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Bosque Real: moradores resistem a deixar casas após sirenes de evacuação da Codesal

Área da comunidade acumulou 58,6mm de chuva nas últimas 24h

  • D
  • Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2023 às 13:27

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

As sirenes de alerta da Defesa Civil (Codesal) foram disparadas logo no início da manhã desta quarta-feira (8) na localidade de Bosque Real, no bairro de Sete de Abril, em Salvador. O alerta sinaliza a necessidade de evacuação devido a alta possibilidade de deslizamento de terra. No entanto, o que se viu por lá foi as famílias permenecendo nas residências, resistindo a sair mesmo com a busca ativa dos agentes da Codesal. 

Laiane Bacelar, 21 anos, mora na parte debaixo de uma área como morros em volta. Mesmo assim, diz que apenas deixa residência em último caso. "Só saio de casa quando estiver alagando mesmo, quando a gente vê que não tem jeito. Moro com meu esposo e minha mãe também tem casa aqui. Atrás da casa dela, o barranco já desceu uma vez, mas não dá pra sair. A gente conquistou muita coisa para perder tudo assim", afirma ela. 

Outra que não sai é a catadora Ana Paula da Silva, 44, que mora com três netos e um filho. Os netos já estão com vizinhos, mas ela e o filho vão permanecer para cuidar da casa. "Vou ficar e dormir com um olho fechado e o outro aberto. Embaixo da minha casa, tem um paredão que está descendo, quase caindo por cima da vizinha. Se descer, a minha casa também cai. Porém, a gente fica até a última hora e corre se o pior acontecer", diz Ana.  (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A casa da catadora está em risco iminente por conta do volume de água que caiu. Ao todo, nas últimas 72h, o acumulado de chuva em Bosque Real atingiu os 151,6mm, número que deixa a área em alerta máximo já que a previsão é que a chuva permaneça nesta quinta e na sexta-feira (9). Fabiana Santana, coordenadora de evacuação, explica o porquê da situação ser vista como perigosa e o protocolo da Codesal

"Quando há um volume pluviométrico de 150mm em uma área com previsão de mais chuvas, se aciona as sirenes. Desde ontem a noite, houve um aumento e aqui chegou a esse volume, o que demandou o protocolo do plano de prevenção, com a evacuação", explica a coordenadora. Com megafones, agentes da Codesal orientaram as famílias para se dirigirem à Escola Municipal Novo Marotinho para sua proteção.

Além da Novo Marotinho, a Escola Municipal Professora Irene da Silvas Costa Santos e a Escola Municipal Adauto Pedreira de Souza estão preparadas para receber famílias de Bosque Real. Até então, porém, nenhuma família aceitou deixar sua casa e ir até um desses abrigos. Mesmo assim, a Codesal pede que as famílias fiquem atentas e, diante de uma alteração de cenário, procurem o órgão através de ligação gratuita no 199.

Fabiana Santana explica que, no caso de Bosque Real, as famílias têm tendência a resistir à saída para abrigo. "Como há próximo casas que ficam em ruas com calçamento e que estão mais seguras, os moradores têm a percepção errada de que também estão seguros, mesmo estando em áreas com alto risco de deslizamento. Por isso, é difícil convencê-los a sair", fala a coordenadora.

Ana Maria Santana, 60, é moradora de Bosque Real há 40 anos e ilustra bem o pensamento geral de quem reside na área. "Não faz perigo. Com o tempo, a chuva passa. Eu já vi descer terra, mas nunca vi casa sendo soterrada. Por isso, não tenho medo que aconteça o pior. Lá embaixo alaga até, sobe o nível da água no brejo porque entope, mas o vizinho consegue resolver e não dá problema", conta ela, que nunca deixa a casa em dias de chuva.

Segundo a Codesal, nenhuma outra sirene foi acionada até às 19h30 desta quinta, em Salvador. O órgão também informou que não há registros de pessoas desabrigadas. Quanto aos desalojados, a Codesal não informou se alguma família se dirigiu as escolas disponibilizadas como abrigo. Até de tarde não havia nenhuma. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Chuva para todo lado

A água não caiu apenas em Bosque Real. Choveu na capital toda nas últimas 24 horas, mas em alguns bairros e localidades da cidade o cacau caiu com mais força. De acordo com informações da Codesal, os bairros de Sussuarana e São Rafael foram os que registraram os maiores índices pluviométricos nas últimas 12 horas. O volume de chuvas foi de 64,8mm e 59,8mm, respectivamente. 

No acumulado do mês, também é o bairro de Sussuarana, com 193,4mm, que lidera o acumulado de chuvas. Em segundo e terceiro lugar vêm Bosque Real, em Sete de Abril, e Vila Picasso, na Capelinha, com 182,2mm e 176,8mm. A média geral histórica de precipitação no mês de junho em Salvador é de 230 mm, o que coloca os bairros onde mais houve chuvas nos últimos oito dias com um volume de 80% do que era esperado para os 30 dias do mês.

A previsão para esta quinta-feira (8), é de céu nublado com chances de até 90% de chuvas fracas a moderadas, não se descartando a possibilidade de chuvas fortes, a qualquer hora do dia. Há risco para alagamentos e deslizamentos de terra. As chuvas foram causadas pela atuação de um sistema de baixa pressão (Cavado) próximo a costa do Nordeste e um sistema de alta pressão sobre o oceano Atlântico que intensificaram os ventos úmidos sobre Salvador.

Na sexta-feira (9), a previsão é de céu nublado com chuvas fracas a moderadas, a qualquer hora do dia. Há risco para alagamentos pontuais e deslizamentos de terra. Entre sábado (10) e domingo (11), a previsão é de céu parcialmente nublado com chuvas fracas, por vezes moderadas, a qualquer hora do dia. Há risco para deslizamento de terra.