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Bruno Wendel
Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 07:29
- Atualizado há 2 anos
Mãe de Alexsandro se desespera no enterro do filho, marcado por protesto de moradores que exigem justiça (Foto: Arisson Marinho)Alexsandro Pinheiro dos Santos Lima, 20 anos, ajudava a mãe entregando as pizzas que ela preparava, e o avô, na barraquinha de cachorro-quente que ele mantém no fim de linha de Cosme de Farias. Foi justamente quando subia a rua Wenceslau Galo, por volta das 19h de sexta-feira, para chegar à pizzaria da mãe que Alexsandro encontrou policiais da Rondesp Atlântico fazendo uma operação no bairro — e que, segundo a família, conheciam bem Alexsandro, pois comiam frequentemente na pizzaria da mãe do rapaz.>
Vizinhos disseram aos pais de Alexsandro que ele deu de cara com os policiais num trecho escuro da rua. Segundo os relatos, os PMs surravam Rafael de Oliveira Cerqueira, 19, e Denilson Campos dos Santos, 22. Quando pensou em retornar, Alexsandro foi alertado por um dos PMs.>
“Você tem três minutos para vir até aqui”, disse o policial. “Ele foi, disse que trabalhava, mas mesmo assim apanhou, e muito. Ele gritava: ‘Socorro, socorro’, mas ninguém podia fazer nada’”, contou o pai, Edilson Souza Lima, 42. “Meu neto conhecia todo mundo do bairro e era muito querido. Era um rapaz franzino, diabético. Não bebia nem voltava tarde pra casa por causa da doença”, contou a avó. >
“Eles dizem que aconteceu troca de tiros. Mas como? Ele levou cinco tiros e teve as pernas quebradas. Já os policiais, não levaram nenhum tiro”, declarou Carla Lima, 35, mãe de Alexsandro. Segundo a polícia, os três rapazes eram envolvidos com o tráfico de drogas na região e com eles foram encontrados 32 papelotes de cocaína, 21 balas de maconha e um revólver calibre 38 com numeração raspada. Mãe e avô de Alexsandro se desesperam durante o sepultamento(Foto: Arisson Marinho)Alexsandro foi sepultado na tarde da segunda-feira (9), no cemitério Quinta dos Lázaros, Baixa de Quintas. Muitos familiares, amigos e moradores de Cosme de Farias compareceram ao enterro. Entre os presentes, pedidos: “Hoje foi o Alexsandro, um inocente. Amanhã pode ser o filho de algum de nós. Até quando? Não é porque somos da periferia que somos bandidos. Queremos respeito”, disse Marcos Oliveira, 29, amigo de Alexsandro.>
Ainda de acordo com vizinhos que ouviram a ação, o rapaz reconheceu seu algoz, que, segundo eles, frequentemente lanchava na pizzaria de sua mãe. “Não faz isso comigo, Bira!”, relataram ter sido as últimas palavras do jovem. Após o enterro, por volta das 18h, moradores de Cosme de Farias seguiram em direção à Avenida Bonocô em protesto. O caso está sendo apurado pela Corregedoria da PM. >
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