Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Oscar Valporto: economia e política em época de superclássico

  • D
  • Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2014 às 04:31

 - Atualizado há 3 anos

As seleções de Brasil e Argentina disputam sábado o Superclássico das Américas num palco inusitado: o estádio Ninho do Pássaro, em Pequim, na China. O jogo entre potências do futebol foi marcado para a potência econômica pelos patrocinadores das duas seleções, mais do que interessados no mercado asiático. O futebol avança na Ásia. Começou com investimentos de times japoneses e sul-coreanos, no final do século passado; ganhou força com a abertura da China a costumes ocidentais, inclusive o futebol globalizado; e, agora, chegou à Índia, que fortalece a sua liga com a contratação de estrangeiros. O brasileiro Zico, decisivo para a popularização do futebol no Japão na última década do século passado, agora é treinador do Goa, uma das forças da novíssima Superliga de Futebol da Índia, onde vão jogar veteranos como o italiano Alessandro Del Piero, o francês David Trezeguet e os espanhóis Luis García e Capdevila.

No mundo globalizado do futebol, o gigantesco mercado consumidor da Ásia faz parte das prioridades de qualquer clube, investidor ou patrocinador que trate o esporte com o profissionalismo exigido para ter sucesso. Nos últimos anos, os principais clubes europeus tornaram rotina as pré-temporadas asiáticas, divulgando o futebol, reforçando marcas e criando novos torcedores (e consumidores). Manchester United, Chelsea, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique: todos fizeram amistosos e pré-temporadas do outro lado do mundo. Mesmo este ano, quando a Copa do Mundo restringiu o tempo de preparação, a Juventus de Turim passou duas semanas na Indonésia.

Investidores e patrocinadores aparecem porque o futebol está ganhando popularidade mundial. A Copa 2014 mostrou a força do soccer nos Estados Unidos, onde a liga terá na próxima temporada o reforço do brasileiro Kaká, do espanhol David Villa e do inglês Frank Lampard, além de ter repatriado destaques da seleção dos EUA que disputou o Mundial. O futebol vai bem, obrigado. Só o Brasil continua sem aproveitar seu imenso potencial: produz jogadores e mais jogadores, que fazem sucesso por tudo mundo; o futebol é o esporte mais popular do país; e o nosso mercado consumidor também é grande e permanece em crescimento.

Herança maldita A ditadura instalada no Brasil em 1964 teve como marca principal o aprofundamento da desigualdade, criando um abismo entre os mais ricos - inclusive uma pequena classe média - e os mais pobres. Para aprofundar o fosso, os mentores do regime destruíram a educação pública e a saúde pública e selaram a separação entre os que podiam pagar a escola particular e o plano de saúde e os que não podiam. Nossos 30 anos de democracia, após 20 anos de ditadura, ainda não foram suficientes para superar essa herança maldita - educação e saúde para os mais pobres permanecem o maior desafio. Foi durante a ditadura também que o futebol virou definitivamente moeda política, usado pelo regime para ganhar alguma base popular. Clubes e entidades foram invadidos por pessoas sem nenhuma relação com o esporte e interesses nada republicanos - um entulho autoritário do qual o futebol brasileiro ainda não conseguiu se livrar.

A mesma eleição Foi o ex-presidente Lula, que conhece política e futebol, quem disse que o segundo turno terá o clássico da política brasileira. É assim desde 1994: vermelhos do PT x azuis do PSDB. Jogadores conhecidos, torcidas grandes e fanáticas, dinheiro para gastar: muitos componentes dos clássicos do futebol. Valem, inclusive, os clichês a começar por ‘clássico não tem favorito’. E o ainda mais verdadeiro ‘clássico se decide nos detalhes’. No caso, os detalhes são os votos amarelos, verdes, rosas, laranjas, cinzas - aqueles que decidirão o jogo.