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Prefeito apresenta projeto para urbanizar área das dunas de Itapuã

Projeto prevê construção de auditório, áreas de lazer e espaço para religiosos

  • D
  • Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2022 às 11:45

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Maysa Polcri

A prefeitura apresentou o projeto de urbanização das Dunas de Itapuã, ao lado da Avenida Dorival Caymmi, nesta quinta-feira (10). O projeto inclui a construção de um espaço para receber os religiosos que frequentam o local e também estruturas para práticas esportivas. A ideia inicial era assinar a ordem de serviço para a obra, mas isso não aconteceu.

 Segundo a prefeitura, as obras atendem às leis ambientais. O projeto, elaborado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), prevê a construção de uma sede, sanitários, auditório, iluminação, macro e microdrenagem, recantos e mirantes. 

"Hoje os gestores têm que seguir as regras e as leis ambientais. Estamos harmonizando, preservando as dunas, tudo está sendo feito com harmonização, respeitando os princípios da lei ambiental. Esse parque está abandonado, e o que a prefeitura está querendo fazer na área de preservação ambiental é preservar um patrimônio nosso", explicou o prefeito Bruno Reis, durante o evento de assinatura.

A execução das intervenções deverá ser coordenada pela Seinfra, por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop). Segundo o titular da Seinfra, Luiz Carlos, quem frequentar a área será orientado sobre a importância da preservação ambiental. "Vamos fazer, onde estamos, um receptivo, para que as pessoas possam se reunir antes de subir [as dunas], um auditório para 50 pessoas, para que recebam orientação do que são as dunas e conheçam a história e o quanto é importante preservar o meio ambiente", explicou.

Protesto Durante o evento, representantes de religiões de matrizes africanas fizeram um protesto questionando a obra da prefeitura. Com palavras de ordem e instrumentos, eles chamaram a atenção das autoridades sobre a construção em uma Área de Preservação Ambiental (APA).

Mãe Jaciara, ialorixá do Terreiro Obassa de Ogum, em Itapuã, participou da manifestação. "Nós não estamos reivindicando nada porque isso aqui é uma área de preservação ambiental e o estado tem que ser laico, não pode vir fazer, praticamente, uma igreja, né? Esse espaço aqui que vai ser construído com uma sala de receptivo, de banheiros, e nós, enquanto povo de religião de matriz africana, nunca fomos acolhidos dessa forma", disse. Os manifestantes defendem que a obra não deveria ocorrer, pelo fato do local ser uma Área de Proteção Ambiental (Foto: Maysa Polcri/ CORREIO) Ela também questiona o impacto da presença de pessoas evangélicas no local. "Eles fazem vigília, estão fazendo impacto ambiental, com lonas, plásticos jogados no chão", relatou.

O prefeito Bruno Reis disse que o espaço é para atender as pessoas de todas as religiões que frequentam as dunas. "Somos a capital da diversidade, a capital da fé. Não há um povo com tanta fé, cabe a todos nós dar as condições para que todos possam demonstrar sua fé de forma livre. É um espaço de todos, para todas as manifestações de fé", argumentou.

Outro grupo que marcou presença no evento foi o Baba da Rua de Itapuã, que desde 1980 realiza jogos de futebol em um campo montado nos pés das dunas. O integrante do baba Pedro Henrique Santos destaca que as atividades no local contribuem para que jovens em situações de vulnerabilidade não entrem no mundo do crime. 

“Faz 42 anos que estamos habitando e brincando aqui, gerações estão sendo criadas aqui através desse campo. Tirando os meninos das ruas e do tráfico de drogas e trazendo para jogar bola aqui, para serem pessoas melhores. Já tinham vindo sondar a gente com um projeto há 3 anos atrás para trazer o Monte Santo para cá, mas não aceitamos”, defende. 

Enquanto o protesto se dava na rua, evangélicos subiam o morro carregando bíblias para fazerem suas orações. Maria da Glória, moradora de Camaçari, conta que sobe o morro para professar sua fé todas as quintas-feiras. “Sempre venho acompanhada dos irmãos da Igreja Vida em Cristo, para orar e adorar o Senhor neste lugar. Hoje viemos fazer uma campanha para apresentar Deus e nos deparamos com esse evento aí”, disse sem ter grande conhecimento do projeto de urbanização. Integrantes do Baba da Rua de Itapuã marcaram presença no protesto (Foto: Maysa Polcri/CORREIO) No início da noite, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, e a secretária municipal de Reparação, Ivete Sacramento, receberam ativistas e representantes de diversos grupos, entre os quais a Frente Nacional Makota Valdina, Voz do Axé e Conselho Municipal da Cidadania Negra, entre outros, para ouvir as reivindicações de cada um. O objetivo da reunião é usar as opiniões para aperfeiçoar o projeto.

Mudança de nome  Outro ponto questionado pelos manifestantes que estiveram presentes no evento é a possível mudança de nome das dunas do Abaeté. O projeto de lei 411/2021, de autoria do vereador Isnard Araújo (PL), prevê que o local passe a se chamar “Monte Santo Deus Proverá”. A justificativa para o PL é “homenagear cada pessoa que professa sua fé e realiza seus cultos no local”.  

Durante o evento, o prefeito Bruno Reis chegou a dizer que a mudança de nome é “fake news”. “As pessoas, para poderem mobilizar e enganar os outros, inventam história. Não há mudança de nome, pelo contrário. O que há aqui é uma preservação desta área, uma área que é da prefeitura.”, afirma Reis.  

O vereador e autor no projeto de lei, defendeu o processo de urbanização do local e defendeu que as mudanças vão tornar as dunas mais confortáveis para as pessoas que vão professar sua fé. “Embora seja laico, o município não é cético e muito menos incrédulo [...] esse projeto é importantíssimo porque temos nesse local, cerca de 5 mil pessoas por semana, e elas ficam aqui de forma empírica e sem nenhum recurso”, explica Isnard Araújo. 

“Longe de mim querer mudar o nome do monte todo, porque vai do Aeroporto até a orla, isso será discutido e é provável que os vereadores façam emenda ou então não aprovem. O que queremos é que esse espaço seja qualificado. Ele [o espaço] já é santo e santo para todos”, disse o vereador.

*com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro