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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2009 às 19:29
- Atualizado há 2 anos
Dezoito integrantes de uma organização que articulava os crimes de extorsão e estelionato aos de narcotráfico e comércio clandestino de armas, foram denunciados à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público baiano. A informação foi divulgada pelo MPE nesta quinta-feira (16).>
Dois ex-internos da Penitenciária Lemos Brito (PLB), o estelionatário Antônio Marcelo dos Santos, vulgo “Caolho”, e o traficante Genilson Lino da Silva, vulgo “Perna”, eram os líderes da quadrilha segundo o MP. A denúncia foi encaminhada à 1ª Vara Crime de Salvador com base em inquérito policial da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), interceptações telefônicas, depoimentos e documentação apreendida em operações realizadas pelo MP e pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na PLB.>
EsquemaA quadrilha, de acordo com o Ministério Público, agia de forma extremamente articulada, com pelo menos três núcleos específicos, onde cada um de seus membros tinha uma função específica. O primeiro núcleo era responsável diretamente pela prática dos crimes de estelionato e extorsão, sendo integrado pelos denunciados Antônio Marcelo dos Santos, Joelma Araújo da Silva, Adson Souza Silva e José Carlos Barbosa. >
Antônio Marcelo é acusado de ser o mentor do esquema, responsável por efetuar ligações telefônicas para os contribuintes, solicitando vantagem ilícita para que os valores de débitos tributários de empresas fossem suprimidos ou reduzidos. Para isso, ele se passava por auditor fiscal ou agente de tributos e usava informações privilegiadas e restritas da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz), que eram recolhidas pela empregada doméstica Joelma Silva. >
Segundo os promotores, Joelma fazia cópias dos processos fiscais na casa onde trabalhava, de uma auditora fiscal, colhendo principalmente os nomes das empresas que seriam vítimas da quadrilha, para repassá-los para seu namorado, Adson Souza, considerado o “braço direito” de Antônio Marcelo. José Barbosa, por sua vez, tinha a função de receber os produtos dos estelionatos e encaminhá-los para o líder da quadrilha.>
O segundo núcleo criminoso apontado pelos promotores do Gaeco era formado pelo agente penitenciário Antônio Fernando da Silva Barros e mais Robson Almeida Santos, Marcelo da Silva Santos, André Sales Souza, Rodson de Jesus Gomes, Fábio Luís da Silva e Marcelo Diego do Carmo Sales, responsáveis por ceder suas contas bancárias para que nelas fossem depositadas os valores recebidos dos estelionatos e extorsões, em troca de um percentual do lucro auferido com os delitos. >
Menor, mas de acordo com o MP “de repercussão violenta”, a terceira quadrilha atuava no comércio clandestino de armas e munições e associação ao narcotráfico, sendo encabeçada pelos presidiários Antônio Marcelo dos Santos, Genilson Lino da Silva e Ivan Pereira da Silva, mais Ailton Cruz Couto, que atuava como se fosse o “mordomo” de Antônio Marcelo, comprando para ele bebidas alcoólicas, alimentos e perfumes, tomando conta do apartamento do estelionatário, realizando saques e gerenciando “a máquina criminosa”.>
De acordo com o Ministério Público, também integrava a quadrilha o denunciado Antônio Carlos Paulo, chegando até a desviar uma linha telefônica da Sefaz para o seu celular; Maiara Alves da Cruz, responsável pelo abastecimento dos criminosos com dinheiro e chips de celulares; Samuel Costa da Silva, que alugou a mando de Antônio Marcelo um apartamento no bairro da Pituba para servir de “escritório” da organização criminosa; e Everaldo Almeida dos Reis, vulgo 'Naja', incumbido de conseguir comparsas que colocassem à disposição da quadrilha suas contas bancárias.>
Lemos BritoNa denúncia, os promotores de Justiça qualificam a PLB como uma “universidade do crime”, que reúne “os bandidos da pior espécie” da Bahia e de onde são dadas “as ordens aos crimes mais bárbaros que são praticados no estado, especialmente na Região Metropolitana de Salvador”. >
O MP pede a condenação dos denunciados pelos crimes de extorsão, estelionato, formação de quadrilha, comercialização ilegal de armas de fogo, tráfico de drogas, dentre outros.>