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Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 22:26
- Atualizado há 2 anos
Funcionários da empresa de transporte intermunicipal Falcão Real protestaram, na manhã desta quarta-feira (27), contra o atraso do salário e o não pagamento de direitos trabalhistas pela companhia. A manifestação bloqueou a saída da rodoviária, em Salvador, impedindo que os ônibus deixassem o local.>
O protesto começou às 8h e se estendeu até às 10h20. Segundo o motorista da empresa, Luciano Souza, 41 anos, cerca de 65 funcionários da Falcão Real participaram do ato pacífico. Por volta das 9h, parte dos ônibus foram liberados para deixar a rodoviária.>
“Depois de um tempo, começamos a liberar alguns carros, menos os da Marte, que sabemos ser do mesmo dono da Falcão Real, além dos veículos da Rota, Transoares e da Cidade do Sol, que atuam nas linhas que eram da empresa onde eu trabalho”, relatou Luciano.>
Em nota, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) afirmou que cerca de 30 horários regulares sofreram atrasos devido ao protesto. >
A Polícia Militar esteve no local para liberar a pista. Em nota, a corporação disse ter entrado em contato com o líder da manifestação para negociar a liberação da via, mas esta só foi desobstruída após agendamento de reunião com a diretoria da empresa para discutir as solicitações dos trabalhadores.>
Por meio de nota, a Agerba afirmou que representantes da entidade estiveram no local e solicitaram a abertura de meia pista, o que foi acatado pelo grupo.>
O CORREIO tentou contato com a empresa, mas não obteve resposta. Luciano disse que os representantes do grupo de manifestantes foram convocados para uma reunião com a Agerba e o Sindicato dos Rodoviários da Bahia na quinta (28) para tratar da realocação dos trabalhadores da Falcão Real em outras empresas.>
De acordo com o motorista, a empresa não pagou os salários de março e abril, não deu baixa nas carteiras dos empregados e está devendo os 30% de responsabilidade do empregador referentes à Lei 14.020, que permite a redução de salários e jornadas dos funcionários ou suspensão dos contratos temporariamente. Os trabalhadores da casa também não tiveram seu FGTS depositado, as férias não foram negociadas e o 13º ainda não foi quitado.>
“Não deram satisfação. Ninguém recebeu baixa na carteira de trabalho, tiveram colegas que conseguiram um emprego novo, mas não podem entrar porque não tem como assinar a carteira. Mesmo o valor pago pelo governo durante a pandemia nós recebemos com dois meses de atraso porque a empresa não estava repassando os nossos descontos no contracheque para o Governo”, afirmou Luciano. >
Os funcionários reclamam ainda da venda, por parte do Governo do Estado, das linhas utilizadas pela Falcão Real para outras empresas de transporte sem a preocupação com a realocação dos trabalhadores da companhia.>
A Falcão Real está proibida de operar nos municípios baianos desde dezembro do ano passado por determinação da Agerba. >
Segundo a Agerba, a Falcão Real operava as linhas por meio de liminar expedida pela Justiça, não sendo mais uma concessionária do Sistema Rodoviário Intermunicipal de Transporte de Passageiros junto à agência.>
“Entre os motivos que levaram a extinção do contrato de concessão estão a não realização de renovação cadastral perante à agência, a não realização de vistoria obrigatória dos veículos e a má prestação de serviços à população”, informou a Agerba em nota.>
Os funcionários dizem estar sem trabalhar desde março de 2020, com a suspensão do transporte intermunicipal em parte das cidades baianas. O motorista afirmou que alguns trabalhadores foram convocados para voltar à ativa em novembro, mas tiveram que parar de trabalhar novamente em dezembro.>
“Mesmo quem trabalhou em novembro, só recebeu a parcela do Governo referente à MP. Não foi pago hora extra e o ticket alimentação era apenas R$ 10”, relata Luciano.>
No último sábado (23), a garagem da empresa foi atingida por um incêndio que destruiu diversos ônibus.>
*Com orientação da subeditora Fernanda Varela>