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Gilberto Barbosa
Publicado em 17 de junho de 2025 às 21:08
Cerca de um milhão de pessoas são esperadas na segunda edição da Marcha Nacional das Mulheres Negras, realizada no dia 25 de novembro, em Brasília. Em preparação para o evento, o comitê nacional da passeata promoveu, na noite desta terça-feira (17), o Encontro de Jornalistas Negras de Salvador, no bairro do Rio Vermelho. >
“Essa é uma noite para firmarmos uma grande aliança. A marcha é para e por todas nós. Nós, mulheres negras, somos as mais habilitadas para conduzir essa nação, porque sabemos como conduzir esse processo. [...] Queremos reparação, porque a nossa história exige isso. Não dá para continuarmos, sem o reparo dos danos feitos à nossa comunidade e ao nosso povo”, falou, na abertura do evento, a ativista Valdecir Nascimento. >
Segundo Alane Reis, integrante do comitê, o encontro também ocorre em outras cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e tem o objetivo de dialogar sobre a marcha e alinhar o compromisso com a igualdade de raça e gênero nos diversos espaços da sociedade. >
“Os diálogos ocorrem nas capitais onde as mulheres negras estejam mais presentes nas redações. Queremos chamar essas comunicadoras para serem nossas aliadas e refletir sobre o que é ser uma jornalista negra no tempo atual. Esse é um espaço que visa propor reflexões e fortalecer tanto a presença delas nas redações, quanto o nosso movimento”, explicou. >
Alane também explica que a marcha traz dois temas para o debate: reparação e bem-viver. A reparação tem o objetivo de criar uma reflexão sobre como o processo de construção histórica do Brasil resultou em diversas desvantagens sociais para as pessoas negras. >
“O Brasil precisa reconhecer isso, em conjunto com um movimento mundial. Mais do que desculpas, precisamos que o estado se comprometa com políticas que garantam a igualdade. O bem-viver busca pensar uma sociedade em que a vida plena e o bem-estar esteja posto para todas as pessoas”, completou. >
A primeira edição da passeata ocorreu em 2015 e reuniu mais de 100 mil mulheres na ocasião. A programação do evento começa no dia 20 de novembro e conta com encontros internacionais com ativistas de diversos países. Em julho, a organização realizará passeatas em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, no dia 25. >
“A marcha [de novembro] visa sensibilizar a sociedade brasileira sobre a importância de todos os setores serem comprometidos com o combate ao racismo e à desigualdade de gênero. Ela vem sendo construída no mundo inteiro, com essas mulheres vindo conversar sobre as suas realidades locais, pensar a geopolítica global e como nós estamos inseridas”, finaliza Alane. >