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Hilza Cordeiro
Publicado em 20 de maio de 2016 às 19:54
- Atualizado há 3 anos
Caminhão faz a remoção do cimento (Foto: Alexandre Correia)Mais de 30 horas depois do desabamento na Fábrica de Cimentos Aratu (antiga Cocisa), em Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o Corpo de Bombeiros conseguiu o equipamento necessário para remover a coluna de cimento que encobre o mototaxista Anderson Correia de Carvalho, 30 anos. Em negociações com empresas, na tarde desta sexta-feira (20), os bombeiros arranjaram com a MoppClean, empresa de manutenção pertencente à Braskem, um caminhão sugador para remover o pó e possibilitar a retirada da vítima.De acordo com a capitã Jamile Perrone, o caminhão, que sairia de Lauro de Freitas, deveria chegar ao local no início da noite. “A gente está aqui para o que der e vier. Se tiver que varar a madrugada, a empresa ficará disponível até o término do serviço”, garantiu ela. O maquinário chegou por volta das 19h30, mas só começou a remover o material por volta das 20h.>
"Primeiro vão remover o pó que está na região próxima ao corpo. Assim que tirarem, vão puxar ele. A esperança [de encontrá-lo vivo] se reduz pelo tempo em que ele ficou lá. A gente sabe das complicações e do peso do material", lamentou Alexandre Correia, primo de Anderson.Protesto e confusãoPela manhã, amigos do mototaxista protestaram contra a demora na retirada do corpo e interditaram a via próximo ao local utilizando galhos e pneus queimados. Segundo a ex-mulher de Anderson, Crislene Batista, a manifestação começou dentro da fábrica, mas a polícia colocou todos para fora. “A gente quis entrar para tirar ele, mas impediram. Se eles não tomam providência, a gente tem que tomar”, disse. De acordo com alguns manifestantes, a PM deu vários tiros para o alto durante a manifestação. A assessoria da PM negou o disparo de armas de fogo.>
De acordo com Alexandre Correia, primo de Anderson, 40 colegas mototaxistas tentaram se juntar ao protesto, mas foram barradas pela polícia antes mesmo de chegarem ao local.Por segurança, desde quinta-feira os bombeiros mantêm a área isolada. O corpo de Anderson está situado a cerca de 3 metros da entrada do reservatório, com aproximadamente 20 toneladas de cimento sobre dele. Por causa da demora no resgate, a família começou também a procurar empresas que pudessem fazer a remoção. Segundo Wilson Santos, primo de Anderson, uma companhia de Candeias chegou a cobrar R$ 60 mil pelo aluguel da máquina.“Os bombeiros analisaram tecnicamente a situação, mas se a população chegar para tirar fica feio porque são eles que têm que salvar. De manhã, eles pegaram a pá e fingiram que estavam cavando enquanto duas câmeras (de emissoras de TV) filmavam. O primeiro corpo quem resgatou foi a população, não eles”, lamentou Alexandro Correia, irmão de Anderson.>
[[saiba_mais]]Reginal Silva dos Santos (Foto: Bruno Cardoso/CORREIO)O primeiro corpo foi o do pintor Reginaldo Silva dos Santos, 39 anos, que também ficou soterrado. Ele já foi retirado sem vida do local. Até a noite desta sexta, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) ainda não havia liberado o corpo, pois a família estava providenciando o sepultamento.>
Anderson, que permanece soterrado, tinha dois filhos - um menino de 6 anos e uma menina de 3. Segundo Letícia Santos, 19, atual namorada do mototaxista, ele não costumava ir ao local. Procurada novamente, a Votorantim Cimentos, dona da fábrica desativada, tornou a lamentar o ocorrido e informou que está apurando os fatos.>