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Oscar Valporto
Publicado em 22 de junho de 2016 às 08:17
- Atualizado há 3 anos
Doriva é um jovem treinador de carreira promissora como indicavam os seus resultados à frente do Ituano e do Vasco. Não tinha exatamente o perfil ofensivo que a atual diretoria do Bahia disse querer para o time, mas montou uma equipe competitiva que teve o ataque como destaque nas competições que disputou. É verdade que o Tricolor não conquistou seus objetivos no começo da temporada. Foi eliminado na semifinal da Copa do Nordeste - pelo Santa Cruz, time da Série A. Perdeu o título baiano para o Vitória, outra equipe da Série A. E caiu na Copa do Brasil para o América Mineiro, que também conquistou o acesso à elite no ano passado. Portanto, as derrotas foram para adversários teoricamente mais fortes. O maior problema do Bahia não era - e provavelmente não será - o treinador; o principal problema é a limitação do elenco, que tem deficiências crônicas nas laterais nunca resolvidas pela diretoria.Tony - titular no primeiro semestre de 2015, no começo da gestão da atual diretoria - Railan, Adriano Apodi, Cicinho, Hayner e agora Tinga foram utilizados pelo lado direito sem que nenhum agradasse à torcida que agora tem saudades até de Madson, muito vaiado e contestado enquanto vestiu a camisa tricolor. Não é fácil achar um lateral: numa pesquisa rápida entre torcedores, o último lembrado com saudade foi Jancarlos, titular na campanha do acesso de 2010.Do outro lado, desde 2015, ocuparam a lateral Carlos, Raul, Patric, Vitor, os dois João Paulo e Moisés - e a melhor lembrança é o improviso do canhoto Bruno Paulista por ali. Na mesma rápida pesquisa entre tricolores, um Ávine saudável ou o jovem Dodô, lembranças de cinco anos atrás, foram apontados como os últimos laterais-esquerdos de talento.Não é culpa de Doriva que os dirigentes tenham sido incapazes de contratar laterais capazes de marcar bem, ajudar na saída de bola, e municiar o ataque. Nenhum dos jogadores testados nestes 18 meses agradou a treinadores, que revezaram atletas buscando uma solução, ou torcedores, que se exasperaram com os erros em posicionamento, passes e cruzamentos.Não custa lembrar que os problemas defensivos do Bahia vão além da questão crônica das laterais. A volta de Marcelo Lomba emprestou segurança e experiência à zaga. Mas Lucas Fonseca parece ainda mais lento do que já era quando a velocidade de Titi lhe ajudava. Jackson parece ter sido o único acerto da direção do futebol tricolor.Demitir Doriva - com a equipe em quinto lugar na Série B - foi uma solução fácil e tradicional: a velha cartolagem dos clubes sempre usou os técnicos como bode espiatório da sua própria incompetência.Bom começoTite assumiu a Seleção Brasileira e achou melhor deixar Rogério Micale cuidando da equipe olímpica. Foi o primeiro acerto: Micale conhece os jogadores e tem feito um bom trabalho. É claro que terá mais dificuldades ao lidar com estrelas como Neymar e outros jogadores com mais de 23 anos que vão se incorporar ao time. Nisto, Tite pode ajudar porque este, inclusive, é sempre um desafio para os treinadores da Seleção Brasileira: lidar com as estrelas e seus egos. Tite tem currículo, conhecimento e capacidade para dirigir a seleção. Vai ficar mais fácil de torcer.Craque no meioEnquanto Tite deve estar quebrando a cabeça sobre como montar o meio-campo da seleção, Andres Iniesta dá um show de passes e toques na Euro 2016 para provar que o estilo tika-taka da Espanha ainda pode encantar a torcida.>