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Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2022 às 09:28
Depois dos quatro policiais militares envolvidos na morte de três jovens negros, na Gamboa, no dia 1º de março deste ano, participarem da reconstituição do crime, na noite da última terça-feira (1º) foi a vez de três moradores do local darem suas versões sobre o caso. A participação das testemunhas ocorreu na segunda e última etapa da reprodução simulada. Os depoimentos foram apresentados para peritos da Coordenação de Crimes Contra a Vida, do Departamento de Polícia Técnica (DPT), responsáveis pela condução da simulação. O posicionamento das testemunhas, bem como dos policiais, também foram relacionados.>
A iniciativa tem o objetivo de esclarecer a dinâmica da operação policial que terminou com três mortos. A intenção é reproduzir de maneira idêntica todos os acontecimentos do dia, a partir da chegada da guarnição até a finalização da ocorrência. Representantes do Ministério Público da Bahia e da Defensoria Pública e acompanharam os dois dias da dinâmica. Os laudos produzidos pelo DPT serão anexados ao inquérito que apura o caso.>
A reconstituição é realizada dois dias após o CORREIO divulgar com exclusividade que o comando da Polícia Militar optou por não instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD), alegando não ter indícios para a continuidade da investigação. A decisão do comandante-geral da PM, coronel Paulo Coutinho, contraria a recomendação do corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública, Nelson Gaspar, que pontou evidências para a abertura do procedimento, tais como: as armas encontradas com os jovens estavam com defeito e pelo menos uma das mortes tem características de uma execução.>
A simulação dos fatos foi solicitada pela promotora Aline Cotrim, do Controle Externo da Atividade Policial (GASEC) do Ministério Público. Em nota enviada ao CORREIO na última sexta-feira, após questionamento sobre a não abertura do PAD pelo comando da PM, o MP-BA respondeu que “a investigação do MP apura eventual responsabilidade criminal dos PMs e está em fase de conclusão”. A reconstituição será realizada em duas etapas. A primeira começou às 19h de hoje, com a participação dos quatros soldados que alegaram que os três jovens reagiram a abordagem a tiros. >
Morreram na ação polcial Alexandre Santos dos Reis, 20, Patrick Sousa Sapucaia, 16, e Cleverson Guimarães Cruz, 22. Os três foram baleados na madrugada do dia 1 de março, na Gamboa de Baixo. De acordo com a versão dos policiais que consta no documento da Corregedoria-Geral, enquanto realizavam um patrulhamento na Avenida Lafayete Coutinho [Avenida Contorno], um motociclista [não identificado na apuração] teria lhes dito que havia vários homens armados na avenida e esse teria sido o motivo da ação policial. Ainda segundo os PMs, teria ocorrido um confronto e os supostos criminosos teriam fugido para a Gamboa, entrando em um imóvel onde aconteceram as mortes dos três rapazes. >
A versão dos moradores nega o confronto, inclusive eles relataram que as vítimas foram surpreendidas pelos policiais quando voltavam de uma festa e em seguida levadas para o imóvel, onde teriam sido executadas. >