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Mulheres no volante: conheça mulheres que conquistaram espaço como motoristas de ônibus em Salvador

CORREIO entrevistou duas das 110 mulheres que conseguiram emprego como motorista de ônibus em Salvador nos últimos três anos

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 06:00

Adriana Ferreira e Marília Mota Crédito: Jefferson Peixoto/Secom PMS

Nas brincadeiras de infância que exigiam a escolha de uma profissão, Adriana Ferreira, 40 anos, nunca optou por ser atriz, professora ou médica. Tinha claro, desde cedo, que queria ser motorista de ônibus, o mesmo trabalho exercido pelo tio que chegava em casa contando os casos mais irreverentes. De início, ela acreditou que esse objetivo era praticamente inalcançável, mas nunca deixou de tentar. Foi cobradora por mais de uma década, até que, em 2022, foi contemplada com uma oportunidade que a tornou uma das 110 motoristas de ônibus do sexo feminino a ingressar no ramo em Salvador desde então.

A oportunidade em questão surgiu através do programa Mulheres no Volante, iniciativa idealizada pelas secretarias municipais de Mobilidade (Semob) e de Políticas para as Mulheres e Juventude (SPMJ). Adriana recebeu um curso para realizar a mudança gratuita de categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e uma qualificação para dirigir os ônibus do BRT, além de se tornar apta para dirigir o transporte coletivo urbano do município.

Antes da capacitação, ela conta que estava há mais de dez anos fora do mercado, período em que se dedicou aos cuidados da primeira filha e a trabalhos informais. Àquela época, ela já acumulava dez anos de experiência como cobradora, o mais perto que acreditava que chegaria da profissão de motorista rodoviária.

“Fui trabalhar como cobradora porque não tinha oportunidade como motorista, já que eles não trabalhavam com mulheres. Quando deixei tudo por conta da minha filha, precisei ser autônoma. Vendi roupa, fiz entrega e vendia loteria. Às vezes, a conta fechava, às vezes, não. Como eu tinha uma casinha que queria melhorar, fiz muita dívida no cartão de crédito”, relata.

A casa, que fica no Alto da Terezinha, na Suburbana, deixou Adriana em uma situação financeira delicada, mas ela não se deixou abater. Através dos trabalhos que encontrava, conseguiu quitar a dívida e limpar o próprio nome, mas se deu conta que ainda queria realizar seu maior objetivo.

Ela relembrou a infância, as histórias do tio e o fascínio por trabalhar com gente que ele despertou. “Quando ele pegava o ônibus, eu ficava observando e pensava que eu não me via trabalhando em nenhum local fechado. Eu gosto de trabalhar com o público, gosto de lidar com pessoas. Não tem sensação melhor do que todo dia estar para lá e para cá, eu não fico quieta”, diz.

Adriana Ferreira é motorista do transporte coletivo municipal de Salvador desde fevereiro deste ano Crédito: Jefferson Peixoto/PMS

Depois de ser avisada sobre o programa pelo Senac, Adriana se concentrou na capacitação e, em fevereiro deste ano, começou a circular pelas ruas de Salvador. “O primeiro dia foi tenso. Me surpreendi com o tamanho, porque um carrinho pequeno dá para tirar de letra. Um ônibus com 14 metros exige toda atenção para não poder encostar em nada, mas eu tirei de letra. Muita gente elogiou e levantou o meu ego”, celebra.

Desde que começou no emprego que tanto almejava, Adriana avalia que a vida ficou mais leve. “O programa significou tudo na minha vida profissional. Agora, tenho carteira assinada, pude colocar minha filha em um plano de saúde, fazer melhorias em casa e consegui fazer uma viagem de lua de mel nas férias, que era uma vontade que eu tinha há muito tempo”, frisa.

Assim como ela, Marília Mota, 42 anos, moradora do Parque São Bartolomeu, teve a vida transformada pela iniciativa municipal. Ela, que já estava há dez anos desempregada, já não tinha mais esperança de se inserir novamente no mercado de trabalho, mas resolveu arriscar mesmo assim e foi aprovada.

“Confesso que não acreditava nessas propostas nas redes, sempre achei que fossem fraude, mas chegou em meu e-mail tudo certinho. Eu levei a documentação e era tudo real. Desde então, o programa deu minha liberdade financeira. Voltei a cursar a faculdade de odontologia, trabalho em um turno que me sinto bem, com carga horária que consigo elaborar outras atividades, em uma empresa que me acolheu. Sou só gratidão”, afirma.

Marília Mota conseguiu se reinserir no mercado de trabalho após uma década desempregada Crédito: Jefferson Peixoto/PMS

Por conta do programa Mulheres no Volante, Salvador foi selecionada como finalista nacional do Prêmio Parque da Mobilidade Urbana 2025, na categoria “Iniciativas Públicas que Inovam e Transformam”.

A capital baiana concorre com as cidades de Itabirito (MG) e Recife (PE) à premiação, promovida pela Plataforma Connected Smart Cities & Mobility, que reconhece ações inovadoras com impacto positivo na eficiência, segurança, mobilidade e inclusão social. A cerimônia será realizada no dia 25 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.