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Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2022 às 05:45
- Atualizado há 2 anos
O pequeno Cássio Emanuel, filho da supervisora administrativa Fabrícia Costa, 26, foi ao encerramento de fim de ano do Centro de Educação Infantil Nossa Senhora de Misericórdia, no Bairro da Paz, no último 16 de dezembro com a promessa de retornar no dia 06 de fevereiro de 2023. A mãe já estava traçando planos para o ano seguinte com uma preocupação a menos, afinal, a rematrícula do filho havia sido realizada no dia 15 de dezembro. Na teoria, nada poderia dar errado. Na prática, uma triste surpresa: um comunicado, entregue na última segunda-feira (26), informou que o Centro seria fechado. >
“Do nada, ontem, recebemos uma mensagem, via WhtasApp, da secretaria da creche informando para os pais comparecerem com urgência no local. Chegando lá, recebemos um comunicado que a escola ia fechar”, conta Fabrícia. “Todos foram pegos de surpresa, não só os pais, [mas também] as professoras, auxiliadoras, a coordenadora, serviço social, a moça da portaria. Todo mundo. Eu estava lá na hora que recebi a notícia e foi uma emoção grande demais”, relembra. Comunicado recebido, via WhatsApp, pelas mães através da diretora Centro da Nossa Senhora da Misericórdia na última segunda-feira (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Gerida pela Santa Casa, a creche oferece educação em regime integral e cinco refeições diárias orientadas por nutricionistas para as crianças, que ainda contam com acompanhamento psicológico, aulas de dança, capoeira e recreação, custeadas parcialmente através do convênio com a Secretaria Municipal de Educação (SMED). Para a garçonete Vânia dos Santos, 35, o Centro não é apenas uma escola, mas o único local com certeza de qualidade e proximidade em que consegue manter a filha Iasmin, de 3 anos de idade, enquanto trabalha. >
“Tinha comida, tomava banho, tinha brinquedo. Tudo era lá, eu podia trabalhar despreocupada. Mas, se eu for pagar do meu dinheiro, eu não tenho condições. Então, tiraram isso aí da minha filha e ela está arrasada. Foi um trabalho para ela se adaptar na creche e de uma hora para outra não explicaram nem por que estão fechando”, desabafa. >
Em nota de esclarecimento, a Santa Casa da Bahia apontou que decidiu instalar um novo projeto no prédio onde funciona o Centro de Educação Infantil Nossa Senhora da Misericórdia, pensando em ampliar e diversificar o atendimento à comunidade do Bairro da Paz. Segundo informam, um comunicado foi entregue em mãos aos familiares, esclarecendo a mudança e garantindo a matrícula para que todas as crianças possam continuar a ser assistidas nas outras cinco creches administradas pela Santa Casa no Bairro da Paz. >
Diarista e mãe de uma menina de 2 anos que já havia sido matriculada para frequentar a creche em 2023, Jucimarara de Andrade confirma que houve asseguramento da transferência para outro centro do bairro, mas reclama da falta de comunicação e planejamento. “Eles falaram em cima da hora. Não tivemos escolha de colocar nossos filhos em outra creche. Vão colocar as crianças em outros centros e vão superlotar os outros centros. A covid está aí, batendo na porta. Não vai ter suporte para as crianças”, aponta. >
Com o fechamento do Centro da Nossa Senhora da Misericórdia e a transferência para outros centros do bairro, o risco de lotação não é a única questão que preocupa as mães. Organizadas, elas costumavam se revezar a cada semana para buscar e levar as crianças até suas casas, uma vez que a creche era perto de suas casas. Agora, o percurso de Fabrícia, que durava 5 minutos, será de 25 minutos até a unidade mais próxima, para onde seu filho foi realocado. >
A supervisora administrativa ainda se aflige com a possibilidade de seu filho e a outras crianças não se adaptarem à nova creche. “Se é difícil para nós, mães, imagine para as crianças conseguirem se adaptar a outro local e de repente receber essa notícia de que vão ter que conhecer novos coleguinhas e professores. A criança não vai conseguir captar, entender e aceitar isso de imediato. É muito difícil para eles”, lamenta. >
Indignadas com a situação, cerca de 17 mães se organizaram em um protesto na Avenida Paralela na última segunda-feira (26). “Nós queremos uma providência. Se falassem antes de matricularmos, já ficaríamos sabendo e nos programávamos. Nós nos organizamos, não deixamos para colocar nossos filhos na creche em cima da hora”, enfatiza Fabrícia. >
Ainda, uma reunião para averiguar quem teria a disponibilidade para sanar a questão está programada para acontecer no Conselho de Moradores do Bairro da Paz nesta quarta-feira (28), às 19h, na sede do Conselho. >
*Com a orientação da subeditora Fernanda Varela>