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Lagoa do Abaeté é o ponto turístico mais mal avaliado por visitantes

Famosa nos versos de Caymmi, a Lagoa do Abaeté, em Itapuã, vive dias de abandono e medo. Comerciantes reclamam da queda na frequência de visitantes, afugentados pela violência. Para maioria dos turistas, é nosso pior cartão-postal

  • Foto do(a) author(a) Alexandro Mota
  • Alexandro Mota

Publicado em 5 de agosto de 2014 às 07:57

 - Atualizado há 2 anos

Policiais a cavalo atuam para garantir a segurança de baianos e turistas na Lagoa do Abaeté. No entanto, mesmo com a presença deles, há vários relatos de assaltos no cartão-postal (Foto: Robson Mendes)O turista que vem a Salvador ainda visita a mística Lagoa do Abaeté? Para os comerciantes do local, visitar não é o melhor termo para se empregar.  “Hoje em dia, os turistas passam aqui, passam mesmo, nem do ônibus descem. Olham e vão embora. Com isso, o movimento cai ainda mais”. A afirmação é da presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes, Baianas de Acarajé e Proprietários de Quiosques do Parque do Abaeté (Asvamba), que prefere ter o nome omitido por conta do motivo que explica essa mudança:  a violência no local, que cresceu bastante nos últimos anos.Uma das principais companhias de viagem do país, a CVC Turismo ainda lista no seu site a visitação ao parque, mas informa, por meio de sua assessoria, que deixou de oferecer o pacote, sem detalhar os motivos.Não é só o comércio que sente a diminuição do número de visitantes. A administração do parque, de responsabilidade do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), relaciona a insegurança com a queda nas visitas. “É um efeito cascata. A partir do momento que começaram a ocorrer os assaltos, os visitantes deixaram de ir”, comenta o coordenador  do parque, Tiago Marques. No site colaborativo TripAdvisor, referência em informações sobre turismo, as tags mais recentes, incluídas no mês passado por visitantes, apresentam o local: “perigoso”, “abandonado”, “alerta!”. Ao todo, 31 pessoas avaliaram o local como ruim ou péssimo, embora a beleza natural ainda mantenha 48 classificações excelentes ou boas.RejeitadoComparado com outros cartões-postais da cidade, a classificação não é boa. Apenas 5% dos visitantes do Farol da Barra que avaliaram o local no TripAdvisor o acharam ruim ou péssimo, 14% pensam o mesmo do Elevador Lacerda, o da Igreja do Bonfim conta com 1,9% de rejeição e o Pelourinho 8,8%. A Arena Fonte Nova, casa da Copa do Mundo, tem apenas 0,6% de classificação negativa, o que deixa o Abaeté na lanterninha dos cartões-postais, com 28,4% de rejeição.

Como o CORREIO publicou ontem, no domingo, dois casais - formados por turistas locais e estrangeiros – tiveram celulares, cartões e relógios levados por quatro homens, armados com revólver e faca. Outro rapaz teve celular e tênis roubados. E, na tarde do sábado, uma japonesa teve a câmera fotográfica levada. “No mês passado, um amigo que passou a infância aqui com a gente, há mais de 30 anos, e hoje mora em São Paulo, teve aqui e queria vir para cá passear. Na hora, todo mundo despistou ele. Aqui os moleques parece que sabem que é ‘carne’ nova”, conta o artesão Antônio Pereira, 54, que estava ontem no Abaeté.Já o autônomo Manoel Oliveira, 61, é vizinho do parque e dá dicas. “As pessoas também precisam saber seus limites. Eu não vou pegar minha esposa e ir namorar no meio do mato, não vou para locais escondidos. Quem vem aqui tem que ver onde tem polícia e onde pode ser visto”, conta.

Para a população, os assaltos são praticados por usuários de drogas que buscam nos delitos forma de alimentar o vício. A principal cobrança é de que o policiamento é inconstante durante a semana e ausente nos sábados e domingos.A Polícia Militar, em nota, afirma que o policiamento do local é feito pela 15ª CIPM (Itapuã) e conta com o apoio da Polícia Montada, da Rondesp Atlântico e a Operação Apolo. “Um ponto de abordagem é montado de quinta a domingo, a partir das 19h, nas proximidades da Lagoa”, afirmam. Colaborou Amanda Palma.Movimento nos bares é cada vez menor, segundo donos de quiosques (Foto: Robson Mendes)Entrevista: para coordenador, Abaeté precisa ser cercadoA estrutura física do Parque do Abaeté em breve será recuperada. A revitalização  vai desde os bares e quiosques até a Casa das Lavadeiras. Mas, para o gestor da Área de Proteção Ambiental Lagoas e Dunas do Abaeté e coordenador do Parque, Tiago Marques, a salvação do local passa pelo fechamento de toda a área de 1.800 hectares.Hoje, a posição institucional do Inema e da administração do Parque é de que o Abaeté precisa de uma revitalização?A necessidade de revitalização é evidente. Há uma proposta concreta do governo do estado, pela Conder, que é fruto da obra de macrodrenagem da Baixa do Soronha. A terceira etapa dessa obra será a requalificação do Parque. Será licitado este mês e a previsão da obra é de seis meses.No local, tem um novo espaço infantil e pedras portuguesas que parecem que foram movidas ou vão ser colocadas. Houve obra recente? Tem uma frente de trabalho da prefeitura fazendo recuperação das pedras portuguesas na parte dos passeios. A parte interna, entramos em um processo de escolha para contratar uma empresa especializada, o que corre paralelamente à proposta da Conder.

Existe comunicação entre a administração e a Polícia Militar? Há pedidos de reforço?Enviamos sempre ofício, não só para a 15ª Companhia, como para a Cavalaria, colocando a necessidade de uma cobertura do Abaeté, que deve ter um olhar mais profundo, para que se assegure ao visitante segurança e condições de fazer uso da área. São tomadas de decisões que estão acima até mesmo das companhias e nem sempre nós somos atendidos. Não é um parque com controle de acesso, mas os comerciante relatam redução do número de visitantes. Você sente isso?É uma análise histórica. O que aconteceu com o Abaeté foi uma desconstrução, um efeito cascata. Se fez um Parque à época em um modelo interessante, só que  aberto. Nestes 20 anos ocorreram mudanças sociais e o entorno do Parque não permite que ele seja aberto para garantir a integridade física e a segurança das pessoas. Infelizmente, é o único  (parque) aberto da cidade e precisa ser fechado para garantir o controle territorial. Ali, nos bairros vizinhos, tem déficit de moradia, de emprego, então, isso influencia em várias outras questões, que faz com que o Parque tenha uma necessidade urgente de cercamento.Falam sobre o esvaziamento da lagoa ou de degradação...O esvaziamento paira muito sobre o achismo. É uma lagoa que está entre dunas que depende de ciclos sazonais, ou seja, chuva e estiagem. Em relação à saúde da lagoa, ela passa por um processo de eutrofização, que  é quando ocorre excesso de nutrientes. Temos uma grande presença de matéria orgânica. A limpeza da lagoa se resume a coletas periódicas.