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Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 05:00
- Atualizado há um ano
A goleada por 6x1 indica um jogo fácil: não foi. O bom time do Celta de Vigo ameaçou o Barcelona no primeiro tempo quando saiu de campo com um empate que não era exatamente merecido - os atuais campeões espanhóis, europeus e mundiais jogaram melhor - mas estava longe de ser uma injustiça. E, mesmo após levar o segundo gol, o Celta não se desorganizou, teve até chances de empatar. Mas o talento fulgurante dos craques do Barcelona acabou tornando fácil o que era difícil, desestruturando o adversário estruturado, oferecendo aos 71 mil que acompanhavam no Camp Nou e aos milhões que viam pela TV, além da vitória, um espetáculo esportivo.
Em toda a parte, corações apaixonados por futebol bateram acelerados com a exibição de Messi, Suárez, Neymar, Iniesta e seus luxuosíssimos coadjuvantes. No Rio, amigos torcedores do Flamengo viram na perfeição da cobrança de falta do craque argentino - que abriu o placar em Barcelona - uma homenagem ao ídolo rubro-negro Zico. A curva, a barreira encoberta, o ângulo inalcançável da rede: tudo que Messi fez com a perna esquerda lembrou momentos perfeitos da perna direita de Zico.
Argentinos foram à loucura - e, claro, lembraram Maradona e ainda Batistuta - no passe por cobertura de Messi para Suárez no segundo e mais belo gol da exibição do Barcelona no Camp Nou. Perfeito toque, perfeito arremate do artilheiro Luisito Suárez. Lio estava atacado: fizera o seu, dera um ao uruguaio, faltava o de Neymar. Ele driblou dois ou três e deixou o brasileiro diante do goleiro - espaço mínimo, mas o suficiente para o menino de Santos dar o drible e tentar jogar para as redes; na dúvida, com a bola rolando sobre a linha, foi Suárez quem cumpriu a missão do artilheiro de empurrar para a rede. O público do Camp Nou passava de torcedor a espectador de um show.
De São Paulo, o baiano Flavio Costa testemunhava pelo Twitter a sensação de ver o espetáculo na TV ao lado da filha pequena: “Nunca esquecer: tardes de domingo, minha filha e eu vendo Messi, Neymar e Suárez...”. Na sala de casa em Salvador, minha mulher, que tem distante relação com o futebol, decreta: “Vou torcer pelo Barcelona. Eles estão se divertindo, passam a maior felicidade”.
E está na cara - nas caras - que eles estão mesmo. É tanta diversão que subverte até o mais óbvio dos lances, a cobrança de pênalti - nascido de uma falta em Messi, depois de mais um drible desconcertante. A cobrança imprevisível para o lado, outro gol de Suárez, mas que devia ser de Neymar, com quem estava tudo combinado. Esqueceram de avisar o uruguaio - pistoleiro, matador, canibal - que, na dúvida, botou mais uma na rede. Um narrador inglês foi à loucura: “Messi é shakesperiano. Mas Shakespeare estava errado: não é Rei Lear, é Rei Lio”.
E o croata Rakitic entrou para fazer o seu gol, e o capitão Iniesta saiu para ser ovacionado e dar lugar para o turco Arda Turan ir se acostumando a participar dessa constelação. E a festa terminou com o gol de Neymar Jr., matando a bola no passe longo de Suárez com a perna esquerda e desviando do goleiro também de canhota. Craque faz o que é preciso para a bola encontrar a rede. E assim terminou o espetáculo que fez todos os amantes do futebol começarem a semana mais felizes.PAREDÃOAntes do show do Barcelona, teve aquela dose de sofrimento pela TV com o sufoco que o Bahia levou do Santa Cruz, no Arruda. No primeiro teste de verdade, a defesa do Bahia foi quase toda reprovada, mas Marcelo Lomba levou nota 10 com três defesas salvadoras. Depois de dominado no primeiro tempo, o bicampeão baiano melhorou na etapa final, mas seguiu sob bombardeio. A defesa falhou; a trave salvou. Mas deu tudo certo: a vitória foi importante e o jogo serviu para Doriva ver com mais clareza os problemas do time.
*Oscar Valporto é editor-chefe e escreve às quartas-feiras e domingos.