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Amanda Palma
Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 14:08
- Atualizado há 2 anos
Operação Força Amiga contra o mosquito Aedes aegypt (Foto: Marina Silva)Vestidos para guerra, grupos de Fuzileiros Navais circulavam pelo bairro da Liberdade na manhã desta segunda-feira (15). Eles estavam com suas armas em mãos para atacar o seu inimigo mais atual: o Aedes aegypti. As armas, na verdade, são os larvicidas utilizados pelo Centro de Controle e Zoonoses (CZZ) para exterminar os focos do mosquito que é capaz de transmitir Zika, Chikungunya e dengue.
Uma das casas visitadas pelo grupo foi da securitária Carla Farias, 47 anos, que já teve Zika. Lá, nenhum foco foi encontrado. Com uma avó de 106 anos em casa, ela diz que todo cuidado é pouco para evitar a infestação do mosquito em casa. “A gente não deixa acumular a água em nenhum local. Tiramos os pratinhos dos caqueiros para não deixar poça”, contou. Equipes farão um trabalho educativo e eliminarão focos do mosquito em pontos turísticos, praças, estacionamentos, universidades e shoppings (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) Até as vasilhas de água dos cachorros passam por constante limpeza e não ficam expostas. “Os cachorros não ficam aqui sempre, então, as vasilhas são sempre limpas e trocamos a água quando eles estão aqui”, completou. Dentro de casa, o combate é reforçado com uso de repelentes.
A preocupação de Carla é com um terreno abandonado que fica atrás da sua casa. “Sempre que passeamos com os cachorros, vejo que tem um acúmulo de lixo e acho que ali tem um foco”, afirmou. E locais como esse são o foco das equipes mistas, formadas por militares e agentes de endemias.
“Nós estamos atacando principalmente as áreas que a Secretaria de Saúde colocou como prioritárias, onde o problema é mais grave. E eles foram dividindo as áreas entre as organizações militares”, explicou o comandante da Marinha Flávio Almeida.
OrientaçãoA cidade foi dividida em três áreas e cada uma delas ficou com uma Força Armada. Mas todos os bairros já começaram a receber visita dos militares nessa segunda. “A Marinha ficou com a parte do Centro Antigo e todo Subúrbio Ferroviário. Então, hoje já temos equipes em Coutos, Plataforma, Paripe e no centro da cidade. Essa terceira etapa vai até quinta, em paralelo com a quarta etapa, que são as palestras em escolas das regiões que atuamos”, completou.
Já na casa da aposentada Sônia Maria Carvalho, 74, um caqueiro de plantas escondia uma poça de água. “É que acabei de chegar em casa e as planta estavam muito secas, acabei de molhá-las”, justificou a dona de casa. Dona Sônia foi orientada por um fuzileiro naval a fazer furos em um balde que servia como base do caqueiro para ajudar que a água escorresse.
“Eu acho uma ótima iniciativa que eles venham ajudar a gente e orientar também”, completou a aposentada, que se comprometeu a manter a vigilância no combate ao mosquito. Nessa área, 400 militares já estavam nas ruas atuando com larvicidas e dando orientações à população. “A gente só vai ter um bom resultado caso a população se engaje no que está acontecendo e contribua com as ações”, afirmou o comandante Flávio Almeida.
De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, Isabel Guimarães, 80% dos focos do mosquito em Salvador estão em imóveis. "Quando a gente faz o levantamento, vê que a maioria não é nas ruas, é nas casas. Se as pessoas se conscientizarem e tomarem as medidas que nós repetimos, a gente vai conseguir chegar no objetivo. Porque não vai resolver o problema de forma individual. Tem que ser uma coisa coletiva", disse Isabel.
CamufladosAo mesmo tempo, em outra parte da cidade, os militares chamavam a atenção nas ruas da Pituba com as roupas camufladas. Lá, um foco do Aedes foi encontrado em uma casa logo no início da manhã. Uma amostra da água foi colhida e será enviada para um laboratório, que vai analisar se a larva estava infectada com algum vírus.
Segundo o comandante da Escola de Formação Complementar do Exército e Colégio Militar, Coronel Carlos Hassler, a população tem ajudado no trabalho de combate. “A população está sendo muito solícita e também nos indica os locais onde existem possíveis focos”, afirmou.
Apesar disso, algumas residências recusaram a entrada dos agentes junto com as equipes. “A presença do Exército nos ajuda bastante, porque muitas pessoas ficam em dúvida se nós somos mesmo da prefeitura ou não. Mas ainda assim acontece a recusa, o que atrapalha nosso trabalho”, explicou o coordenador do distrito Barra/Rio Vermelho da CCZ, Reginaldo Fernandes.
Um dos locais visitados foi o Edifício Residencial Fernandes, no Parque Júlio César, na Pituba. Lá já teve foco do mosquito e um dos moradores já teve Zika. Os agentes fizeram uma busca minuciosa na garagem, playground e na área da piscina, onde foram encontradas algumas situações de risco, mas nenhuma larva.
Na mesma rua, a poucos metros, a casa da cerimonialista Rose Leal, todo cuidado é pouco. As plantas não têm mais pratinho e a água nem se acumula nas telhas. “Ela desce direto para essa vala e vai para a rua. Estamos bastante atentos para não descuidar”, contou.
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