Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 13 de maio de 2025 às 07:53
As buscas para investigar os registros de um antigo cemitério onde pessoas escravizadas teriam sido enterradas começam nesta terça-feira (13) em Salvador. Hoje, os pesquisadores montarão uma espécie de centro de comando. A escavação terá início às 14 horas de quarta (14). A suspeita é que o local esteja abaixo da área onde atualmente funciona o estacionamento da Pupileira, no bairro de Nazaré, terreno que pertencente à Santa Casa de Misericórdia da Bahia. >
Caso se confirme a localização, além das evidências materiais, os arqueólogos analisarão durante as escavações outros componentes materiais cobertos pelo solo. A investigação no Conjunto da Pupileira tem como base a pesquisa 'Levantamento Arqueológico na Área do Antigo Cemitério do Campo da Pólvora', conduzida pela arquiteta Silvana Olivieri.>
A pesquisa indica que o cemitério funcionou por cerca de 150 anos e foi administrado pela Câmara Municipal e depois pela Santa Casa. O local teria sido utilizado para sepultamento sobretudo de escravizados, mas também de pobres, indigentes, suicidas e encarcerados. A primeira fase da escavação acontecerá até o dia 23 de maio. >
As atividades do cemitério teriam sido encerradas em 1844 e, com isso, parte da história brasileira foi soterrada. “Esse achado tem potencial para abalar as bases coloniais, que apagam memórias e vestígios de violências. O cemitério trata do direito à memória, verdade e ao luto. O impacto será enorme porque se trata de um apagamento proposital”, defendeu a pesquisadora. >
Para a execução da escavação, a empresa Arqueólogos Consultoria e Pesquisa Arqueológica recebeu autorização da Santa Casa de Misericórdia, responsável pelo Conjunto da Pupileira, e será acompanhada por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
>