Volta às aulas com saúde: crianças sofrem mais com as doenças pós-folia

Olhos também merecem atenção dos pais

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 12:05

- Atualizado há um ano

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Se você levou o seu filho para curtir o Carnaval na avenida e tem notado algo estranho na saúde dele por esses dias, fique alerta: a criança pode estar com alguma dessas doenças que a festa contribui para espalhar, logo que acaba.

As crianças, segundo médicos pediatras, estão bem mais suscetíveis de adquirir uma ‘virose de Carnaval’ ou ter um problema estomacal devido a, nem sempre, tomarem o mesmo cuidado que os adultos, como evitar certas comidas e lavar as mãos, por exemplo.

Na quinta-feira posterior à folia momesca, a médica pediatra Denise Gatois, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Baiana de Pediatria, já estava atendendo mais crianças do que o normal. “Isso sempre ocorre nesse período pós-Carnaval. Semana que vem devem aparecer ainda mais. Mas não é algo que deva assustar. Basta procurar logo um médico aos primeiros sintomas e fazer as recomendações do profissional”, orienta  ela.

Check-up Importante também, observa, é levar as crianças para fazer exames de rotina durante a semana. “Em época de início de ano é sempre bom fazer isso. Não precisa ser um check-up geral, mas algo mais direcionado, relacionado a outros problemas que a criança já teve”, acrescenta.

As doenças mais comuns que aparecem em crianças após o Carnaval são os resfriados e gripes, que podem ou não vir acompanhados de febre e, geralmente, são causados por viroses que se espalham com facilidade com a aglomeração da festa. Podem ocorrer ainda outros problemas relacionados à pele, como alergias ou exposição excessiva ao sol sem a devida proteção; e as gastroenterites, como vômitos, dores abdominais e diarreias, geralmente causadas por alimentos ou líquidos de higiene duvidosa.

“Nessa questão das alergias, importante verificar se não foi causada pelos produtos usados como enfeite, como glitter, ou pelas fantasias, que muitas vezes são usadas sem que passe antes por uma lavagem e podem ter algum produto alérgico para a criança”, explica a médica pediatra Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatra Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Sintomas No caso da criança aparecer com sintomas, sobretudo se estiver tossindo ou espirrando muito, o correto é deixá-la em casa para evitar que outros colegas da escola se contaminem. “E, se piorar, levar ao médico logo”, completa Mariane.

Em Salvador, colégios como o Salesiano já iniciaram a preparação para o retorno às aulas desde antes do Carnaval. As atividades na unidade começaram desde 29 de janeiro. O colégio informou que tem intensificado o estímulo à  prática de lavar as mãos com água e sabão ou com álcool gel, inclusive nas salas de aula.

“Desde o início do ano, estamos tendo  reuniões com os pais sobre esses cuidados relacionados às doenças de Carnaval. E temos orientado os pais a deixar os filhos em casa se não estiverem muito bem de saúde. É algo que nos preocupamos todo ano”, informa  a coordenadora geral do Salesiano Paralela, Cristina França.

O presidente da Associação Baiana dos Educadores da Educação Infantil e Afins (Abeia), Bruno Sepúlveda, que também é dono de uma creche, a Joãozinho e Maria, na Pituba, disse que sempre após o Carnaval as doenças que mais aparecem são as viroses e conjuntivite.

“Trabalhamos com prevenção durante o ano todo, não só nessa época. Um dos preceitos nossos é sempre lavar as mãos antes de pegar nas crianças, em todos os setores e salas da creche temos álcool gel e recomendamos aos pais e outros responsáveis a lavar as mãos antes de virem buscar as crianças”, conta.

Olhos também merecem atenção dos pais Para ter um bom desempenho escolar, é necessário que a criança ou adolescente esteja enxergando sem dificuldades, o que nem sempre é perceptível pelos pais, sobretudo quando se trata das crianças pequenas, que estão nas séries iniciais. Segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 20% das crianças em idade escolar apresentam algum problema oftalmológico por causa de erros refracionais não corrigidos. E estima-se que 5% delas têm menos de 50% da visão normal.

“É muito comum no dia a dia do consultório descobrirmos erros de refração, que é como denominamos a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia, em crianças que tinham problemas de aprendizagem ou comportamento na escola”, afirma o oftalmologista Geraldo Canto, da Clínica Canto.

Os problemas de visão mais comuns na infância, diz o médico, são hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto) e miopia (dificuldade para enxergar de longe), mas as crianças também podem desenvolver astigmatismo (dificulta a visão de longe e de perto), estrabismo e insuficiência de convergência (dificuldade dos dois olhos em trabalhar coordenadamente).

Como as crianças não percebem que têm dificuldade para enxergar, é importante que os pais fiquem atentos no comportamento delas. “Quando a criança tem alguma dificuldade visual, costuma ter dores de cabeça, desinteresse pelo estudo, baixo desempenho escolar, fica muito próxima da televisão e de aparelhos eletrônicos ou tem mania de franzir os olhos para conseguir enxergar. Caso perceba essas atitudes em seu filho, é importante procurar um oftalmologista”, destaca.

As dores de cabeça e desinteresse nas atividades escolares também podem ser um sinal de cansaço visual, que costuma ocorrer após longos períodos de leitura ou estudo em condições inadequadas.

“Nesse caso, não se trata de nenhum problema visual, é apenas um desconforto por atitudes inadequadas na hora de estudar. A recomendação é que se evite ambientes escuros, lembrando que, mesmo durante o dia, pode haver necessidade de ligar a luz”, explica Canto.

Fique de olho Consulta  A primeira consulta da criança no oftalmologista deve ser feita entre os 6  e 12 meses de idade, quando já é possível verificar a existência de um grau mais elevado, diferença de visão entre os olhos, diferença de grau ou fixação do olhar

Exame  Dos 6  meses de vida até a criança ter idade sufuciente para se expressar sozinha e dizer o que sente, o exame é feito pela avaliação dos olhos depois de uma dilatação da pupila. A partir do momento em que a criança já consegue se comunicar e demonstra ser colaborativa, os oftalmologistas também começam a utilizar imagens como desenhos, números ou letras

Periodicidade Caso não surjam sintomas que incentivem uma ida ao oftalmologista para verificação, o ideal, segundo especialistas, é que o acompanhamento seja realizado uma vez por ano e iniciado antes mesmo da criança começar a  cursar a alfabetização, para evitar baixo rendimento.

Leia os sinaisSintomas Dores de cabeça, desinteresse pelos estudos, baixo desempenho escolar, ficar próxima à TV ou aparelho eletrônico ou franzir os olhos para conseguir enxergar são indicativos de que a criança não está enxergando bem

Desconforto Cansaço visual, que costuma ocorrer após longos períodos de leitura ou estudo em condições inadequadas, também pode causar dores de cabeça

Pausa A cada 20 minutos de tela, a criança deve olhar para o horizonte para descansar a visão