Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2022 às 22:52
Um grupo composto por 24 vereadores protocolou, nesta quarta-feira (20), junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), uma representação com a finalidade de apurar atos de improbidade administrativa e de natureza ilícita por parte do presidente da Casa, o vereador Geraldo Jr. (MDB). O documento pede a anulação da sessão da Câmara do dia 29 de março, quando foi definida uma nova Mesa Diretora para o biênio 2023-2024, e também a anulação da sessão ocorrida na última terça-feira. A representação foi entregue pelos vereadores à procuradora-geral Norma Cavalcanti, na sede do MP-BA, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).>
Geraldo Jr é acusado de alterar a Lei Orgânica do Município, de forma a garantir sua reeleição para um terceiro mandato na presidência da CMS. É contestada também a forma de condução do processo. As irregularidades teriam começado na convocação da sessão ordinária do dia 23 de março, data da votação da proposta de alteração da LOM e do projeto de resolução que permitiu a antecipação da eleição, só que essas proposições não constavam na publicação da ordem do dia. >
No dia 29 de março, no entanto, o presidente divulgou o edital já definindo o pleito, o qual indicava chapa única para as eleições. De acordo com o Regimento da Casa, a votação para decisão da Mesa Diretora para o biênio 2023/2024 deveria ocorrer apenas em 2023. Os vereadores foram recebidos pela procuradora- chefe do Ministério Público, Norma Cavalcanti (Foto: Marina Silva/CORREIO) Quanto à sessão da última terça-feira, o documento entregue ao MP destaca questões como a abertura da sessão sem o quórum mínimo estabelecido pelo Regimento Interno, a consequente aprovação da ata que validou as decisões das sessões dos dias 23 e 29 de março, além das mudanças impetradas pela presidência quanto à conformação das comissões parlamentares na casa. >
Ao receber o documento, a procuradora-geral afirmou que o órgão prosseguirá com as devidas análises e que os vereadores terão, "sem dúvida", o posicionamento do MP sobre os fatos relatados. “O que não podemos fazer é interferência no processo legislativo. Olhamos a legalidade dos atos, das leis e vamos buscar sempre a pacificação, que é o melhor para a sociedade soteropolitana. Vamos examinar na técnica os fatos que os senhores estão alegando”, garantiu Norma. >
Acatada pelo MP, as denúncias contra Geraldo podem dar início a um inquérito civil. Se transitado em julgado, um possível processo, além de anular os atos considerados ilegais, pode culminar na cassação de mandato e até na inelegibilidade do vereador.>
A eleição de Geraldo Júnior já é questionada na Justiça por três ações judiciais, uma delas no STF. Ele nega que tenha havido qualquer irregularidade na eleição antecipada da Mesa Diretora e afirma que já estava preparado para questionamentos na Justiça.>
Quórum A sessão da última foi iniciada regimentalmente às 14h30 e bastou apenas 20 segundos para que uma intensa discussão se estabelecesse entre vereadores e o presidente da Casa. No breve espaço de tempo, ocorreu, sob locução de Geraldo, a aprovação das atas das sessões anteriores em ato “ad referendum”, ou seja, sujeito a aprovação posterior por parte de um colegiado. >
De acordo com imagens públicas da sessão, divulgadas pela TV e Rádio Câmara, enquanto o presidente encaminha a aprovação da ata, o líder do governo tentava acionar os microfones disponíveis aos vereadores. Ao solicitar “questão de ordem”, o líder governista Paulo Magalhães (União Brasil), ouve de imediato como resposta que a “a matéria está vencida”.>
Segundo o Regimento Interno, para abertura das sessões é necessária a presença de pelo menos um terço dos membros da Câmara”. O Legislativo municipal em Salvador é composto por 43 parlamentares, o que impõe a presença de pelo menos 14 legisladores no início da sessão. O vereador e vice-presidente da Casa, Duda Sanches (União Brasil), diz que “nomes de vereadores foram incluídos no painel da Câmara sem que estes estivessem de fato dentro do plenário.>
“Nomes de vereadores foram incluídos no painel da Câmara sem sequer estarem presentes e o que houve de fato foi uma fraude. Essa ata iria ser questionada, estávamos todos à postos no horário regimental. Não tínhamos 14 vereadores. O painel surgiu com nomes de vereadores que sequer tinham adentrado o plenário. Na Câmara não há registro individual da senha para registro da sua presença”, explica Sanches. >
“Como se aprova uma ata ad referendum no plenário? É uma atitude premeditada. Ele foi para a sessão como essa perspectiva de aprovar porque tinha conhecimento prévio de que nós não aceitaríamos a aprovação daquela ata fraudada. Os fatos, as evidências, estão postos nas representações”, destaca o corregedor da Casa, vereador Cláudio Tinoco, que integrou o grupo presente no MP. >
Outro ponto destacado pela representação e apontado pelos vereadores como ato “arbitrário” pela atual gestão da Câmara é a mudança nos comandos e composições das principais comissões. >
De acordo com o documento, há ilicitude na recente mudança ocorrida. Na noite de terça-feira, em edição extraordinária do Diário Oficial da CMS, ficou determinada novas composições às comissões de Constituição e Justiça e Redação Final; Finanças, Orçamento e Fiscalização; Transporte, Trânsito e Serviços Públicos Municipais; Planejamento e Meio Ambiente e Cultura. >
“Neste particular, observa-se, de pronto, que na edição da composição das Comissões Permanentes da Câmara Municipal de Salvador não houve qualquer observância da proporcionalidade, sendo, portanto, o ato de nº 011/2022 frontalmente incompatível com a redação do art. 58, §1º da Constituição de 1988”, defende a representação. “Notório que partidos detentores das maiores bancadas da Casa, a exemplo do União Brasil com 7 vereadores e Partido Progressista com 6 vereadores, figuram timidamente no quadro publicado no diário”.>
Veja a lista de vereadores que assinaram a medida: >
Duda Sanches (União Brasil)>
Cláudio Tinoco (União Brasil)>
Paulo Magalhães (União Brasil)>
Orlando Palhinha (União Brasil)>
Kiki Bispo (União Brasil)>
Alberto Braga (Republicanos)>
Emerson Penalva (Podemos)>
Luis Carlos Souza (Republicanos)>
Leandro Guerrilha (PL)>
Isnard Araújo (PL)>
Marcelo Maia (PMN)>
Débora Santana (Avante)>
Cris Correia (PSDB)>
Roberta Caires (Patriota)>
Maurício Trindade (PP)>
Sandro Bahiense (Patriota)>
Téo Sena (PSDB)>
Joceval Rodrigues (Cidadania)>
Fábio Souza (SD)>
Anderson Ninho (PDT)>
Sabá (DC)>
George o Gordinho da Favela (União Brasil)>
Dr. José Antônio (PTB)>
Ricardo Almeida (PSC)>