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'Pessoa ímpar': amigos e familiares se despedem do produtor cultural Sergio Roberto

Idealizador da Noite da Beleza Negra, do Ilê Aiyê, será homenageado na 42ª edição do evento

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  • Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2023 às 19:14

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O velório do produtor cultural Sergio Roberto dos Santos, nesta segunda-feira (23), no Cemitério Parque Bosque da Paz, foi rodeado de muita emoção. Apesar da inevitável tristeza presente nos rostos, o que se sobressaiu da saída da sala de número 6 até o crematório do cemitério foi a profunda admiração pela pessoa e pelo legado que deixa Sergio Roberto. Sucessos da MPB como ‘Como É Grande O Meu Amor por Você’ e ‘Canção da América’, entoados pelas dezenas de amigos e familiares do produtor, traduziam o sentimento daquela despedida. 

Idealizador da Noite da Beleza Negra, do bloco afro Ilê Aiyê, Sergio morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Nascido e criado no bairro do Curuzu, em Salvador, ele foi membro da primeira diretoria do Ilê e conselheiro do Olodum, além de pioneiro na luta LGBTI+. Sobrinha do produtor, a secretária estadual da Igualdade Racial e dos Povos Tradicionais (Sepromi), Ângela Guimarães, classificou a perda como ‘irreparável’. 

“Ele foi uma das pessoas fundamentais para afirmar esse lugar da população negra na nossa formação social, cultural e histórica; a importância da nossa auto-organização; e o enfrentamento do racismo onde quer que se manifestasse”, avaliou Guimarães, que ressaltou a contribuição de seu tio para a cultura. “Ele não ficou parado no tempo: foi precursor, mas foi também contemporâneo e olhou para o futuro”, disse ela. 

'Pessoa ímpar’ 

Bastante emocionado ao falar de Sergio Roberto, o cantor Aloísio Menezes, do Cortejo Afro, o definiu como uma pessoa ‘ímpar’ em todos os âmbitos da vida. “Não existia outro Sergio igual a esse aí: Sergio era um conselheiro, um amigo, um crítico das artes”, resumiu Menezes, que não deixou de falar de sua importância para a arte negra. “Sergio era uma pessoa muito especial na vida de todos nós do Ilê, do Olodum, do Cortejo Afro; onde teve negro fazendo arte, ele sempre esteve presente incentivando”, relembrou o artista. 

Amazonense radicada na Bahia há mais de 30 anos, a jornalista Wanda Chase contou que conheceu Sergio Roberto em 1980, na Serra da Barriga, em Alagoas, onde ficava a sede do Quilombo dos Palmares. “Quando eu vim morar em Salvador, eu não tinha nada; eu tinha Roberto e alguns poucos amigos. [...] Roberto me deu uma mesa com quatro cadeiras, uma geladeira, um fogão e algumas panelas”, recordou-se, com gratidão, Chase. “Com Roberto, eu aprendi muito. Ele me deu muito carinho, afeto e orgulho”, afirmou a jornalista. 

Homenagens 

Aloísio Menezes prometeu homenagear o amigo durante o ensaio do Cortejo Afro nessa segunda (23) à noite, no Pelourinho. “Foi uma figura que teve uma representatividade muito grande nos nossos movimentos. Ele estava sempre dando ideias pra gente, e isso vai fazer muita falta”, lamentou-se Menezes. Como esperado, a 42ª edição da Noite da Beleza Negra, a ser realizada neste sábado (28), também contará com uma homenagem a seu idealizador. 

Noite da Beleza Negra 2023 

A 42ª Noite da Beleza Negra acontece a partir das 20h, quando 14 candidatas sobem ao palco da Senzala do Barro Preto, no Curuzu, em busca do título de Deusa do Ébano 2023. Entre os critérios, estão o nível de consciência cidadã quanto ao papel da mulher negra na sociedade e a performance em dança afro. A vencedora fará sua estreia oficial no Carnaval deste ano, quando o Ilê Aiyê dedica o seu tema ao centenário do angolano Agostinho Neto.