Martagão Gesteira faz metade das cirurgias cardíacas em crianças na Bahia

Em breve, hospital espera fazer transplante cardíaco pediátrico

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  • Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2020 às 14:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O Hospital Martagão Gesteira, em Salvador, responde por metade de todas as cirurgias cardíacas pediátricas feitas na Bahia pelo Sistema Única de Saúde (SUS). Dados do Ministério da Saúde apontam que, até 2016, a unidade não conseguia fazer mais do que 120 cirurgias cardíacas por ano - número exigido para que o local seja considerado referência. Em 2017, o marco foi alcançado e o númro aumento para 176 em 2018 e mais de 200 crianças operadas em 2019. Em um futuro breve, o hospital espera fazer transplante cardíaco pediátrico.

Para dar conta de realizar mais 200 cirurgias por ano, o Martagão faz, em média, 20 procedimentos do tipo por mês. São cinco turnos cirúrgicos por semana e três equipes de cirurgia cardíaca. Há, ainda, uma equipe de hemodinâmica que fica responsável por fazer os cateterismos cardíacos pediátricos.

"Além do quantitativo, o mais importante é o aumento da complexidade. Sabemos do número de dias que essas crianças ficam esperando uma regulação. Crianças nascem com cardiopatias graves. Elas não têm condições de ir para casa e ficam na tela de regulação esperando 10, 15, às vezes, 30 dias por uma vaga de cirurgia cardíaca. Quanto mais tempo ficam esperando, a mais complicações elas estão sujeitas e maior o risco cirúrgico", afirma a coordenadora do Serviço de Cardiologia do hospital, a cardiologista pediátrica Mila Simões.

Segundo ela, em geral, quando uma criança é diagnostcada com uma cardiopatia que necessidade de cirurgia, ela não pode ir pra casa. Muitas vezes, precisam até de medicamentos para permanecerem vivas até a realização da cirurgia."A grande maioria está dentro de uma UTI pediátrica ou neonatal, esperando uma vaga. São crianças realmente em condições críticas, que quanto mais tempo aguardam acabam tendo sua condição clínica deteriorada", explica.A maior parte das cirurgias feitas são de cardiopatias congênitas - há cerca de 200 tipos e uma incidência alta desse tipo de doença: para cada 100 crianças nascidas vivas, uma é cardiopata, apontam dados do Ministério da Saúde. Segundo a médica, 85% desses casos necessitam de cirurgia que, na maioria das vezes, é a única alternativa a essas crianças.

Para conseguir aumentar a capacidade de realização de cirurgias, toda a equipe recebeu capacitação a partir de 2017. "Tínhamos equipes cirúrgicas capacitadas, mas a cirurgia cardíaca não depende apenas delas. Depende de um diagnóstico pré-operatório preciso, de uma qualidade de assistência, desde a enfermaria da pediatria à cardiopediatria, equipes de anestesistas capacitados para realizar cirurgia cardíaca, e de uma UTI pediátrica e neonatal experiente", explica a coordenadora.

Para a realização dessas cirurgias são necessários equipamentos de alta tecnoloia. "Precisamos de aparelhos de alta tecnologia para o diagnóstico, sendo indispensáveis os aparelhos de ecocardiograma e alta qualidade no tomógrafo. Estamos batalhando, por exemplo, para o sonho de conseguir uma ressonância cardíaca", declarou.