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Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2013 às 07:55
- Atualizado há 2 anos
Da RedaçãoApesar de o bairro ter apresentado queda de 16% no roubo a veículos no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, fugir do Costa Azul em crimes como esse não é das tarefas mais difíceis. Apesar de considerar “leviano” traçar o bairro como rota de fuga comum para assaltantes de carros ou motos, o major Jarbas, comandante da 39ª CIPM, não nega que a geografia do lugar facilita fugas. “A fuga é realmente muito fácil, porque tem ali a Tancredo Neves, a Octávio Mangabeira (orla) e a Paralela”, disse. O capitão Paraíso, da Operação Gêmeos, cuja sede fica no Costa Azul, também menciona a facilidade de fuga para assaltantes na região. O acesso fácil a avenidas de trânsito intenso, como a Paralela e a Octávio Mangabeira, segundo ele, favorece uma saída rápida. “Você sai de um lugar pequeno para uma via de movimento. E aí, quando um carro cai numa via dessas, é como procurar agulha num palheiro”, explicou. O capitão lembrou que o fato de o trânsito no bairro ser intenso, mas sem engarrafamentos, facilita que assaltantes se misturem. Quando os assaltos são praticados a pé, também não é difícil fugir. Há muitas ruas transversais e ainda os chamados “bolsões de miséria”, de onde partem muitos dos assaltantes de estabelecimentos comerciais e transeuntes. É o caso da localidade do Inferninho, que fica nas imediações da Rua Professor Isaías Alves de Almeida. De acordo com o major Jarbas, muitos dos que praticam assaltos a pé vêm de lá e também fogem para lá após a ação. O titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), Marcos César Silva, destacou ainda que o roubo de carros mudou nos últimos anos. Enquanto há algum tempo tinham modelos de carros mais visados, por conta da facilidade de venda nos desmontes, hoje as vítimas são escolhidas, de acordo com o delegado, a partir da facilidade de abordagem. “Na maioria dos roubos, eles aproveitam para chegar quando a vítima está estacionando ou entrando no veículo”, disse. O delegado orienta para os condutores evitar parar o carro em local ermo ou com pouca luminosidade; redobrar a atenção em rápidas paradas; não estacionar caso desconfie de algum veículo ou pessoa seguindo; e, o mais importante, não reagir.Moradores relatam rotina de medo. Ruas ficam vazias à noiteNão é oficial e não há um grupo determinando um toque de recolher no Costa Azul. Mas, na prática, é assim que muitos moradores se sentem. Depois das 22h, as ruas ficam silenciosas e o risco de assaltos é iminente. A turismóloga Karine Silva, 30, já foi assaltada na porta de casa, na Rua Cassilandro Barbuda. A irmã dela, também. E vizinhos. Um ex-namorado teve o carro roubado e levou coronhada na cabeça. “Nós vivemos em pânico e o medo é constante. O índice de assaltos aqui é muito grande”, disse. A mãe de Karine, a aposentada Nete Silva, 55, já adotou algumas estratégias. Até uma saída rápida para uma pizza em família acaba em tensão: “A gente vem pela rua olhando. Se tiver algum carro atrás, a gente faz a volta pra poder entrar na rua”, contou. Para o major Jarbas, comandante da 39ª Companhia Independente da Polícia Militar (Boca do Rio), o medo é alimentado por algumas circunstâncias. “Mesmo que não tenha sido assaltada, a pessoa tem essa sensação em algumas ruas internas, por conta do menor movimento, da falta de iluminação...”, disse.Segundo ele, apesar dos casos que chamam a atenção, o índice de criminalidade dentro da Área Integrada de Segurança Pública (Aisp 9) – que compreende o Costa Azul, Stiep, Jardim Armação, Boca do Rio, Imbuí e Patamares – é baixo. “O fato que aconteceu lá foi pontual. Foi o primeiro latrocínio este ano”, afirmou o major. Ele diz que a maior parte dos casos de violência na região é assalto. O capitão Paraíso, da Operação Gêmeos – especializada do combate a roubos a coletivos – diz que costuma ser acionado por conta da proximidade. Segundo ele, apesar de os casos não serem frequentes, a maior parte das solicitações é por conta de roubos a carros, assaltos a comércio e prédios. Na região, houve redução de 55% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) entre janeiro e julho deste ano, com relação ao mesmo período do ano passado.>