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‘Não sei o que vou fazer’, diz grávida de cinco meses que perdeu tudo após desabamento no Uruguai

Edificação de três andares desabou por acúmulo de objetos e vícios de construção; ninguém ficou ferido

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 17 de junho de 2025 às 19:40

Valdelícia Evangelista, 24, em frente à casa desabada
Valdelícia Evangelista, 24, em frente à casa desabada Crédito: Marina Silva/CORREIO

“Não sei o que vou fazer, ainda mais com uma criança”, diz a dona de casa Valdelícia Evangelista, 24, grávida de cinco meses, que morava com o namorado no terceiro andar do imóvel que caiu no Uruguai na noite desta segunda-feira (16). Além de geladeira, fogão, TV, máquina de lavar e até roupas, ela perdeu parte do enxoval que preparava para o bebê que está a caminho. Valdelícia morava na casa há cerca de dois anos.

Pai da jovem, o catador de materiais recicláveis e trabalhador informal Sizinho dos Santos, 55, que também vivia na edificação, disse que comprou o imóvel há cerca de quatro anos e conta que também perdeu praticamente tudo que tinha em casa. “Foi geladeira, fogão. Só não perdi a televisão, porque saí com ela debaixo do braço. Para salvar ela eu não salvei nenhuma peça de roupa para vestir. Eu estou com a de ontem”

Sizinho diz que ouviu estalos no prédio há alguns dias. “Há três dias atrás a gente saiu de dentro do prédio e ficou embaixo para ver o que estava acontecendo. De ontem para hoje, o prédio estalou forte e desceu todo”, relembra. Segundo Valdelícia, a família não tem onde ficar depois do desabamento. Vizinhos relataram que Sizinho é um acumulador e tem o costume de deixar muitos materiais em sacos plásticos no imóvel. “A gente não pode falar as coisas, porque ele [Sizinho] não gosta, mas é muita coisa ali em cima, muito peso”, disse um homem que não quis se identificar.

Sizinho dos Santos, 55, mostra os escombros do imóvel
Sizinho dos Santos, 55, mostra os escombros do imóvel Crédito: Marina Silva/CORREIO

“Quando deu seis horas, ouvi aquele estalo bem alto, parecendo que era bomba”, diz a vendedora Carla Piedade, 49. A mulher é dona da lanchonete que ficava no térreo do imóvel. Depois de ouvir o som de partes do prédio caírem na marcenaria ao lado, ela alertou Sizinho de que o prédio poderia desabar. “Ele ficou nervoso e começou a andar de lá pra cá dizendo que precisava subir pra pegar algumas coisas. Eu falei ‘desça daí que eu estou ouvindo estalar’ e desceu”, relembra Carla.

Mesmo em alerta com a chance de desmoronamento do imóvel, Carla decidiu ir à igreja. Quando estava prestes a voltar para casa, que fica na mesma rua, recebeu a ligação da filha, grávida de 9 meses, que falava com a voz trêmula. De início, Carla pensou que a filha estaria entrando em trabalho de parto, mas logo soube que seu único sustento havia sido destruído.

Carla Piedade, 49, teve a lanchonete destruída após desmoranamento
Carla Piedade, 49, teve a lanchonete destruída após desmoranamento Crédito: Marina Silva/CORREIO

“Tudo depende de mim, é dessa mão aqui”, conta, apontando para a própria palma. Mãe de sete filhos e responsável por sustentar a família sozinha, Carla perdeu geladeira, fogão e vitrines que havia comprado para vender bolos durante os festejos de São João. “Pelo menos Deus botou a mão e não foi ninguém, só tenho a agradecer”, diz.

Além da comerciante, o marceneiro José Jorge Almeida, 60, também sofreu prejuízos com o desabamento do imóvel de três andares. Ele estava instalando portas na casa de um cliente quando recebeu a notícia de que os escombros atingiram a área onde costumava descansar. Duas de suas máquinas de grande porte usadas para cortar madeira foram soterradas pelos escombros.

José Jorge Almeida, 60, observa os escombros em sua marcenaria
José Jorge Almeida, 60, observa os escombros em sua marcenaria Crédito: Marina Silva/CORREIO

José herdou a marcenaria de seu pai há mais de 30 anos e apesar dos estragos causados pelo incidente, está esperançoso de que vai reconquistar os materiais para reerguer a oficina. “A gente se sente desamparado. Porque você tem uma coisa, há um bocado de tempo e vê se destruir assim de uma hora para outra. Ninguém se sente bem. Mas graças a Deus, ninguém se machucou e vamos botar a força para frente”, diz.

Uma vistoria da Defesa Civil de Salvador (Codesal) apontou que o imóvel desabou por vícios construtivos e excesso de carga por conta do acúmulo de objetos no andar superior. A demolição das partes comprometidas e que oferecem riscos às casas vizinhas foram solicitadas à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur). A autarquia ainda vai programar a demolição. Os ocupantes do imóvel farão cadastro na Codesal para serem realocados e receberem auxílios após análise. Ninguém ficou ferido.

Escombros do imóvel que desabou no Uruguai por Marina Silva/CORREIO

Você pode ajudar as vítimas do desabamento com doações no PIX:

Carla Piedade dos Santos

PIX: 71993734842

José Jorge Almeida dos Santos

PIX: 71988498931

Valdelicia Evangelista de Sena

PIX: 71996751264