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‘Ele fazia um excelente trabalho’, dizem amigos sobre líder comunitário morto

Polícia investiga o assassinato que aconteceu na porta de casa, no Subúrbio

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 8 de novembro de 2022 às 05:00

. Crédito: Foto: Gil Santos/ CORREIO

Desde menino, Valdemar Marinho Santos Filho tinha o hábito de pensar no coletivo. Nas brincadeiras de criança e na família, ele queria sempre resolver os problemas. Quando adulto, foi líder comunitário e fundou uma Organização Não Governamental (ONG). Por conta dessa trajetória social, amigos, familiares, colegas e vizinhos lembraram da importância do trabalho que ele fazia ao se despediram, nesta segunda-feira (07), do vigilante assassinado no domingo (06), na porta de casa, em Paripe.

As teorias sobre a morte de Valdemar, que tinha 50 anos, sete filhos e ainda muitos planos para realizar, são muitas, mas a maioria das perguntas ainda está sem reposta. O que se sabe é que ele tinha um trabalho intenso na comunidade situada no Subúrbio Ferroviário de Salvador; que atuava através da ONG Uapijeb resgatando crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade; e que era conhecido por ajudar a resolver as mais variadas pelejas. Júnior era conhecido pelo bom-humor (Foto: Reprodução) Ao lado do caixão de Valdemar, os amigos destacaram os esforços dele para conseguir abrigo para pessoas necessitadas, acolher mulheres vítimas de violência, oferecer ajuda a idosos desamparados, distribuir cestas básicas para famílias carentes e socorrer crianças e adolescentes em risco. Entre namoro e casamento, foram 22 anos ao lado de Iana de Jesus, a viúva que acompanhou a cerimônia amparada pelos filhos.“Ele era muito descontraído, gostava muito de brincar e estava sempre sorrindo. Era um marido excelente e um pai excelente. Ele cuidava da comunidade dele como se fosse uma família. Ele abraçava todo mundo de forma igual. Ele fazia trabalho com criança e adolescente, se tivesse denúncia de maus tratos a idosos ou espancamento de mulheres, ele resolvia. Ele ajudava com médico e funeral, ele corria atrás”, contou.Iana disse que o marido não se queixou de ameaças e nem relatou ter tido qualquer intimidação. Ela ainda está tentando entender o que aconteceu e cobrou que a polícia investigue o caso. Júnior Marinho, como o líder comunitário era conhecido, era uma figura frequente no gabinete do subprefeito do Subúrbio, Fábio da Mata, onde ia para cobrar do poder público  ações que a comunidade precisava.

“Ele fazia um excelente trabalho, estava sempre na prefeitura-bairro solicitando serviços, indo em comunidades e através da ONG tratando com crianças, adolescentes e idosos. Ele tinha dedicação muito grande ao trabalho e acreditava que podia mudar o mundo, assim  fez a diferença”, afirmou o subprefeito.

A vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, e o diretor geral da Defesa Civil, Sosthenes Macedo, participaram do velório e, emocionados, disseram que admiravam o trabalho de Júnior.  Sepultamento teve palavras de ordem e discursos emocionados (Foto: Gil Santos/ CORREIO) A mãe dele comoveu o público no momento do sepultamento ao contar da dificuldade para criar os filhos, do orgulho que sentia de Marinho Júnior. Ela fez um apelo para que os amigos dele deem continuidade ao trabalho.

O crime  Marinho Júnior acordou às 4h30 de  domingo (06). Ainda na cama, brincou com a filha caçula, de  2 anos, por alguns minutos. Depois, levantou e seguiu sua rotina. Todos os dias, a primeira coisa que ele fazia era varrer a calçada e molhar as plantas. 

Enquanto realizava as tarefas, dois homens se aproximaram e deram diversos tiros que o  atingiram em várias partes do corpo. Ele morreu antes de receber socorro. As marcas da violência ainda estão nas paredes do imóvel. A esposa de Marinho e as crianças estavam em casa quando o crime, que é investigado pela 3ª DH/BTS,  aconteceu. 

Vizinhos relataram que ouviram os tiros e que ficaram assustados com a quantidade de disparos contra o corpo de Júnior Marinho. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou que estava dormindo e acordou assustada com o barulho.

“Foi uma chuva de tiros, eu percebi pelo barulho e fiquei com medo de levantar, aguardei um pouco e quando saí da cama ainda estava com as pernas tremendo. Ninguém sabe o que aconteceu, ainda estamos tentando entender o motivo dessa violência”, contou.

O corpo de  Júnior Marinho  foi velado na  igreja Pentecostal, na comunidade da Cocisa, no bairro de Paripe, com a presença da esposa, dos filhos, amigos e funcionários da ONG. Por volta das 13h de ontem, o corpo deixou o local sob aplausos e seguiu para o cemitério municipal de Plataforma. Um ônibus foi fretado para levar o público, e algumas dezenas de carros e motos fizeram uma carreata com buzinaço e balões pretos amarrados ao retrovisor pelas ruas, no caminho para o local de sepultamento.

O caixão foi velado por mais alguns minutos no cemitério e amigos se alternaram para discursar, proferindo  palavras de ordem e relatando  recordações das ações de Júnior Marinho. O corpo foi enterrado por volta das 14h30, sob mais aplausos.

Vigilante na Ufba

Júnior Marinho trabalhava há 10 anos como vigilante na Universidade Federal da Bahia (Ufba),  como prestador de serviço pela empresa terceirizada MAP. Ultimamente, ele  estava lotado na Escola de Belas Artes, no bairro do Canela, no turno da noite. A universidade  divulgou uma nota de pesar,  lamentando o ocorrido e destacando a atuação do líder comunitário  dentro e fora da instituição de ensino.

“A Coordenação de Segurança da UFBA lamenta a perda brutal de Valdemar, profissional respeitado por todos e admirado por seu trabalho na instituição e fora dela. Era diretor presidente da ONG UAPIJEB, formadora de socioeducadores, oferecendo cursos de primeiros socorros e de combate a incêndio”, diz a nota.

Também em nota, a Polícia Militar informou que no dia do crime uma equipe da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Paripe) esteve no local, mas que quando os policiais chegaram, Marinho já estava morto. “Os policiais isolaram o local para a realização de perícia. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para adoção das providências cabíveis e remoção do corpo”.

A Polícia Civil disse que já agendou os depoimentos das testemunhas.