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Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2022 às 12:38
Sepultado nesta segunda-feira (19), no Cemitério Ordem 3ª de São Francisco, o estudante Paulo Henrique Garcez dos Santos Dória, de 21 anos, compartilhava com as outras duas vítimas do acidente de trânsito na Avenida Paralela, na madrugada de domingo (18), a paixão por carros. A professora Taís Cabral, 28, que tinha dado aulas tanto a Paulo Henrique como a Arthur Silva Batista de Almeida, 26, e Henrique Maurino Cândido Reis, 23, afirmou estar ‘sem chão’.>
“Perder três alunos é muito forte. Ainda mais, eles simplesmente morrerem por uma coisa que eles amavam: carro”, desabafou Taís, que tinha estado com Paulo até o sábado (17), na instituição de ensino onde ele estudava. "Um aluno extremamente prestativo, educado, presente e companheiro de todo mundo", definiu a professora. Ela também era mais próxima de Henrique, conhecido como 'Parma' e a quem chamou de 'superinteligente'.>
Bastava olhar o entorno da sala 3 do cemitério, onde foi velado o corpo de Paulo, para ter noção de quanto ele era querido: dezenas de pessoas choravam, lamentavam e questionavam o fato de o estudante ter morrido tão cedo. No caminho até a sepultura, as músicas religiosas cantadas pelos presentes pareciam lhes servir de consolo.>
De acordo com seu pai, o profissional de segurança Paulo Roberto Dória, 57, além de filho único, ele era o 'braço-direito' da mãe, que gritava a dor de uma perda irreparável. "A mãe dele passou uma fase ruim, do falecimento do irmãozinho dele, recém-nascido [anos atrás]. Ela teve uma fase que esteve desempregada, e ele foi quem assumiu a responsabilidade pela casa", relembrou, orgulhoso, Paulo Roberto.>
A analista de negócios Adriana Santos, 46, o definiu como 'um menino cheio de sonhos'. "Estava feliz, que tinha tirado a [carteira de] habilitação e estava fazendo o curso dele há um ano", disse ela. Entre esses sonhos, estava um projeto que vinha sendo desenvolvido por Paulo Henrique com colegas do curso técnico de Manutenção Automotiva. "A gente ia montar uma oficina para os próprios donos de veículos mexerem em seus carros", revelou o colega e amigo Vinícius Paixão, 26. Dezenas de pessoas presentes ao sepultamento se despediram de Paulo Henrique aos prantos (Arisson Marinho/CORREIO) Causa do acidente ainda é investigada>
Os três jovens voltavam de uma partida de futebol com colegas de curso no bairro de Pituaçu e tinham parado no meio do caminho, para fazer um lanche. "Todo sábado, a gente pegava esse 'baba', às 20h30. Aí, sempre se estendia até 0h ou 1h, porque nós éramos os últimos [a jogar no local]", contou Vinícius Paixão.>
Segundo o que lhe falou um colega que estava atrás, em outro carro, Paulo tinha pegado carona com Arthur — ao volante — e Henrique para Fazenda Grande do Retiro, onde morava, mas, quando passavam por debaixo do viaduto do CAB, no sentido Iguatemi, um dos pneus do veículo estourou. "Não estavam correndo, bebendo ou fazendo racha", garantiu Vinícius. "Na hora, pensaram que eles estavam fazendo graça, porque o carro começou a 'rabiar'.">
Questionada sobre o motivo do acidente, a Polícia Civil informou que a 11ª Delegacia Territorial (DT/Tancredo Neves) está apurando as circunstâncias do acidente e que "somente os laudos periciais no veículo atestarão a causa da morte".>
Imagens registradas logo após o ocorrido mostraram o carro destruído. Seus destroços se espalharam pela pista, enquanto o que sobrou do veículo estava em cima do canteiro. Não houve outro automóvel envolvido na batida.>
Procurada, a família de Arthur Silva Batista de Almeida não quis comentar o assunto. Já a de Henrique Maurino Cândido Reis não deu retorno até o fechamento da matéria. Amigos das vítimas não quiseram nos dar entrevista sem o consentimento dos familiares. Ambos os jovens foram sepultados ainda no domingo, nos cemitérios Bosque da Paz e Campo Santo, respectivamente.>