Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 08:58
- Atualizado há 2 anos
“Você dorme um dia e quando acorda vê um monte de placa dizendo que para deixar o carro onde você estaciona a vida toda, agora tem que pagar!”. A reclamação é do tatuador Rômulo Cruz, 35 anos, que mora na Rua Bernardo Catarino, na Barra, que foi incluída na Zona Azul, onde é obrigatório o pagamento para estacionar. Para tentar contornar situações como a de Rômulo, a prefeitura vai lançar a Zona Verde, cuja portaria está prevista para ser publicada no Diário Oficial do Município hoje ou amanhã. >
Com a iniciativa, que será lançada como piloto na Barra, quem reside em determinadas áreas de Zona Azul vai poder estacionar a qualquer hora sem pagar. Também está em estudo a permissão para que os residentes estacionem em local proibido durante a noite. Quem quiser utilizar o benefício deverá realizar um cadastro e comprovar o domicílio para ter direito à credencial da Zona Verde, que deve ficar visível no veículo e só poderá ser utilizada na rua indicada. Quem mora de aluguel terá o mesmo direito, já que o registro será atrelado ao número da residência.Rômulo mora na Rua Bernardo Catarino, que virou Zona Azul. Ele quer ser beneficiado com a Zona VerdeCada moradia só vai poder cadastrar um veículo e as pessoas que forem flagradas descumprindo as regras perderão o benefício, inicialmente, por seis meses - a portaria prevê que o período de punição dobre a cada reincidência. >
Segundo Fabrizzio Muller, superintendente da Transalvador, a Zona Verde vai atender à demanda de quem vive em áreas onde também há muitos estabelecimentos comerciais. “Salvador tem ruas mistas, a Zona Azul cria a rotatividade que beneficia o comércio e evita que as pessoas fiquem paradas o dia todo, mas alguns prédios residenciais são antigos e têm pouca ou nenhuma vaga”, diz. De acordo com o superintendente, já está definido que as ruas Miguel Burnier, Afonso Celso, Marquês de Caravelas e e Barão de Sergy terão Zona Verde.>
Já a rua onde Rômulo Cruz vive, a Bernardo Catarino, ainda está sendo analisada, juntamente com outras vias do bairro. Por isso, até que exista uma definição, o tatuador vai continuar com sua ginástica para evitar multas. >
“Eu acordo cedo, tiro o carro do lugar proibido, trago para a vaga do estúdio, depois procuro outra vaga. Pago R$ 3,50 a hora, no bairro que nasci e me criei”, diz. Morador da mesma rua, o representante de medicamentos Humberto Grisi conta que, às vezes, estaciona no Shopping Barra e caminha até sua casa. O edifício em que ele vive possui apenas 6 vagas para 96 apartamentos. “Quando vem alguém visitar eu já aviso, às vezes dou 10 voltas procurando vaga e hoje que reparei nessa placa”, contou, se referido à sinalização da Zona Azul.>
Morador da Barra há 58 anos, Geraldo Portela aluga uma vaga de um prédio vizinho a R$ 100 para abrigar o segundo carro da casa. “A Bernardo Catarino sempre foi uma rua residencial, de repente vira Zona Azul. Como tomam uma decisão dessas sem consultar ninguém? Coloca uma placa e no outro dia já tem alguém cobrando?”, questiona Portela, ainda sem saber se poderá se beneficiar da Zona Verde. Cadastro O certo é que o cadastro na Zona Verde poderá ser feito 30 dias após a publicação da portaria, através de um sistema que ainda está sendo desenvolvido pela Transalvador. Neste mesmo período, eles vão definir quais ruas entram no programa.>
“Ainda estamos fechando alguns detalhes, terá um quantitativo por unidade, pode ser cobrado um valor simbólico no começo”, comentou Muller. Para realizar o cadastro, além do comprovante de residência, será necessário apresentar o documento do veículo e o boleto do IPTU. >
Depois de uma avaliação da iniciativa na Barra, ela pode se espalhar. Fabrizzio Muller cita a Pituba como exemplo de bairro que pode receber a Zona Verde a médio prazo.Edifícios na Barra têm poucas vagasNum momento em que é cada vez mais difícil achar onde estacionar, encontrar um apartamento com vaga na Barra é uma tarefa difícil - e cara. Segundo o corretor de imóveis José Carlos Santos, a garagem acrescenta, em média, R$ 30 mil ao valor do apartamento. Mas o adicional pode ser bem maior. “Aqui na Barra um quarto e sala com garagem fica em torno de R$ 230 mil, enquanto que sem não passa de R$ 160 mil”.>
Santos lembra que boa parte dos prédios tem pouca ou nenhuma vaga de garagem, pois são antigos. “Quem vem comprar na Barra, sabe que garagem é difícil”. O corretor aponta que a importância da vaga varia de acordo com o comprador. “Aqui tem muita procura da terceira idade, que não se importa com garagem, eles querem a localização”. Até a imobiliária em que Santos trabalha, no Barra Center, tem problemas com vagas. “A gente avisa ao cliente, tem que colocar em estacionamentos”.>