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Gil Santos
Publicado em 22 de agosto de 2019 às 22:06
- Atualizado há 2 anos
A multidão foi chegando aos poucos, vindo de todos os cantos do Salvador Hall, onde acontece a Semana Internacional do Clima. A praça de alimentação, que minutos antes estava lotada, ficou vazia, nesta quinta-feira (22), quando Gilberto Gil deu as primeiras notas. Uma nuvem até apareceu para espiar o show e resolveu fazer graça bem na hora em que o mestre iria entrar no palco. Primeiro, uma chuva fininha. Uma trégua de menos de cinco minutos e, em seguida, um aguaceiro.>
Gil não se intimidou e deu os acordes de 'Tempo rei'. Quando ele cantou os versos "Fustigado pela chuva e pelo eterno vento" foi a deixa para a nuvem sair de vez de cena. A partir daí, o clima foi de festa.>
Enquanto o artista cantava “A novidade veio dar à praia/ na qualidade rara de sereia/ metade o busto de uma deusa Maia/ metade um grande rabo de baleia” um coro acompanhava com palmas as marcações da canção.>
O local foi enchendo, o público foi chegando, e na segunda música já não tinha tanto espaço assim. Gil fez o público sambar miudinho ao som de ‘Aquele abraço’ e inspirou até novas amizades. A estudante de engenharia ambiental Natália Feitosa, 25 anos, é natural do Rio de Janeiro, e improvisou uma coreografia com a estudante de sociologia Fernanda Alves, 26, de São Paulo. Elas juraram que nunca tinham se visto antes, apesar de estarem dançando em uma coreografia quase que ensaiada.>
“Vim para um evento como esse, que discute assuntos tão importantes para a sociedade, e ainda poder assistir a um show de Gilberto Gil e Carlinhos Brown não tem preço. Nem dá para acreditar”, contou Natália, que disse também que não sabia que os shows estavam na programação da Semana do Clima até a manhã desta quinta-feira.>
Ao ouvir gritos da plateia que o chamava de ministro, Gil foi rápido na resposta “ministro de xangô”, provocando mais gritos e aplausos. Ele aproveitou para fazer uma defesa do meio ambiente.>
“Agora que entramos em uma fase em que a oscilação da natureza vem sendo estimulada pelas ações e intervenções do homem, como a o crescimento industrial, temos a necessidade de tomar conta do clima. Parabéns a todos que vieram, a Organização das Nações Unidas e a prefeitura do Salvador por acolher esse encontro. Viva a chuva”, disse.>
Em seguida, a canção A Paz foi motivo de coro e os celulares acenderam no público para registrar um dos momentos mais marcantes do show. Os versos de "Drão! O amor da gente é como um grão/ uma semente de ilusão/ tem que morrer pra germinar/ plantar nalgum lugar/ ressuscitar no chão" arrancou aplausos e fez algumas faixas em defesa da Amazônia e do planeta surgiram na multidão.>
Ante de encerrar a festa, Gil falou de racismo e da luta dos blocos afros para resistir a toda a forma de discriminação, e cantou sucessos do Ilê Aiyê e do Olodum. O refrão de "Por isso eu vou na casa dela, ai/ falar do meu amor pra ela, vai", do sucesso ‘Esperando na Janela’, revelou muitos casais na multidão. Eles aproveitaram para dançar agarradinho.>
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Gil encerrou o show às 20h05, aos gritos da plateia de "mais um, mais um", voltou e cantou a saideira: "Toda menina baiana tem um santo que Deus dá", levando a plateia ao êxtase e saindo ovacionado do palco.>
Brown começou o show alguns minutos depois, e ao som dos atabaques fez uma entrada triunfal. Ele perguntou em canção "O que estamos fazendo para consertar o mar", em versos da música ‘Romântico Ambiente’. Em seguida, o cacique falou da importância de preservar o meio ambiente. Ele pôs o cocar e cantou o sucesso ‘Você, o amor e eu’ arrancando coro e coreografia do público.>
A temperatura esquentou quando o cantor pediu que o público acompanhasse a canção com os braços para cima. O mar de mãos agitando de um lado para o outro não escapou dos flashes das selfs e dos vídeos. O músico abusou dos instrumentos, como costuma fazer nos shows, e fez ainda mais sucesso com o público no instrumental. A festa terminou em clima de alegria e com temperaturas acimas do normal.>