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Publicado em 8 de novembro de 2016 às 10:30
- Atualizado há 3 anos
No século XVIII, quando o Palácio Arquiepiscopal de Salvador foi construído na Praça da Sé, os grandiosos salões da edificação abrigavam nomes dos mais influentes da Igreja Católica no Brasil. A partir do mês de julho do ano que vem, quem visitar o prédio, em obras de restauração desde março de 2015, poderá conhecer dois quartos dedicados a alguns desses nomes.>
O primeiro será em homenagem ao padre Antônio Vieira, jesuíta português que chegou a Salvador em 1614 e tornou-se padre 20 anos depois. A expectativa da Arquidiocese de Salvador é que o segundo faça uma homenagem a dom Sebastião Monteiro da Vide, arcebispo de Salvador à época da construção e responsável pelo primeiro documento que regulava a vida religiosa na colônia – as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, de 1707.>
Os dois quartos farão parte do Museu da Igreja no Brasil, de acordo com o atual arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. “O segundo andar do Palácio vai ser um museu, o Museu da Igreja no Brasil, porque tudo começou aqui, inclusive teremos um quarto do Padre Vieira e estamos querendo também um quarto para o bispo que construiu o Palácio, dom Sebastião Monteiro da Vide”, disse ao CORREIO.>
Segundo dom Murilo, ainda não há um projeto detalhado para cada quarto, já que a decisão sobre a divisão dos quartos é recente, aconteceu esta semana. "Agora é que os técnicos farão os devidos estudos para ver como os espaços do Palácio da Sé serão ocupados", disse.>
A reforma do Palácio Arquiepiscopal de Salvador foi anunciada em julho de 2014 pela Arquidiocese da capital e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), uma vez que a construção do século XVIII é tombada como patrimônio histórico desde junho de 1938. O custo total anunciado para a obra de recuperação do Palácio foi de R$ 18 milhões.>
De acordo com o Iphan, embora o órgão tenha aprovado o projeto e esteja acompanhando as obras, a execução está sendo realizada por terceiros e a captação de recursos para a sua viabilização é realizada por meio da Lei Rouanet. "O Iphan tem conhecimento e aprovou tanto o projeto do museu quanto o espaço de eventos", explicou a assessoria de imprensa do instituto. Recém-restaurada, a Igreja de São Domingos, no Pelourinho, terá um salão de eventos que poderá ser alugado com o intuito de ajudar a manter o lugar.Obras de restauro do Palácio foram anunciadas em julho de 2014(Foto: Marina Silva / CORREIO)Menos de um ano depois do início da reforma, em março de 2015, dom Murilo convocou a comunidade e patrocinadores e pediu ajuda para a conclusão das obras. Segundo ele, o espaço ainda depende de verba, mas a situação melhorou e agora a expectativa é que a parte de restauração fique pronta até meados de março de 2017. Entre março e julho, deverá ser feita a montagem do espaço, que funcionará, além de gabinete do bispo, como museu.>
“A parte de baixo será para a preservação de documentos em papel. O segundo andar vai ser o Museu da Igreja no Brasil e em cima vai ter a sala do bispo para quando for receber alguém e salas para exposição. Então, realmente vai ficar um espetáculo e acreditamos também que vai ficar tudo pronto aí por junho ou julho, essa é a nossa esperança”, completou dom Murilo.Catedral BasílicaTambém em obras de restauração desde o primeiro trimestre de 2015, a Catedral Basílica de Salvador deveria ter sido entregue em agosto deste ano. Mas a falta de verba atrasou a obra que, segundo dom Murilo Krieger, deverá ser entregue também em março do ano que vem.“Era pra ter ficado pronta em agosto desse ano, mas o nosso problema são as verbas, a igreja é um prédio tombado, às vezes atrasa e a empresa não tem condição de ficar tocando muitos meses sem as verbas. Mas agora deu uma melhorada, temos uma perspectiva de até março reabrir”, disse o arcebispo.>
É na Catedral Basílica – chamada oficialmente de Catedral Primacial do São Salvador – que o bispo faz suas celebrações. “Se há alguém que está desejoso sou eu, porque lá é a igreja do bispo e eu estou triste de não estar podendo celebrar. Mas, por outro lado, vendo a obra que está sendo realizada, eu cheguei à conclusão que a cidade não conhece a beleza que tem, porque é uma igreja belíssima. Agora, com a restauração, aspectos que estavam escondidos pela escuridão do tempo estão aparecendo. Vai ser um orgulho”, declarou.>
Em junho do ano passado, quando trabalhava na restauração, o mestre de obras, Seu João, encontrou 13 crânios humanos aparentemente sem identificação no retábulo do altar. Foi considerado o principal achado histórico da restauração da Igreja, erguida no século XVII e tombada como patrimônio histórico nacional em maio de 1938.[[galeria]]>