Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Conceição da Praia: Festejos para a padroeira da Bahia terão a fé e o calor do povo

Homenagens terão procissões pela primeira vez depois de período de restrições por conta da pandemia

  • D
  • Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2022 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Na preparação para os festejos em homenagem a Nossa Senhora da Conceição da Praia, a aposentada Isonete de Souza, 76, deixou a roupa que vai usar nesta quinta-feira (8) separada há mais de dois dias. Integrante do coral da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia há 30 anos, ela cantou durante todas as noites da novena dedicada à santa, que teve início no dia 29 de novembro. Agora, seu foco é fazer uma bela apresentação na missa solene, que, pela primeira vez desde o decreto da pandemia, não terá restrição de público. 

“Cantar para Nossa Senhora é sempre uma alegria imensa, ela representa muita força, sabedoria e prosperidade. Vou cantar com a alegria de todos os anos”, declarou Isonete. 

Com o tema “Olha a estrela, invoca Maria, Nossa Senhora da Conceição da Praia, Padroeira da Bahia”, a Basílica dará início às celebrações com a alvorada e missa desde às 5h. Juíza da Irmandade da Conceição da Praia, Marilia Gabriela Dias afirmou que aguarda que o número de público alcance a marca dos anos anteriores à pandemia, que já chegou a mais de 20 mil pessoas. 

Para o padre Adilton Lopes, reitor da Basílica, poder receber todos os fiéis na igreja e na procissão gera um sentimento de vitória. “Nossa Senhora sair da igreja é como se entrasse concretamente em cada casa, cada apartamento no Brasil e no mundo. Retornar às ruas é dizer que o medo não venceu. O desespero, a mortandade e a tristeza não venceram. Quem está vencendo é a vida humana e a ciência, iluminada pela fé. Vamos voltar com alegria e com as pessoas que não puderam estar aqui antes”, comemorou.

O Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, foi procurado, mas não retornou a tentativa de contato devido à agenda cheia.

Neste ano, toda a temática da festa é voltada para reforçar o lema de andar em oração por Maria, mãe de Jesus, que os fiéis católicos enxergam como exemplo de fé e santidade. De acordo com o padre, o convite é para que os baianos invoquem a santa ao avistarem o céu da Bahia que, sendo ela padroeira, guarda e cuida.  

Diante da crença em tanto amor e zelo, há quem também queira retribuir todo esse afeto. Esse é o caso da tabeliã de notas Conceição Aparecida Gaspar, 62, que carrega devoção pela padroeira da Bahia tanto no nome quanto nos gestos. Pelo segundo ano seguido, foi ela a responsável por doar o manto que cobrirá a santa no seu dia de homenagens nas ruas do Comércio.  

“Eu me senti muito honrada em poder doar e estou feliz por isso. É muita emoção ir à missa campal, depois ver ela [a imagem da santa] sair e vestir o manto. Só de estar ali é motivo para agradecer”, disse. 

Programação 

Na Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, o dia dedicado à Imaculada Conceição da Mãe de Deus terá início com a alvorada e missas às 5h, 6h, 7h30, 12h30, 14h, 15h30 e 17h. O ponto alto dos festejos será a Solene Celebração Eucarística, presidida pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, às 9h.  

Em seguida, ocorrerá a tradicional procissão com as imagens de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Deus Menino, Santa Bárbara, Senhor do Bonfim e São José pelas principais ruas do bairro Comércio, retornando para a Basílica, onde acontecerá a bênção com o Santíssimo Sacramento. 

Na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro Itapuã, as homenagens terão início às 6h com o “anúncio da alegria”, como é chamada pela comunidade a alvorada festiva, seguida da recitação do Ofício de Nossa Senhora. Neste dia haverá Missas às 7h e às 10h. Já às 16h30 acontecerá a procissão, saindo da Matriz e percorrendo as ruas do bairro. 

Na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, situada no Tororó, a Santa Missa Festiva acontecerá às 8h, e as homenagens serão encerradas com a procissão que terá início às 14h, saindo do local conhecido como ocupação e percorrendo as principais ruas do bairro até a Matriz. 

Já na Paróquia do bairro da Valéria/Palestina, as homenagens no dia festivo serão feitas na procissão, que terá início às 17h, saindo do Colégio Municipal Nossa Senhora Aparecida, em Nova Brasília, e seguindo até o CESF, onde será celebrada a Santa Missa, presidida pelo Cardeal Dom Sergio da Rocha. 

Haverá programação festiva ainda nas Paróquias Nossa Senhora da Conceição dos bairros de Periperi e Lapinha, com missas pela manhã e pela tarde. 

Imagem chegou à Bahia no navio de Thomé de Souza

Proclamada Padroeira da Bahia em votação na Assembleia Legislativa da Bahia em 1971, Nossa Senhora da Conceição da Praia tem sua história junto aos baianos iniciada nos primórdios do país. A imagem da santa chegou ao estado no navio de Thomé de Souza, que mandou construir uma capela em sua homenagem.  

Segundo o historiador Rafael Dantas, é possível que os festejos para a santa existam desde o século XVI, com a construção dessa capela, que posteriormente foi destruída e, em seu lugar, construída uma igreja de alvenaria mista, composta de tijolo e pedra, já no século XVII.  

Essa segunda construção atualmente está dentro da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, que foi erguida no século XVIII por irmandades e comerciantes, que reuniram o equivalente a aproximadamente 900 milhões de reais para a edificação que levou quase um século para ter sua obra finalizada. 

“Foi uma das obras mais caras do Brasil, porque a terceira construção, que é o atual templo, foi projetada em Portugal. As pedras foram tiradas da pedreira, cortadas, lapidadas e colocadas dentro do navio. Quando chegou em Salvador, a igreja foi montada como se fosse um lego”, conta Dantas. 

Sendo mãe de Jesus, Nossa Senhora ganhou o nome de Conceição da Praia porque a primeira construção foi feita na faixa de areia próxima de onde os navios portugueses atracavam. No entanto, por muito tempo, esse nome serviu não apenas aos católicos, como também aos candomblecistas. Isso porque Conceição da Praia também era Oxum para os escravizados que não podiam assumir sua religião e usavam do sincretismo religioso para resistir. 

Nos dias atuais, o hibridismo cultural ainda perdura: é comum que no dia 8 de dezembro os adeptos da religião de matriz africana deem banhos de ervas nos devotos, para abrir os caminhos e trazer boas energias, como parte da liturgia de celebração. Para o historiador Rafael Dantas, é válido ressaltar que cada religião tem seus exercícios livres e separados respaldados pela Constituição, ainda que na Bahia a magia do encontro ainda aconteça. 

“Essa característica tão forte das baianas com a água de cheiro representa um dos maiores encantos que nós temos na Bahia. É um traço muito bonito, é simbologia da união”, finaliza. 

*Com orientação da subchefe de reportagem, Monique Lôbo