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Entrevista Gustavo Cerbasi: sempre dê um passo menor

O especialista garante que é possível gastar, investir e ser feliz

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  • Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2011 às 06:52

 - Atualizado há 2 anos

Luciana Rebouças | Redação CORREIOO consultor de finanças pessoais Gustavo Cerbasi é admirado no mundo dos negócios por ter sido um dos primeiros educadores financeiros a cumprir o que ensina. Depois de sete anos de arrocho no orçamento e com muito conhecimento sobre como fazer o dinheiro trabalhar para si mesmo, Cerbasi ensina como alcançar R$ 1 milhão, porque ele sabe que é possível. Aos 37 anos, Cerbasi já trabalha por prazer, pois tem a opção de viver dos investimentos.

Autor de livros como Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos, ele traduz para pessoas como é possível organizar e aumentar as finanças com dicas simples e acessíveis. Para Cerbasi, enriquecer é uma questão de escolha. Ele é mestre em Administração/Finanças pela USP e formado em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas. Em 2009, foi eleito um dos 100 brasileiros mais influentes, segundo a revista Época.Qual é o hoje o grande desafio dos brasileiros na administração da vida financeira?O desafio é mudar uma regra instituída, que leva as pessoas a não se indignarem com o desequilíbrio. A maioria dos brasileiros vive financeiramente desequilibrada. Isto é incômodo, as pessoas não gostam de estar endividadas. Só que, ao mesmo tempo, não há um peso na consciência generalizado, porque aquele que tenta sair desse ciclo vicioso vê todo mundo naquela situação como se fosse normal. E o que a visão de que tá tudo normal acarreta?Encarar isso como algo normal faz com que as pessoas estejam presas a essa zona de conforto. Mas acho que agora as pessoas já começaram a saber o que é certo, o que é errado. E isto deve incentivar os mais jovens a mudar. É como se o brasileiro já estivesse acostumado ao endividamento?Exatamente. Porque estar endividado era praticamente uma regra na época da inflação. A regra número um era: gastar tudo que nós tínhamos, para que o nosso salário vencesse na inflação. Tomar empréstimo também não era um péssimo negócio, porque os juros, muitas vezes, não eram discrepantes com relação à inflação. Hoje, as pessoas já percebem que os juros saem caro e sentem o incômodo da dívida, mas não sabem como sair disso, porque não têm uma referência. Vou fazer um paralelo, com relação ao exercício regular. Hoje, se você acordar cedo na beira-mar, vai ver as pessoas fazendo exercícios, o que não era comum há 50 anos. Porque não havia cultura. E isso está acontecendo no ambiente das finanças pessoais. E o que é preciso para conquistar o primeiro milhão?É justamente reconhecer que existem regras claras. Gastar menos do que a pessoa ganha e investir com qualidade aquilo que sobra. Isto leva a uma certa confusão, porque muita gente acha que planejamento financeiro é cortar gastos e fazer poupança. Não é bem assim. Não é simplesmente sair excluindo todo o bem-estar que tem na sua vida, todo o “supérfluo”, e coloco entre aspas porque consumir faz bem às pessoas. Não adianta cortar os gastos e acumular dinheiro para o futuro, porque isso tende a ser um processo depressivo, em que você coloca todas as suas finanças em ordem, mas perde toda a alegria que você tem de ir à praia, tomar um chopinho. Não estamos falando de troca. Tem que garantir o bem-estar, apenas simplificando a estrutura de vida.Isto vale para qualquer renda?Tudo que eu falei até agora é para a média da população brasileira, que hoje é, felizmente, a classe média e tem uma renda familiar na casa dos R$ 1,5 mil a R$ 2 mil. Não é uma renda fantástica, mas já lhe permite fazer escolhas. Optar, por exemplo, entre colocar o filho na escola pública, ou em uma escola particular barata, usar o transporte público ou comprar um carrinho, mesmo que barato. É uma população que começa a fazer escolha. Pode pensar, sim, no seu primeiro milhão, porque tem condições de poupar 10% do que ganha para manter esses investimentos no futuro. Mas não falta conhecimento da população para investir?A sensação não é de falta de conhecimento, mas de falta de filtro. Você abre os jornais, tem informação sobre como investir, como lidar com o 13º salário. O que falta às pessoas é discernimento para saber se aquelas alternativas são adequadas para ela ou não. Ou seja, falta educação de escola. Quem está começando, uma família que tem R$ 1,5 mil de renda, e guardará de R$ 120 a R$ 150 por mês, não dá para comprar um imóvel, não dá para montar uma carteira de ações. Mas quem poupa R$ 100 por mês pode contratar um plano de previdência privada que dá uma boa sugestão da renda que a pessoa vai ter no futuro. O que recomendo é que as pessoas não procurem a solução mais complexa, mas sim a solução mais simples e inteligente. É possível se aposentar mais cedo?É possível e é provável que as pessoas que comecem a se planejar desde cedo se aposentem antes. Vou colocar o exemplo de um jovem que ganha pouco. Quando ele começa a poupar R$ 70 por mês, logo se desanima com o necessário horizonte de 35 a 40 anos para chegar à aposentadoria. Só que esse jovem, que tem a certeza que sua aposentadoria será segura, pode se dedicar mais à sua carreira, pode ousar mais e investir mais tempo na carreira. Na busca do conhecimento, do idioma, no fortalecimento do currículo, ele pode incrementar sua renda e melhorar seu projeto de 35 a 40 anos, ou encurtar seu projeto. O que vem acontecendo é que as pessoas não veem muita utilidade e vão se preocupar com o futuro quando chegam os filhos. Entre as opções de comprar um carro ou juntar dinheiro pra comprar o imóvel, o que o senhor recomenda?Eu não faria nem uma, nem outra. Carro é um objeto de desejo, de conforto, mas não deixa de ser um item de luxo, porque eu posso me deslocar sem carro. Se ele pensar em alugar um pequeno imóvel, próximo ao trabalho, ele pode dispensar um carro. O que eu recomendo é que, antes de pensar em criar despesas na vida, pense em criar reservas financeiras e na necessária flexibilidade que ele tem que ter na carreira. Se hoje surgir uma oportunidade de sair de Salvador, ganhando o dobro, para ir trabalhar por três anos em Tocantins, não importa se eu gosto ou não de Tocantins, é a oportunidade de ter uma grande experiência de carreira, com um aumento da renda. Vai chegar um momento em que ele vai começar a recusar um aumento, porque não quer mudanças. Enquanto ele quer, eu recomendo não ter prestações fixas, não ter bens que dificultem aceitar um convite de ir para o Tocantins ou para Londres.       E como frear os impulsos de consumo?Não sou a favor de frear. Acho que as pessoas têm que estabelecer limites a esses impulsos de consumo. O consumo é bem-vindo. O erro é ir ao consumo sem saber quanto pode pagar ou sem ter o mínimo de planejamento. Vai com o cartão de crédito e gasta tudo que seria para o mês em uma única semana. Outro exemplo é aquela pessoa mais planejadinha, mas que não mede as consequências. É como comprar um carro, em que as parcelas cabem no orçamento, mas você não considera o combustível, o seguro, etc. Quem mais sofre com o dinheiro é a classe média, que hoje tem a capacidade de consumir, mas tá apanhando, porque vem o imposto do carro, o imposto da casa, insumos que nunca teve na sua vida. A classe média está sofrendo muito com a realização de sonhos. E eu recomendo que sempre dê um passo menor.