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Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2011 às 06:28
- Atualizado há 2 anos
Salvatore Carrozzo | Redação CORREIORoubos sempre inspiraram roteiristas e diretores de cinema. Para quem gosta do tema, um novo exemplar do gênero chega às salas amanhã. Baseado em fatos reais, Assalto ao Banco Central marca a estreia na direção de Marcos Paulo, nome forte da TV brasileira. >
Vinícius de Oliveira em cena de Assalto ao Banco CentralBaseado em fatos Além das cenas de ação, a trama traz um triângulo amoroso formado por Eriberto Leão, um dos protagonistas de Insensato Coração, Hermila Guedes e Milhem Cortaz. O elenco conta, ainda, com Lima Duarte, Giulia Gam, Vinícius de Oliveira e Cássio Gabus Mendes, além de Juliano Cazarré, o sensual Ismael de Insensato Coração, e o baiano Fábio Lago.O mote que deu origem ao roteiro, assinado por Renê Belmonte, veio das manchetes dos jornais. No dia 8 de agosto de 2005, a surpreendente notícia de um roubo cinematográfico, o maior do Brasil e o segundo maior do mundo, tomou o país de assalto, com perdão do trocadilho. Na manhã daquele dia, uma segunda-feira, os seguranças da sede do Banco Central em Fortaleza, no Ceará, descobriram um buraco no chão de uma das salas que guardavam grandes quantias.O que não estava mais lá eram R$ 164,7 milhões. O roubo propriamente dito aconteceu na madrugada do sábado anterior, 48 horas antes da descoberta do rombo.A ação foi mesmo espetacular. Afinal, o montante surrupiado, mesmo em notas de R$ 50, somava, em peso, impressionantes 3,5 toneladas. Três meses antes, a gangue, formada por 36 pessoas, alugou uma casa nos arredores da sede do banco, abrindo uma empresa de fachada no local. Túnel chique Nos 90 dias seguintes, os bandidos cavaram um túnel de 80 metros de comprimento, cuja outra extremidade, obviamente, dava dentro da sala do dinheiro. O percurso ia sendo escorado com tábuas e contava com ventiladores e até um ar-condicionado. A terra que ia sendo retirada saía sorrateiramente da casa em caminhões da falsa empresa. Assim, a grama virou grana. Da quadrilha original, 26 integrantes foram presos e quatro foram assassinados. Até hoje, R$ 111 milhões ainda não foram encontrados pela Polícia Federal.Em Assalto ao Banco Central, a história começa com o personagem Barão (Milhem Cortaz), que junto à mulher Carla (Hermila Guedes) procuram o ex-presidiário Mineiro (Eriberto Leão) para executar o plano de assaltar o banco. Para isso, chamam o engenheiro Doutor (Tonico Ferreira) e uma equipe de operários golpistas que inclui Caetano (Fábio Lago).>
Ao lado, Lima Duarte é dirigido por Marcos PauloNo meio disso tudo, o religioso Devanildo (Vinícius de Oliveira), irmão de Carla, acaba caindo de paraquedas. Depois da descoberta do crime, a dupla Chico Amorim (Lima Duarte) e Telma Monteiro (Giulia Gam) passa a investigar o caso. A entrada de policiais corruptos e de participantes que dão com a língua nos dentes movimentam a história, auxiliada pela edição com saltos temporais. Estreia aos 60 Com seis décadas de vida recém-completados, Marcos Paulo, galã de produções da década de 70 e posteriormente diretor de televisão, assina o comando de um filme pela primeira vez. “Todo diretor, no fundo, tem o desejo de fazer um filme. Eu estava esperando o momento e o roteiro certos”, afirma. Atualmente, ele passa por tratamento contra um câncer no esôfago. “O fato de manter a cabeça trabalhando é uma grande sorte. É uma doença que precisa ser tratada, mas tenho muitas coisas pra pensar, a vida segue”, diz. E ele segue mesmo com os planos. Para 2012, aguarda a aprovação de alguns projetos pela cúpula da Rede Globo. Espera ainda tocar, no próximo ano, a direção de outro filme, Sequestrados, que, assim como Assalto ao Banco Central, conta com argumento – história que dá origem ao roteiro –assinado por Antonia Fontenelle. >
Policial ao lado da saída do verdadeiro túnel no Banco Central cearenseSem dor Marcos diz que o convívio com a equipe técnica tornou a nova prática mais fácil. “Não quer dizer que minha bagagem na TV não contou, mas cada linguagem tem sua característica própria, e cinema era algo novo para mim. Dei sorte com a equipe, a experiência não doeu muito”, conta, entre risos. Ele salienta que tentou não glamorizar atos criminosos e deixou de lado aparelhos de alta tecnologia que pudessem dar ares de Hollywood à gangue. “A realidade no Brasil é assim, trágica e engraçada”, conta.E foi essa simplicidade que o ator baiano Fábio Lago, 41, tentou imprimir em seu personagem. “Não quis fazer o Caetano com cara de bandidão”, diz o ator.Esse lado de criminoso amador acabou traindo Caetano. O ladrão compra uma casa de R$ 1 milhão com dinheiro vivo e chama a atenção da polícia. O fato ocorreu de verdade com um dos ladrões. Coisa de cinema mesmo.>