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Maria Raquel Brito
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 10:11
O vermelho da devoção tomou conta do Centro Histórico na manhã desta quinta-feira (4). Antes mesmo das 8h, centenas de fiéis já se reuniam no Largo do Pelourinho por um motivo especial: celebrar Santa Bárbara, protetora contra tempestades e trovões. >
Todo os anos, dona Cibele Lima, de 83 anos de idade, tem um compromisso marcado no dia 4 de dezembro. Acorda às 4h, se arruma e sai de sua casa no Imbuí em direção ao coração da cidade para homenagear Santa Bárbara, da qual é devota desde que se entende por gente. >
“Venho sempre que posso, sozinha mesmo. Pego o metrô e depois um ônibus e chego cedinho pra conseguir um lugar bom, mesmo tendo que ficar em pé. É muita fé. Eu tenho pedido e alcançado”, conta.>
Festa de Santa Bárbara
Festa de Santa Bárbara>
A festa de Santa Bárbara surgiu no Morgado de Santa Bárbara, no Comércio, onde Francisco e Andressa Lago construíram uma capela e faziam homenagens em 4 de dezembro. O local era um polo comercial com presença de africanos escravizados.>
O festejo ficou por muito tempo pouco conhecido, ofuscado pela festa da Conceição da Praia. Em 1899, um incêndio atingiu a capela, mas a imagem da santa não foi danificada, e as celebrações passaram para o mercado do morgado e para a Igreja do Corpo Santo. Depois que o mercado foi demolido, as missas se espalharam por igrejas do Centro.>
A mudança de popularidade ocorreu quando a imagem foi entregue à Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, com três condições: permanecer exposta no Pelourinho, ser cuidada pela irmandade e ter a festa organizada anualmente.>
A celebração une catolicismo e religiões de matriz africana, já que Santa Bárbara se tornou associada a Iansã. Por isso, reúne comidas de dendê e fiéis de diferentes crenças. >
O Corpo de Bombeiros entrou no trajeto da procissão após a mudança dos comerciantes, e a santa virou padroeira da corporação. A chuva frequente no 4 de dezembro virou tradição.>