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Fernanda Santana
Publicado em 5 de maio de 2019 às 09:00
- Atualizado há 2 anos
Matéria atualizada às 19h, com informações do sepultamento>
O disparo que matou o policial civil Pedro Rodrigues do Carmo Filho, 63, saiu da sua própria arma. O suspeito Mateus Rodrigues, 20, foi preso e admitiu, em vídeo, ter usado a arma do agente lotado na 29ª Delegacia (Plataforma) para cometer o crime. Disse, ainda, ter enrolado a pistola num lençol e jogado num conteiner de lixo, no bairro de Águas Claras, depois do crime na tarde deste sábado (4). A arma ainda não foi localizada pela polícia. >
O policial estava num ônibus, às margens da rodovia BR-324, quando Mateus e Eliomar Cunha Dias, 22, anunciaram o assalto. Para evitar um confronto dentro do coletivo, esperou a dupla terminar a ação. Depois, seguiu os dois à pé e disparou contra Eliomar, que faleceu no Hospital do Subúrbio. Já Mateus conseguiu fugir para a mata, onde foi descoberto por Pedro. Foi quando o confronto entre os dois teve início.>
Na gravação, Mateus conta que Pedro tentou imobilizá-lo pela camisa. O acusado, no entanto, conseguiu se desvencilhar, tomar a arma da vítima e efetuar os dois disparos."Dentro do mato que eu me escondi, ele foi e me viu. Aí eu parei quando ele me viu, eu parei. Aí ficou comigo, ficou comigo, segurando minha camisa. Eu fui e peguei a arma dele", revelou.O acusado disse que fugiu para a casa da mãe, onde embalou a arma e jogou fora. A versão é contestada pela polícia. A outra pistola, utilizada por Eliomar no assalto ao coletivo, foi apreendida. O jovem já tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas e violência doméstica.>
Sepultamento O policial civil foi sepultado na tarde deste domingo (5), no Cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília. Muitos amigos, parentes e, principalmente colegas de trabalharam lotaram o local para se despedir de Pedro. “Ele era um policial à moda antiga. Fazia seu trabalho porque gostava de ser polícia. Atuamos juntos no bairro de Periperi e fizemos o maior trabalho de redução de homicídios naquela localidade”, contou ao CORREIO, o delegado titular da 9ª Delegacia (Boca Do Rio), Antônio Carlos Magalhães. Pedro Rodrigues do Carmo Filho era policial civil há mais de 30 anos e estava lotado atualmente na 29ª Delegacia (Plataforma) (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO) Pedro já havia trabalhado na 5ª Delegacia (Periperi) e na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, na Baixa do Fiscal. Atualmente, era investigador na 29ª Delegacia (Plataforma), no Subúrbio Ferroviário, e morava em Dias D'Ávila, Região Metropolitana de Salvador. O policial civil Josué Vicente foi mais um que lamentou a perda do colega. “Pedrinho era um cara muito gente boa, me ensinou muita coisa. Achei estranha a abordagem dele, porque ele era um cara que não dava vacilo. Se tinha um cara na polícia que sabia tudo, esse cara era ele”. >
Também presente no sepultamento, o policial civil Crispiniano Daltro fez um apelo ao governo do estado. “O encontro de policiais hoje acontece sempre no cemitério. Essa é a nossa vida. O governo do estado não dá melhores condições de trabalho. Ele pediu socorro e não apareceu ninguém. Estamos falando de um policial que ainda estava na ativa, experiente. Não foi vacilo. Foi falta de segurança”. >
Detetive da Polícia Civil, Luiz Carlos trabalhou com Pedro na Delegacia de Furtos e Roubos e concorda que a categoria precisa ser valorizada e de melhores condições de trabalho: “Pedro era um guerreiro. Ele estava de folga. Mesmo que a gente não esteja em serviço, não aguenta ver esse tipo de situação e reage mesmo. Quantas vezes minha esposa não me segurou quando estávamos em um ônibus assaltado? Ele era um policial atuante, de primeira linha. A situação precisa melhorar se não, bons policiais vão continuar morrendo”. >
Investigação A Força-Tarefa da SSP-BA que investiga mortes de policiais apura o caso. Ainda segundo a pasta, policiais civis e militares de outras unidades de Salvador fizeram buscas para identificar e prender os outros envolvidos.>
“Daremos todo apoio à família e as polícias que estão mobilizadas para encontrar os envolvidos. Infelizmente, estamos diante de mais um caso envolvendo criminoso que já foi preso, ganhou a liberdade e retornou a praticar atos ilícitos. Precisamos de uma reforma urgente no Código Penal”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa.>
Leia trecho do que disse o suspeito:>
Você tomou a arma dele? Sim.>
Depois que você baleou o colega, você correu para onde? Eu corri para a pista. Dentro do mato que eu me escondi. Ele foi e me viu. Eu parei quando ele me viu. Ele ficou comigo, segurando minha camisa. >
Ele [Pedro] enquadrou você no ônibus? Não>
Ele já tava fora? Já, dentro do mato que eu me escondi, ele foi e me viu. Aí eu parei quando ele me viu, eu parei. Aí ficou comigo, ficou comigo, , segurando minha camisa. Eu fui e peguei a arma dele.>
E o outro? O outro eu não sei, porque ele saiu correndo.>
Deu quantos tiros? Dois.>
E aí? Aí eu sai correndo, desesperado, com a arma.>
Você foi para onde? Sai correndo desesperado com a arma na mão, sem saber o que fazer. Peguei a arma e fui para casa de minha mãe.Passei na casa do meu padrasto, mas não tinha ninguém lá, fui para casa da minha mãe. Eu botei no lençol, botei na sacola e botei no lixo, no conteiner do lixo. >
*Com supervisão de Perla Ribeiro >