas estar em um ranking GPTW pesa bastante nas escolhas das pessoas. Temos comprovação disso pelo aumento significativo dos números de currículos que as empresas premiadas recebem após cada publicação de uma lista nossa.

CORREIO - Consegue prevê uma mudança na cultural organizacional, no futuro, que será importante para a empresa se adaptar e se manter como um bom lugar para trabalhar?

TOLOVI - A mudança, que já está em curso, é a flexibilidade. As pessoas querem cada vez mais flexibilidade de horário, de local de trabalho (home office, por exemplo) e de tarefas. Sei que isso é muito difícil de se coordenar, mas é a exigência que se faz cada vez mais presente nos jovens que ingressam no mercado de trabalho. E isso vai afetar profundamente as organizações

CORREIO - Atualmente, as redes sociais estão presentes no dia a dia das pessoas. Como a empresa pode se adaptar a esta realidade sem perder a produtividade do funcionário? Proibir uso de celular durante o serviço é a melhor saída?

TOLOVI - Proibir nunca é uma boa solução. Pode até piorar a situação. O importante é entender a situação, conversar abertamente com os colaboradores e contar uma solução que não prejudique a empresa e nem os colaboradores. Não há solução mágica, mas isso é uma realidade e temos que lidar com ela. Proibir não vai resolver.

CORREIO - Na Bahia, existe alguma peculiaridade que as empresas precisam estar atentas para transformar a empresa em um bom lugar para trabalhar?

TOLOVI - Creio que não há nada em particular na Bahia. Encontramos excelentes lugares de trabalho (e, infelizmente, muitos péssimos) pelo mundo todo, em culturas muito diferentes em sociedades bem diferentes. A confiança é sempre o elemento presente.

CORREIO - Quais os principais desafios da modernidade para as grandes e pequenas e médias empresas conseguirem ter um excelente ambiente de trabalho?

TOLOVI - O desafio é bem claro: muita comunicação, muita conversa, muita escuta. Não há nada que não se possa resolver com uma boa conversa e um bom entendimento. Digo que é um desafio, porquê pessoas, em geral, em cargos de liderança tem dificuldade em ouvir e se abrir com subordinados. E é claro que nas melhores empresas isso ocorre de uma forma mais natural.

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