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Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 21:34
- Atualizado há 2 anos
Peças da campanha já estão nas ruas de Salvador (Foto: Divulgação/Iphan) O que é que a baiana tem? Além do torso de seda e da bata rendada, lembrados por Dorival Caymmi em clássico de 1955, o ideal é que tenha acarajé. De preferência, com caruru, vatapá e camarão. Para alguns, com uma pitadinha de pimenta. Patrimônio cultural imaterial do Brasil desde 2005, 'o saber' das baianas compõe a identidade da Bahia. >
É o que defende uma campanha de valorização das profissionais, lançada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na tarde desta segunda-feira (17), no Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador.>
A campanha, que é um projeto piloto lançado apenas na Bahia, não tem investimento público e é feito por meio de cartazes, cards virtuais, vídeos e outras peças publicitárias criados em parceria com a NBS Agência Públicitária, para TV, outdoors, entre outros meios.>
Uma das parceiras da campanha, que teve a aderência da Prefeitura de Salvador, é a cantora Margareth Menezes - que participa de um minidocumentário. Conforme o diretor nacional do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Queiroz, "se não há uma valorização de um patrimônio, não é possível preservá-lo"."Patrimônios imateriais são saberes, porque não temos como tombar pessoas. Então, registramos o ofício das baianas, que são tudo o que elas sabem sobre o que produzem. Essas mulheres aprenderam com seus ancestrais. É história, é memória. Elas é que dizem qual azeite usar, que tipo de cebola. E o acarajé, que alguns hoje querem chamar de 'bolinho'. Não se torna qualquer comida história", afirmou ao CORREIO.Reconhecimento Ainda de acordo com Hermano, "o fato de que algumas pessoas, até mesmo em Salvador, recusam a vestir roupas tradicionais das baianas" funcionou como uma espécie de alerta para o órgão, que é o responsável pelo registro de reconhecimento do ofício como patrimônio cultural imaterial. "Nossa função, como ordem do Estado, é cumprir nossa lição legal, a que acreditamos que são importantes. Por isso, a campanha de salvaguarda, apoio e fomento ao bem registrado", explicou Hermano, acrescentando que a campanha tem caráter permanente e que o Iphan está "de braços abertos" para quem quiser participar colaborativamente. "Enquanto encontrarmos apoiadores, sejam anônimos, artistas, estamos aqui, de portas e coração abertos. Espero que a sociedade baiana tenha compromisso, e que se sensibilize com nossas peças, que já estão na rua", concluiu, em referência à publicidade nos ônibus da capital.>
A consideração quanto à aderência da população também foi lembrada pela presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam), Rita Santos. >
"As peças [da campanha] ficaram muito bonitas e bem feitas. Agora, dependemos da população abraçar a defender. Só vai surtir o efeito que a gente quer, se nós, enquanto baianos e soteropolitanos, fiscalizarmos e valorizarmos o trabalho das baianas de acarajé", defende Rita, que participou do lançamento hoje. >