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Ato com líderes religiosos, estudantes e muita música celebra Mãe Stella de Oxóssi

Maria Stella de Azevedo Santos, mais conhecida como Mãe Stella de Oxóssi (1925 - 2018), foi a 5ª ialorixá que assumiu o Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Tharsila Prates

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 19:10

Estátua de Mãe Stella na Avenida Paralela
Estátua de Mãe Stella na Avenida Paralela Crédito: Bruno Concha/ Secom PMS

A homenagem ao centenário de Mãe Stella de Oxóssi, nesta quinta-feira (21), foi marcada pelo rufar dos atabaques do Grupo Raça - Ilê Axé Opô Afonjá, seguidos de apresentações dos grupos Raça de Capoeira no Terreiro, do mestre Yaô Helmut, e do Malê Debalê. Diante da estátua de uma das maiores líderes religiosas da Bahia, na entrada de Stella Maris, autoridades, líderes de religiões de matriz africana, estudantes da rede municipal e representantes do Conselho Inter-religioso da Bahia (Conirb) assistiram às manifestações culturais.

A iniciativa foi coordenada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e integra o Projeto Agosto: Mês da Igualdade, que busca valorizar nomes da cultura soteropolitana.

Ao ler uma mensagem enviada pela Ialorixá Mãe Ana de Xangô, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, o Obá Telá Rodrigo Codes reforçou a luta de Mãe Stella pela valorização das tradições de matrizes africanas. “Ter uma avenida e um monumento batizado com o nome de uma mulher negra, do candomblé, é um marco para nós. Ela está ali para lembrar quem somos e de onde viemos”, afirmou o religioso, ao recordar a memória de Maria Stella de Azevedo Santos, mais conhecida como Mãe Stella de Oxóssi (1925 - 2018) - quinta ialorixá que assumiu o Ilê Axé Opô Afonjá.

Ato simbólico em frente ao monumento da Avenida Paralela por Bruno Concha / Secom PMS

Além de ressaltar a relevância da líder para o fortalecimento das religiões de matriz africana, o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, chamou atenção para o trabalho que a Prefeitura de Salvador tem realizado na preservação de memórias religiosas e históricas. “Esse monumento, o nome dessa rua, tudo isso é um trabalho dentro de uma filosofia da nossa gestão que visa resgatar e valorizar quem de fato ajudou a construir as nossas memórias. Mãe Stella foi uma dessas figuras, que permanece eternizada em seu legado, dando nome a esse monumento e a essa avenida”, destacou.

Guerreiro também agradeceu a presença dos familiares de Tatti Moreno (1944 - 2022), artista plástico que concebeu o projeto da estátua de Mãe Stella. “Preciso fazer uma referência especial para Tatti Moreno, artista que a vida inteira lutou para preservar essas tradições de matriz africana. Toda a carreira dele foi marcada sempre por essa luta e por trazer para o público da cidade a importância de ter uma Salvador com a cara do povo de santo”, emendou o presidente da FGM.

Emocionado, André Moreno, filho de Tatti, revelou a alegria em participar do ato simbólico. “É uma honra, uma alegria e satisfação poder fazer parte desse ato em homenagem aos 100 anos de Mãe Stella, representando meu pai, um ser humano muito doce, delicado e com um profundo conhecimento sobre as religiões de matriz africana”, comentou.

Tolerância

Durante o pronunciamento inter-religioso, o padre Edson Menezes, membro do Conirb e reitor da Basílica do Bonfim, falou sobre a tolerância. “É fundamental não só a nossa presença, mas o compromisso que cada um de nós deve assumir de sempre conviver com o outro que pensa de modo diferente da gente, que faz uma opção de vida diferente da nossa, que professa uma outra religião. Nós vivemos hoje num mundo marcado por tantas divisões e precisamos cultivar a cultura da aproximação, do entendimento e do diálogo”, disse o padre.

Representando a vice-prefeita e secretária de Cultura e Turismo, Ana Paula Matos, o gerente de Equipamentos Culturais da FGM, Chicco Assis, fez referência ao ato de vandalismo contra o monumento a Mãe Stella em 2023 e reforçou as ações públicas para restaurar a estátua e devolvê-la à população. “Há mais de um ano, estávamos aqui reinaugurando o monumento de Mãe Estela, depois de um ato de intolerância e racismo religioso. Então, celebrar hoje o centenário de Mãe Stella, essa memória tão viva, tão importante para a religiosidade e para a cultura de matriz africana, é poder reafirmar a nossa luta, o nosso compromisso de combate ao racismo e à intolerância”, disse ele.

O ato contou ainda com a presença de estudantes da Escola Municipal Eugênia Ana dos Santos, localizada no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro. Segundo a professora Rejane Santana, a atividade extraclasse se soma ao conteúdo teórico apresentado em sala de aula. “Temos estudado a biografia dela. Ficamos muito felizes com a oportunidade de trazê-los”, comentou a educadora.